Capítulo 34

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Tentei dormir mas não consegui. Eu chorava desde o momento que tinha voltado.

Olhei para o relógio e ele marcava onze e meia da noite. Afastei meus lençóis, amarrei meu cabelo, coloquei um casaco moletom e caminhei até o quarto de Felipe.

A porta estava entre aberta. Bati uma vez e entrei. Em toda sua glória iluminada, ele estava sentado na varanda. Se virou e quando me viu, voltou a encarar o nada.

Afundei minhas mãos no bolso do casaco e fui até ele. Permaneci em silêncio por uns minutos, procurando as palavras certas a se dizer, mas ele as achou primeiro.

- Esfriou a cabeça? -Indagou, parecendo irônico e eu suspirei.

- É, um pouco. -Fiz o possível para não olhar em seus olhos e me sentei ao seu lado.

- Eu não queria que aquilo acontecesse. Eu gosto de você pra caralho.

- Mas aconteceu. -Balancei a cabeça e ele negou.

- Não por minha parte! -Quase gritou. - Não vou ficar me desculpando com você, se sentindo culpado. -Voltou a encarar a noite.

Olhei para o seu rosto em perfil por um tempo e senti meus olhos arderem.

Eu queria acreditar que aquilo era verdade. Queria acreditar e curtir com ele os últimos dias até minha ida para Londres. Mas então aquela cena do beijo invadiu minha mente.

Aquele beijo no meio de todos os meus amigos e conhecidos, o jeito em que ela o segurava. Aquilo era uma droga.

Eu o odiei por tanto tempo e depois me apaixonei. E quando tudo se torna recíproco, a vida dá uma rasteira. Porque sempre que tudo está indo bem, a vida decide colocar uma pedra no caminho como obstáculo?

A única coisa que me impedia de beija-lo naquele momento, foi o meu orgulho. Tentei conseguir forças para falar.

- O que acontece agora? -Falei quase sem voz, com medo da resposta.

- Não sei. -Respondeu ríspido e tive vontade de chorar, mas não tinha mais lágrimas para isso. - Você não acreditou em mim. Como que isso pode continuar?

Mordi os lábios.

- Eu não quero terminar algo que nem começou direito. Vou embora em poucos meses, quero aproveitar tudo que posso. -Pausei. - O que você queria que eu fizesse quando vi aquela cena? Aplaudisse? Caramba, se ponhe no meu lugar.

- Se fosse com você, eu acreditaria na sua palavra, pois é assim que um relacionamento funciona, Beatriz. -Falou grosso.

- Desculpas! -Cuspi. - Eu não acreditei em você, me desculpa. Eu estava errada, era isso que você queria ouvir? -Resmungo com raiva.

Ele me encarou e vi fogo em seus olhos. Sua expressão era de raiva. Segurou minhas mãos, fazendo carinho.

- Você sempre complica as coisas mais fáceis. -Falou amargo. - Eu estou de cabeça quente e você também. Amanhã a gente conversa. -Falou se levantando e custei a me levantar também.

Ele parou em frente a porta, a abrindo. Ele estava me mandando ir embora, praticamente.

Antes de passar pela porta, o abracei, prendendo meus braços na sua cintura. Eu precisava daquilo, mesmo com toda a situação e por causa da situação. Ele apenas apertou meu ombro.

Me senti uma nada com aquilo. Ele não retribuiu meu abraço.

Talvez eu tenha merecido aquilo.

Fui para meu quarto e afundei meu rosto no travesseiro, gritando.

***

Mudados pelo Destino (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora