Nove dias depois.
Finalmente o dia do casamento. Minha casa estava com uma lotação de gente. A cerimônia seria na igreja e a festa no jardim de minha casa. Carolina corria de um lado para o outro, seus gritos podiam ser ouvidos do outro lado da rua. Ela estava responsável pela organização da festa, ela tinha um dom para isso. Eu, Daniel, Luana, Felipe, Pedro e Vinicius estávamos apenas prestando de ajudante só pra não dizerem que não ajudamos em nada. A cerimônia começaria as sete da noite e ainda eram três da tarde e os cabelos da minha melhor amiga estavam completamente arrepiados.
- Eu já disse que esse arranjo de flores é no centro da porcaria da mesa. Vocês são surdos? -Ela gritou.
- Caramba, essa merda está no centro da mesa, você por acaso está cega? -Pedro também gritou, impaciente.
- Já posso ir pra casa? - Vinicius perguntou baixo, com medo da resposta da namorada. Quando pensamos que ela não havia escutado, surge o grito.
- NÃO! -Suas veias pareciam estourar. -Ninguém vai sair daqui até tudo estar perfeito.
- Eu tenho que fazer meu cabelo. -Luana disse com o tom de voz mais calmo.
- Eu também tenho, Lu. Eu sou a dama de honra, lembra? -Ela disse em tom calmo mas a calmaria logo cessou. - Bia! -Novamente gritou como se eu estivesse do outro lado do mundo.
- To aqui, merda! Não precisa gritar.
- Ok, esquece. -Ela disse saindo desvarada atrás de Daniel que tinha deixado um copo quebrar.
- Eu tenho muita pena do futuro marido da Carol -Felipe sussurrou pra mim.
Cai na gargalhada.
- Não dou um mês pro coitado pedir divórcio. -Sussurrei de volta.
Depois de muitos gritos, Carolina finalmente nos dispensou. A galera saiu correndo com medo da doida voltar atrás. Já era cinco da tarde e estávamos completamente atrasados. Subi e tomei um banho rápido. Peguei minha chapinha e comecei a fazer meu cabelo as pressas. Cacheei as pontas e depois as baguncei pra dá uns efeitos, segundo a internet. Até que não ficou nada mal, meus cabelos longos ajudavam nesse aspecto. Peguei minha palheta de maquiagem e comecei a tentar obter algum resultado. Procure o um vídeo no youtube, o que foi minha salvação. A maquiagem estava finalizada. Até que me sai bem. Coloquei algo no estilo de festa, nada pesado, afinal, eu não entendia nada de maquiagem. Tirei meu vestido da caixa que o escondia. Ele era lindo. Era longo, coberto de flores, a parte de baixo ia até metade de minhas coxas, seguindo depois uma parte transparente até o final. Tinha um decote um pouco avassalador, mas não pude protestar. (VESTIDO NA MULTIMÍDIA). Puis também um brinco prateado que havia uma pedrinha de diamante, falso, é claro. Também uma pulseira de ouro, uma sandália de salto bege. Peguei meu celular e desci. Meu pai estava andando na sala de um lado para o outro, prestes a abrir um buraco no chão.
- Nervoso, pai?
- Não. -Ele disse sorrindo.
Imagina.
- Sei... -Respondi tentando segurar a risada.
- Você está linda. Uma princesa.
- Não exagera.
- Sou um pai babão, preciso exagerar. -Sorriu.
- São seis e quarenta, já não devíamos estar na igreja?
Ele estava definitivamente nervoso. Nem conseguia dirigir direito.
- Pai, calma tá? Vai ficar tudo bem.
- Tô calmo. -Riu nervoso.
Quando chegamos, a igreja já estava lotada. Cumprimentei alguns convidados que conhecia e fui pro lado de fora. Cinco minutos depois, Luana chegou acompanhada de seu namorado, Pedro e suas respectivas mães. As cumprimentei e elas entraram.
- Cadê o Vinicius? -Perguntei
- Vai vir com a namoradinha dele. -Pedro debochou. - E uau! Você está uma gata.
- Eu sei, obrigada.
Fui surpreendida por uma pipoquinha ambulante vindo em minha direção. Era Mariana.
- Eu estou muito feliz porque finalmente vou morar com você e com o papai.
- Mal posso esperar pra esse pesadelo começar.
- Eu estou muito chateada. -Ela fez bico.
- Por qual motivo?
- Eu não sou a dama de honra.
- Talvez porque você esteja com o braço quebrado, não é mesmo? -Apontei para seu gesso.
Ela havia quebrado o braço em uma tentativa falha de pular do quinto degrau da escada. Bem feito.
- Oi, meninas. - Felipe disse com a respiração ofegante. - Minha mãe me mandou na frente junto com o Vinicius. Ela deve chegar em dez minutos. -Concluiu.
Ele estava com um terno e com o nó da gravata desajeitado. Seus cabelos estavam perfeitamente penteados pela primeira vez na vida.
- Quem deu o nó na sua gravata? -Perguntei.
- Eu, porque?
- Tá péssimo!
- Então por favor, faça as honras.
Me aproximei dele e desatei o nó para refaze-lo.
- Bia e Felipe tão namorando... -Mariana caçoou.
- Te dou dois segundos pra sair da minha vista. -Olhei séria para ela e no mesmo instante ela saiu correndo.
Terminei de arrumar a gravata de Felipe e havia ficado perfeita.
- Obrigada. -Ele agradeceu com um sorriso.
Dei uma piscadela para ele.
- E a Carol?
- Vai vir com a minha mãe.
- Felipe, cadê sua mãe? Já são sete e quinze. -Meu pai surgiu com um ar de preocupado.
- Ela já tá vindo, relaxa. Noivas costumam se atrasar.
Ele entrou na igreja novamente, me deixando sozinha com Felipe do lado de fora.
- Você está muito bonita. -Ele disse olhando para o nada.
- Obrigada. Você também não está nada mal.
Um carro se aproximava, era o de tia Luísa. Entrei para avisar aos músicos e eles se prepararam para tocar a música para a entrada da noiva. Todos ficaram de pé. Fitei meu pai que estava a ponto de desmaiar e lhe lancei um beijo no ar. Carolina foi a primeira a sair do carro, segurando o buquê da mãe. As portas da igreja se fecharam. Tia Luísa estava linda. Seus cabelos loiros estavam presos em um penteado charmoso, sua maquiagem era leve. Seu vestido era maravilhoso, sua calda longa foi o que mais me chamou atenção. Dei um abraço nela e desejei boa sorte, recebi um sorriso e um beijo de volta. Felipe sorriu ao ver a mãe linda daquele jeito, eu jurava que ele iria chorar. Carolina foi a primeira a entrar na igreja, ela também estava linda. O buquê em sua mão era cheio com flores de diversos tipos. Segui logo atrás de minha amiga segurando uma cestinha com as alianças dentro. Ficamos em cima do altar, no lado direito, atrás dos padrinhos. Felipe tomou posição e pegou os braços da mãe. Se posicionaram na frente da igreja e entraram. Ouvi a música entrar pelos meus ouvidos e comecei a cantarolar a melodia sem letra. Pude ver meu pai sorrir aquele sorriso nervoso, aquele que ele não mostrava os dentes, mas era um sorriso de felicidade. Automaticamente sorri vendo o quão feliz meu pai estava. A cerimônia começou e o padre começou a falar. Quando chegou a hora dos votos, meu pai havia esquecido o que iria falar, ficando mais nervoso e se virando pra mim. "Diga o quanto a ama, o que vier a sua cabeça. Declare-se." falei apenas mexendo os lábios sem som. Quando chegou a minha vez, me posicionei em frente ao casal, segurando a cestinha. Meu pai me deu um beijo na testa, dizendo que me amava e senti sua lágrima escorrer. Ele estava mais nervoso que o normal. Depois de dizerem sim um outro e fazerem uma chuva de "own" ser ouvida na igreja, o padre finalmente disse as palavrinhas mágicas: Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.
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Mudados pelo Destino (EM REVISÃO)
Teen FictionMágoas de infância de Beatriz podem voltar dolorosamente quando Felipe retorna ao Rio de Janeiro. Beatriz é obrigada a lidar com sua "raiva" pelo menino, mas as coisas podem mudar quando descobrem uma notícia nada agradável. Será que toda essa raiva...