Omitir também é mentir, Regina

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Sentia meu corpo pesado, não podia movê-lo por mais que tentasse. Eu me debatia, podia ver meus reflexos, mas eles eram falsos, movimentos progetados pela minha mente, pois meu corpo estava completamente paralisado. A angústia em meu peito foi instantânea, meu coração acelerava a cada tentativa de sair da prisão que era meu próprio corpo, podia sentir como se algo ou alguém estivesse sobre minhas pernas, me segurando pelos ombros, e me mantendo firme sobre o solo. Eu permanecia em posição fetal, sentia-me frágil, e eu realmente estava. Minha respiração era pesada, dificultosa, como se o ar não fosse suficiente o bastante para preencher meus pulmões. Eu estava com medo, mantinha meus olhos fechados com receio do que poderia ver caso os abrisse, podia sentir a brisa gélida sobre a minha pele e apesar de não conseguir sucesso em me movimentar, eu podia sentir leves tremores devido ao frio.

Abri os olhos, e me arrependi no mesmo instante. Estava no meio de uma floresta, os galhos das árvores quase não tinham folhas, o que causava um ar sombrio ao local, não havia ninguém, estava completamente sozinha... meu rosto estava colado a terra úmida, e somente depois que a olhei, percebi o cheiro tão característico.

Não conseguia ver quase nada a minha frente devido a intensa névoa. Estava escurecendo, o vento asobiava em meus ouvidos, os galhos das árvores balançavam, e também tinha os ruídos que eu esperava, esperava no fundo de meu âmago que fosse algum animal e não me atacasse. A ideia de ter alguma pessoa ali, além de mim, era mais assustador do que qualquer animal selvagem que fosse.

Tentei me mover mais uma vez, parecia que quanto mais tentava mais para terra meu corpo afundava, senti as lágrimas molharem-me o rosto, e foi então que percebi, quando reparei em meu corpo, que estava completamente nua, da mesma forma de quando vim ao mundo, podia ver jóias enfeitando meus pulsos e anéis em meus dedos, também estava com um colar que ostentava poder, que continha um enorme rubi em seu centro. Não sabia o que estava acontecendo, não sabia onde e nem como havia parado naquele lugar e porquê a única coisa que vestia eram jóias. Eu queria fugir, queria poder correr mas não podia, era como se raízes brotassem de mim e enraizassem a terra, me sentia frágil, exposta e extremamente aterrorizada com a situação em que me encontrava.

Depois de um tempo imensurável, tentando me libertar e estando atenta a cada pequeno ruído, já estava mentalmente cansada. Via a medida que o tempo passava, o ambiente escurecendo, e se antes sentia medo, agora eu estava inegavelmente apavorada. Meu coração a qualquer momento poderia verdadeiramente rasgar o meu peito, sim, ele trabalhava incansavelmente rápido durante o que pareciam horas. Era mais ou menos o tempo que eu imaginava que estivesse ali.

Já não sabendo mais distinguir a realidade da minha imaginação - se é que isso realmente é real - ouço uma voz, "Regina" chamava meu nome "Regina", a voz era conhecida, sim, eu a reconheceria em qualquer lugar e em todos os tons, até nós confins do mundo, "Regina"... Emma, era Emma quem me chamava, "Eu estou aqui, eu estou aqui!" tentava dizer, "Emma". Ouvi passos vindo em minha direção, não podia ver, ainda permanecia imobilizada.

- Regina.

A voz agora me fez sentir um arrepio na espinha, ela estava ali, bem atrás de mim "Emma" tentei dizer mais uma vez, sem sucesso.

Sentou-se ao meu lado, estava de costas para ela, senti seu corpo levemente encostando no meu, estava indo à loucura.

- Eu te amo, Regina. - sussurrou em meu ouvido - Eu te amo - senti a ponta de seus dedos percorrerem minha cintura e deslizarem pelo meu quadril - Eu te amo - beijou-me o pescoço - Eu te amo - Suas mãos deslizaram pelo meu ventre. - Regina - sussurrou em meu ouvido.

O medo que sentia me abandonou, e em seu lugar um desejo latendo o dominou, eu estava em chamas, senti-la me causava um arrepio. Quase nem lembrava mais de seus toques.

Permita-se sentirOnde histórias criam vida. Descubra agora