Capítulo 18

2.4K 161 7
                                    

- JOGA MAIS UMA DOSE PRA DENTRO! -Pedro gritou e todos engolimos a dose de tequila.

Fiz uma careta ao sentir a bebida passando em minha garganta. Coloquei o copo na mesa e Felipe encheu novamente.

- Qual o nome da minha série favorita? E eu quero que meu melhor amigo Pedro responda. -Gritei por causa do barulho da música.

Nós jogávamos um jogo de pergunta sobre nós. Escolhiamos quem responderia e se a pessoa errasse, todos teriam que beber, assim a brincadeira ficaria mais divertida.
Estávamos sentados em roda em um canto vazio do jardim da festa com duas garrafas de tequila no meio acompanhada de sete copos ao redor.

- Mas você assiste um monte! Deixa eu pensar... -Ele começou a raciocinar. -Hm, aquela lá das cinco meninas bonitinhas?

- Não cara, aposto que é aquela dos vampiros. -Vinicius deu um tapa de leve no amigo para chamar sua atenção.

- Ponto para o Vinicius. Como o Pedro não acertou, todos bebem!

Engolimos mais uma dose. Continuamos o jogo e em dez minutos, engoli umas quinze doses. Minha garganta queimava a cada gole mas continuei.

Encerramos o jogo e meus amigos voltaram para dentro da casa. Continuei ali sentada quando vi que uma das garrafas ainda estava pela metade. A tirei do chão e comecei a beber. Pedro apareceu ao meu lado e a tirou de minha mão, bebendo também.

- Olá, senhor pega Victoria e não conta para a amiga.

- Eu ia te contar, mas esqueci. Juro.

Eu acreditava nele. Pedro era meu melhor amigo desde que nos entendíamos por gente. Eu confiava cegamente nele. Antes de sermos MELHORES amigos, já tínhamos uma amizade, mas ficamos mais próximos em uma festinha junina no primário onde dançamos juntos. Eu nunca havia conhecido uma pessoa da minha mesma idade que tivesse um senso de humor tão divertido. Eu contava todos os meus segredos para ele, eu sabia que ele não contaria pra ninguém. Havia segredos que ele sabia e que minhas melhores amigas não. Eu amava todos da mesma forma, confiava em Daniel e em Vinicius também, mas Pedro era especial, era importante.

Ele me contou em como amolece o coração da sua amada Victoria. Suspirei ao ouvir a história. Ele disse que realmente gostava dela, mas não sabia se ela nutria os mesmos sentimentos por ele.

- Você quer namorar com ela, né? -Perguntei depois que ele contou sua história. - Do jeito que você fala dela, do jeito que gosta, tá na cara.

- Eu não sei, Bia. É complicado.

Fiz um carinho em seu rosto, deitei minha cabeça e ele me envolveu em seus braços.

- Quero que você seja feliz. Eu shippo tanto vocês.

- E você? O que passa nessa sua cabecinha?

- Tantas confusões... -Suspirei.

- Vai, desabafa.

Tirei a cabeça de seus ombros e me virei para ele. Contei sobre Henrique, como o conheci até o nosso encontro. Contei também a "preocupação" de Felipe e os seus avisos.

- Pelo o que você me contou, deu pra deduzir que o Felipe ficou com ciúmes ou é impressão minha?

- Ai que tá! Foi tão esquisito, sabe? Ele falou como se o Henrique fosse perigoso. Por um momento eu também pensei que ele estivesse com ciúmes, mas acho que é só capricho.

- Sei não, você falou sobre esse tal de Henrique ai, sobre as olhadas e ele parece um sujeito estranho. Quero ter um papo com esse cara.

- Pedro, foco. Ele não é estranho, ele só não soube reagir a tudo isso.

Falei-lhe também sobre a noite anterior com Felipe e o que tinha acontecido a umas horas atrás. Ele começou a rir e disse que percebeu as investidas de Felipe pra mim. Respondi que não estava acontecendo nada entre nós e ele gargalhou.

Nos levantamos e fomos para pista ficar com nossos amigos. Comecei a dançar, um pouco zonza por causa da bebida. Me deixei levar pela batida da eletrônica. Senti um corpo atrás de mim e eu não estava nas condições de protestar. Continuei dançando e me virei. Felipe estava ali dançando atrás de mim. Me joguei em seu corpo e comecei a dançar colada a ele. O álcool estava fazendo efeito. Deixei a batida da música me levar. Levantei os braços e Felipe envolveu suas mãos em minha cintura, abaixei meus braços e os coloquei em volta de seu pescoço. Continuamos ali dançando juntos e eu sentia que ele sorria. Eu não estava em si.

Pedro passou atrás de Felipe segurando um copo de whisky pela metade e puxei, enfiando a bebida goela a baixo. Felipe tentou puxar o copo antes de eu beber mas não conseguiu.

- Você já tá ficando bêbada. -Ele gritou.

- Relaxa, papai.

Ele soltou as mãos de minha cintura e pegou na minha mão. Me puxou contra minha vontade e me levou até uma mesinha onde tinha garrafas de água. Encheu um copo e me entregou. Fiquei encarando em deboche e comecei a rir.

- Acho que isso não vai resolver muita coisa.

Bebi aos poucos e senti meu estômago revirar. Um enjoo tomou conta de mim.

- Você batizou a água?

- Claro que não. Mas parece que você vai colocar tudo pra fora.

- Eu preciso de um banheiro. -Coloquei a mão na boca pra segurar o vômito.

Corri para o banheiro e tinha uma fila na porta.

- Essa menina aqui -Felipe apontou para mim -Ela está prestes a vomitar, se vocês não quiserem ver essa belezura, por favor, nos deixe usar o banheiro.

A porta do banheiro logo se abriu e quem estava na boca nos deu passagem. Entrei e corri para a privada, colocando tudo pra fora. Felipe passou a mão em minhas costas e prendeu meu cabelo. Me levantei e fui para a pia lavar o minha boca. Me encarei no espelho vendo o desastre que estava meu rosto. Felipe parou atrás de mim e o olhei através do espelho.

Ele passou a mão nos meus ombros e os massageou.

- Obrigada.

- Vem, vou te levar pra casa.

- Não, eu quero ficar. Não quero estragar a noite e ainda tá cedo.

- Então me prometa que não vai tocar mais em nenhuma bebida.

Assenti, sorrindo.

Saímos do banheiro e olhos se centralizavam em nós. Passei direto e voltei para meus amigos. Eles me olharam assustados e contei o que havia acontecido. Perguntaram se eu queria ir embora mas neguei. Estava cedo, não passava de meia noite.

***

Acordei com uma bela dor de cabeça. Meu relógio de cabeceira apontava uma e meia. Sentei na cama e fiquei olhando para o nada por alguns minutos. Escutei dois toques na porta e pedi para entrar. Felipe segurava uma xícara e senti o aroma de café invadir o ambiente.

- Troca de favores. -Ele sorriu.

Se sentou na ponta da cama me entregando a xícara. Bebi o café com dificuldade.

- Obrigada por me ajudar ontem.

- Fiz mais que do que a minha obrigação. Você agora é minha irmã postiça, preciso cuidar de você.

Preciso cuidar de você.

Corei. Senti chamas arderem em minhas bochechas. Meus olhos brilharam. Senti meu coração bater mais forte. Sorri. Simplesmente sorri.

Mudados pelo Destino (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora