29. Sorry

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 A situação na escola estava cada vez mais complicada. Não podia fugir do fato que meu pai era o diretor dali, e que a qualquer momento eu poderia esbarrar nele.

  Eu andava com bastante cautela pelos corredores e pelas salas, como se estivesse em um jogo de terror onde do nada poderia surgir um bicho de satanás.

  Eu também tentava proteger o Tae, mesmo que meu pai ainda não soubesse do nosso relacionamento, já que pedi para a minha mãe não contar, o meu pai ainda tinha raiva dele.

   Como sempre depois da aula, apareci de fininho na porta e verifiquei o corredor. Assim que vi que estava livre saí da sala. O Tae apareceu do meu lado e me olhou estranho.

-"O que foi?" -Perguntei assim que percebi que o mesmo me olhava sem dó.

-"Até quando vai fugir do seu pai? Você deveria encarar ele" -Disse na lata.

-"Não é tão fácil assim não, ele é doido"

-"Eu sei disso, mas você não pode ficar verificando o corredor de dois em dois minutos" -O mais novo estava sério, e olhando para a frente.

  O Tae estava certo, era como se eu fosse um criminoso andando aos arredores de uma delegacia, estava praticamente preso nisso.

  Suspirei e parei ali no meio do corredor, que já estava praticamente vazio. O mais novo percebeu que eu parei e se virou, parando também.

-"Tudo bem, eu vou encarar o meu pai" -Disse alto o suficiente para que o Tae escutasse.

-"Vai mesmo? Quer que eu vá junto?" -Perguntou se aproximando e ficando a alguns passos de mim.

-"Não, acho que isso deve ser entre eu e ele" -Falei meio baixo e olhei para os meus pés.

  O Tae ficou parado mas logo suas mãos afagaram meu cabelo, bagunçando um pouco os fios. Sorri e cutuquei sua bochecha, para saírmos logo da escola.

  Depois que me mudei para a outra casa, nós dois íamos pelo mesmo lado, mas daquela vez fui pelo outro.

  A cada passo que dava, ficava mais aflito. Fazia muito tempo que nem chegava perto do meu pai, desde o dia daquela palhaçada de casamento arranjado, que nem sei como ele resolveu aquele assunto.

  Assim que cheguei na frente do portão da casa, me senti estranho. Morei tanto tempo lá, mas agora parecia uma casa qualquer. Mesmo não morando mais lá, ainda tinha a chave, então abri normalmente.

  Passei devagar pelo jardim e entrei, tudo estava do jeito que lembrava, não tinha mudado nada. Fiquei olhando em volta ate que quase fui derrubado no chão.

  Fiquei assustado e olhei para ver quem era, e vi a Minah me abraçando forte. Sorri e a abracei também.

-"Garoto, como você pode sumir assim do nada e ficar esse tempo todo sem voltar? Você ta bem?" -Perguntou frenética enquanto cutucava cada centímetro meu.

  Comecei a rir porque aquilo fazia cosquinhas. Era bom a ver de novo, tinha que admitir que estava com saudades da nonna.

-"O que fez você voltar assim de repente?"-Perguntou enquanto mexia no meu cabelo e no meu uniforme.

  Ela nunca perdia esse instinto de cuidar de mim. Por isso a Minah sempre ia continuar sendo como uma mãe para mim, mesmo não sendo de verdade.

-"Preciso falar com o meu pai" -Falei sério.

-"Entendi, ele está no mesmo lugar de sempre" -Disse desanimada. -"Toma cuidado, ok?" -Assenti e sorri, dando um beijo na sua testa.

  Coloquei minha mochila no chão da sala e subi as escadas, a cada degrau me sentia mais próximo da morte, mas suspirei fundo e terminei as escadarias e parei em frente a porta do escritório.

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