Harmful

12

—Disseste que eu não podia falar... Mas não mencionaste que eu não podia escrever — Sorriu de novo com os seu olhar sincero, o olhar que me condena.

Fiquei completamente caída pela sua atitude, consigo notar todo o seu esforço e carinho.
Sinto alto verdadeiro vindo dele, como se ele estivesse a preocupar-se de verdade e não como se o meu nome fosse mesmo mais um na vida dele. Diferente dos outros, ele quer lembrar-se do meu, da melhor força.
E são estes pequenos gestos românticos vindos da parte dele que me fazem perceber que talvez ele não seja mesmo um rapaz como os outros, porque se fosse já teria desistido. Eu acho.

—És muito imprevisível — Respondi com um sorriso de mesma veracidade ao dele, porém mantive a minha postura neutra, mesmo ao estar a morrer de amores, tinha que mostrar o valor que eu sentia por mim própria, o valor que nenhum homem poderá rebaixar.

Bryson, aproximou-se de mim com um movimento rápido, porém, para contraste eu movi o ombro, mostrando que não estava muito interessada nas suas carícias.

—Natalie, Pensei que já não estavas zangada comigo.

—Bryson, não dá para esquecer de um dia para o outro o que aconteceu! — Olhei para o chão — Esse jeito ''sensual'' de conquistar pode até ser normal para ti, mas para mim não é... — Continuei, desta vez já a olhar para ele — Eu quero que tu me conquistes pela forma como eu mereço ser tratada, de um jeito que faça amar-te cada vez mais. Não de uma forma tão desconfortável como aquela...

—Eu nunca pensei que iria correr daquela forma — Bryson procurava o meu olhar, que já estava de novo no chão

—Nunca puseste isso em causa porque já estás habituado em estar com pessoas "Fáceis", todas aqueles raparigas que são apenas um lugar preenchido na tua vida. Pessoas que tu rapidamente esqueceste. Daquelas que tu só te lembras delas quando vais a uma festa e a vês.

—Nunca foi minha intenção fazer-te sentir daquela forma — Bryson falava tão calmamente que eu comecei a sentir-me de novo segura — Porque isso nunca chegaria nem aos pés daquilo que eu sinto por ti.

—Bryson, eu queria acreditar que isto iria resultar. Em certa parte sim. E juro que todos os dias recolho com todas as minhas forças motivos para acreditar que vai resultar. Mas tu deixas-me com tantas duvidas!

—Natalie... — Bryson virou-me para ele na cadeira, com as suas mãos mais ageis, como se depois do que me fez tivesse aprendido e lição e a partir de então começasse a ter mais cuidado. De seguida, ele próprio ajoelhou-se no chão e ficou a olhar para mim, com uma expressão amorosa no rosto - No amor não se vive só de coisas boas. Isso é óbvio, mas pelo menos eu tenho-te a ti. És tu que fazes com que cada momento da minha vida seja bom e completamente diferente. Só tu —Ele Pousa a sua mão por cima da minha - Eu sei que a culpa foi toda minha, agi de forma estúpida, comportei-me como se fosses uma outra qualquer. Mas, tudo começou quando eu reparei que te estavas a afastar de mim, fiquei com medo de te perder e tomei ações precipitadas! — Passeou os seus dedos na minha cara — Mas eu já percebi que não há alguém como tu. Porque eu nunca fui o tipo de rapaz que se importava com as pessoas que saem ou não da minha vida, mas contigo foi diferente, pela primeira vez senti medo... Medo de não ter alguém tão importante na minha vida... — Sorriu por final, apertando delicadamente na minha mão.

—Bryson... — Aproximei a minha cara da dele, com os meus olhos em lágrimas, é claro que eu comecei a chorar — Eu, eu não sei o que dizer... — Continuo, com o coração ainda a bater descontroladamente.

—Não Digas nada — Imitou-me.

Agarrei nas mãos dele, mesmo vendo Isa no fundo do corredor a olhar para nós, examinando-nos por completo. Como era óbvio não me foquei muito nela, mas algo não parecia certo pois a expressão facial dela era tão neutra que por momento parecia que ela tinha visto alguém morrer à frente dela.
Ignorei tudo que nos rodeava e aperto as mãos dele com suavidade, ficamos os dois em pé, encarando-nos um ao outro.
E, com toda a paixão que senti, nomeei Bryson como o meu porto seguro, aquele que ninguém poderia tirar.