Era inexplicável a forma como as nossas energias pareciam se juntar naquele momento.
Fiquei tanto tempo privada de viver a minha adolescência, que agora tudo parece a 8° maravilha do mundo!Bryson não mudou nada desde o dia em que o vi pela primeira vez, sempre com aquele mistério. O que eu pensava ser a sua característica acabou por tornar-se o que eu mais gostava nele, o mistério. Do tipo que eu não me importava em resolver.
Algo nele, libertava em mim uma má um intuição, mas... Ela é tão boa de se sentir.—Bem... Digamos que eu não tenho certamente uma justificação — Disse, desviando-se da pergunta que eu lhe coloquei.
—Vá, deve haver alguma coisa! Algo que possas contar.
—Bem...Eu... — Pensou, olhando para o céu como se fosse uma criança, essa sua expressão facial fez-me gargalhar alto — Vivo praticamente sozinho. O meu pai está sempre fora, e... Por isso eu simplesmente não tenho tempo para a vida escolar. Tenho-me como prioridade.
—Ok minimamente aceitável, mas sabes que isso não justifica teres que ir para a sala de castigos todos os dias, certo?
—Não Justifica... — Fez beiço com os lábios, olhando para mim — Mas acaba por tornar-se divertido.
Ri alto, desviando o meu olhar para o céu, que lentamente escurecia.
Mesmo não estando a olhar para Bryson senti que ele continuava a fazê-lo comigo, sem piscar, mantendo um único sorriso. Sentia-me bem por estar a ser observada, aumentava a minha auto-estima na hora, principalmente por saber que ele o fazia por pura vontade, com expressões felizes no seu rosto pouco iluminado pela rua.
Tentava ganhar coragem para devolver-lhe o olhar mas a minha confiança estava fixada nas estrelas que começavam lentamente a pingar o céu, como se fosse um fraco chuvisco.—Isto parece tão... Enorme! — Glorifiquei o céu e o brilho das suas estrelas.
—Só até ao momento em que fica minúsculo...
—Wow — Sorri para o céu.
—Como? — Perguntou Bryson desta vez com um olhar simples, nada forçado e intenso.
—Como o quê? — Perguntei confusa, mas sempre com a felicidade no rosto.
—Como é que eu nunca te tinha visto antes — Disse baixo, aproximando-se de mim olhando-me nos olhos , passando a sua mão lentamente do meu pulso até ao ombro, passando as pontas dos dedos delicadamente pelos meus fios de cabelo.
Senti a sua profundidade, inclinei-me na direção dele para o ouvir melhor, fiquei paralisada mas interiormente maravilhada com a resposta, ao ver a cara dele aproximar-se da minha fiquei assustada mas instantaneamente comecei a morder o meu lábio com a mesma tensão que ele olhava para a minha boca.
Ele ficou cada vez mais perto de mim, porém quando ele já estava a suavizar a sua respiração, eu olhei de novo para cima, e apoiei-me sobre os meus joelhos, levantando-me no telhado.
—Obrigada por me relaxares Bryson, obrigada mesmo! — Agradeci já em pé.
—Já vais embora? — Perguntou ele, ainda deitado nas telhas.
—Sim... — pressionei o meu casaco contra o meu peito, sentindo um repentino frio indomável, talvez por ter cortado a maior chama que eu alguma vez tive na minha vida — Desculpa, mas eu preciso mesmo de ir...
—Tens a certeza? — Perguntou, levantando-se, ficando de frente para mim.
—Ser uma Patel não é fácil — Sorri para ele.
Mais uma vez, ele levou o olhar para os meus lábios, tentando ter aquilo que queria, numa última tentativa...
Mas como eu já tinha mencionado, foi a última.
Com todo o respeito, coloquei a minha mão no seu peito e passei ao seu lado, sentado-me no muro para saltar de novo para a rua.
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Harmful
RomanceNatalie é uma das jovens mais reservadas da escola, apenas tem como companhia a sua amiga Iza, ambas alunas de mérito. Na tentativa de fazer troça delas, o grupo "machão" da escola convida as duas para uma festa de barril no meio da floresta. Para s...