Paramos em frente a grande porta de madeira do apartamento. Carolina esticou o dedo e apertou a campainha. Uma moça ruiva, vestida de branco nos atendeu. Tinha aproximadamente uns trinta anos. Fixei em seus belos cabelos ruivos e cacheados. Abriu um sorriso quando viu Felipe.
- Você veio. -Disse nos dando passagem.
- Sim, eu precisava. Ana, essa é a Carolina, minha irmã. -Apontou para a figura loira ao seu lado, que sorriu. - E essa é a Beatriz, filha do meu padrasto e nossa amiga.
Sorri para a bela moça que me olhava de um jeito como se tivesse resposta para todos os meus problemas.
- Cadê meu pai? Eu quero vê-lo. -Minha melhor amiga perguntou em um tom desesperado.
- Ele está dentro do quarto. -A dona dos cabelos ruivos se aproximou de Carolina tocando em seus braços. - Fique calma, você precisa ter forças.
Ela saiu em correndo para o quarto, cruzando a porta e parando na entrada. Levou a mão na boca e percebi que ela chorava.
Abaixei a cabeça, triste com a situação e não poder ter uma varinha para resolver tudo aquilo. Eu queria tirar a dor de meus amigos. Eu também sentia aquela dor por vê-los sofrendo e não poder mover uma palha.
Felipe correu em direção a irmã e colocou a mão em seus ombros. Observei tudo do lado de fora do quarto.
Ela chorava e seu irmão tentava consola-lá. Ele a envolveu em seus braços e me olhou, pedindo socorro com seus olhos.
Fui em direção ao quarto e puxei Carolina para meus braços.
- Ele vai morrer, Bia. Meu pai vai morrer, eu não quero ter que vê-lo desse jeito.
A apertei mais forte e lágrimas começaram a rolar em meu rosto.
- Você precisa se despedir. É difícil mas é preciso.
- Eu não quero que meu pai morra.
- Eu também não quero que ele morra. Mas não podemos fazer nada. - Felipe tentou consolar a irmã.
- Car-Carolina? -A voz fraca de Roberto ecoou no quarto.
Minha amiga se virou em um segundo e não soube o que responder. Apenas caminhou e se sentou ao seu lado na cama. Ele estava com alguns aparelhos no corpo, agulhas no braço.
Eles começaram a conversar e ela não conseguia segurar suas lágrimas. Sai do quarto e fiquei encostada na porta.
- Eu sabia que ela não ia aguentar.
- Ela já perdeu ele uma vez, praticamente.
Conversamos um pouco até que Car chamou o irmão. Ele entrou e ficaram lá por uns vinte minutos.
Fiquei rondando na sala, observando a decoração. Ana, a possuidora dos belos cabelos ruivos apareceu segurando uma bandeja.
- Aceita um café? -Perguntou colocando a bandeja na mesa.
- Não, obrigada. -Respondi sorrindo.
- Beatriz, não é?
Assenti. Ela olhou para a porta do quarto com medo de que saísse alguém de lá e se aproximou de mim.
- Algum problema? -Perguntei espantada.
- O Felipe falou muito bem de você pra mim, bem mesmo.
- De mim? O que ele falou?
Ela deu um sorriso misterioso e disse que ele desabafou pra ela coisas relacionadas a ele. Recuei a acreditar naquelas palavras. Ele nunca foi de desabafar sobre sua vida nem com seus amigos, principalmente com a enfermeira de seu pai. Perguntei o que ele tinha falado, e ela respondeu que tudo se voltava a mim.
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Mudados pelo Destino (EM REVISÃO)
Teen FictionMágoas de infância de Beatriz podem voltar dolorosamente quando Felipe retorna ao Rio de Janeiro. Beatriz é obrigada a lidar com sua "raiva" pelo menino, mas as coisas podem mudar quando descobrem uma notícia nada agradável. Será que toda essa raiva...