Frestas de sol invadiram o quarto. Me remexi com preguiça de levantar e passei a mão ao meu lado, ainda de olhos fechados. Estava vazio. Me sentei na cama, me cobrindo com o lençol. No espaço vazio, tinha um bilhete e uma rosa ao lado, em cima do travesseiro amassado.
"Tive que sair antes que todos acordassem. Me desculpe, mas não tenho dinheiro suficiente pra subornar a todos. Nos vemos depois. Ps: a noite foi maravilhosa."
Dobrei o bilhete e o guardei no criado mudo ao lado, junto com a rosa. Tomei um banho e enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, fechei os olhos e recordei a noite passada.
Em um mundo antigo de Beatriz, dormir com Felipe era como se fosse um pesadelo. Até agora. -Pensei-
Abri a porta e Maria passava segurando uma vassoura.
- Bom dia. -Falei animada.
Ela se aproximou.
- Da próxima vez, pede pro seu namoradinho fazer menos barulho quando sair do seu quarto.
Arregalei os olhos sem crer no que tinha acabado de ouvir.
- Ele não é meu namoradinho. -Gaguejei, quase parando.
- Não interessa, Beatriz. Se seu pai descobre... -Advertiu.
- Só se você abrir a boquinha, Maria.
- Você sabe que eu sou um túmulo.
A abracei e depositei um beijo em sua bochecha.
- Eu sei.
- Qual aquele nome que vocês falam quando gosta de um casal? Aquele nome estranho.
- Shippar.
Ela fez uma cara estranha.
- Legal. Eu shippo vocês.
Saiu com sua vassoura em direção ao banheiro.
Eu também shippo.
Cheguei para tomar café e lá estava ele com seus belos cabelos bagunçados. Senti minhas pernas bambearem.
- Bom dia, família linda. -Depositei um beijo no rosto de meu pai e minha madrasta.
Carolina parou de cortar seu pão e cerrou os olhos.
- Tá toda feliz. O que aconteceu?
- Nada. A vida é bela, simplesmente. -Lhe lancei um beijo e sentei ao seu lado, em frente a Felipe.
- Você não me engana, amiguinha. Eu conheço essa cara. Faço ela as vezes. -Apontou a faca.
Meu pai e sua mãe a olharam sem entender e ela balançou a cabeça negativamente. Felipe colocou a mão na boca, para conter a risada. Enfiei um pedaço de queijo na boca, para conter a minha também.
Carolina me encarava como se estivesse tentando ler minha mente. Ela desviava o olhar para o irmão que estava com um pequeno sorriso no rosto, e depois olhava para mim novamente.
Virei meu rosto pra ela e arqueei as sobrancelhas, tentando entender a situação. Ela continuou cerrando os olhos.
Felipe limpou a garganta e começou a encarar a irmã, frazindo a testa.
- Bia, isso é um chupão no seu pescoço? -Tia Luísa perguntou, apontando o dedo.
Gelei e joguei os cabelos de lado.
- Não, eu machuquei.
A respondi e ela fez pouco caso.
- EU NÃO ACREDITO! -Ela gritou, com uma cara de surpresa e colocou a mão na boca. - Eu sabia! -Começou a gargalhar.
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Mudados pelo Destino (EM REVISÃO)
Teen FictionMágoas de infância de Beatriz podem voltar dolorosamente quando Felipe retorna ao Rio de Janeiro. Beatriz é obrigada a lidar com sua "raiva" pelo menino, mas as coisas podem mudar quando descobrem uma notícia nada agradável. Será que toda essa raiva...