Capítulo 20/ Hellen

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Ao chegar na frente da casa da Sophia quase caio para trás. E quando entramos dentro da casa dela, fico boquiaberta, a casa era muito bonita, pelo visto a família dela era bem sucedida. Paro e penso por um momento, por que afinal ela trabalhava de vendedora numa loja de roupas no shopping?  Tava na cara que ela não precisava daquele serviço.
Olho cada canto da casa discretamente, as paredes todas eram pintadas em um tom pastel, cheia de quadros. Tinha uma escada enorme que dava para um segundo andar, fora os diversos vasos espalhados pela enorme sala com flores dentro. Cheguei à ver uma piscina enorme do lado de fora. Me lembro que tinha que parar de olhar as coisas daquele jeito curioso e parei.

Ando atrás dela com minha bolsa em um dos ombros, eu a segurava com força. Ela anda cada cômodo atrás de alguma das mães dela, até que chegamos à cozinha, ela então arranca um bilhete pendurado na porta da geladeira.

Ela lê o pequeno bilhete em voz alta:

— "Sophia, os seus 10 minutos viraram 30, não podíamos mais esperar.
Ficaremos na nossa casa da praia e voltaremos só na segunda-feira de manhã. Venha nos encontrar!
Qualquer coisa, ligue.
Se cuida. Te amamos."

Ao terminar de ler, ela começa à me encarar.

— Hellen, eu vou te matar.

— Não vai não! Rs. — Ela me alcança e me faz cócegas.

Me desvio e começo à correr pela enorme casa, jogo minha bolsa no chão enquanto ela vem correndo atrás de mim e quando enfim me alcança, me empurra em um dos enormes sofás da sala de estar.

— Haha, te peguei.

Minha barriga e até os cantos da minha boca doíam de tanto rir.
Ela sobe por cima de mim e encosta sua testa na minha, nossas respirações estavam entrecortadas.
Fico totalmente sem graça, mas admito que se ela tivesse me beijado naquele momento, eu não resistiria.

Ela se se levanta e se senta no outro sofá. Engulo em seco e me sento também.

— Eu reparei que vocês têm uma piscina, né... — Tento quebrar o silêncio.

— Temos sim. Quer nadar?

— Quero sim, já que perdemos aquela praia maravilhosa, né...

— Culpa sua. Você demorou muito pra se arrumar.

— Me perdoa por isso.

— Tudo bem, valeu a pena a espera. Você está linda. — Dou um sorriso bobo. — Eu vou tomar um banho antes, mas pode ir indo.

— Não, Soph, eu te espero.

— Tá ok, como quiser, mas pode ficar à vontade.

— Uhum. —  Pego minha bolsa no chão e seguimos para o andar de cima .

Se o andar de baixo era lindo, o de cima era mais ainda. Depois de passarmos por algumas portas do corredor esquerdo, chegamos à última do corredor que aparentemente era o quarto dela.
Mais uma vez olho tudo ali discretamente.
Tinha uma enorme cama de casal, uma das paredes era repleta de fotos e desenhos, uma outra era coberta por um espelho enorme.

— Nossa! A sua casa é linda!

— Obrigada.

— Posso fazer uma pergunta?

— Claro. Sempre seja franca comigo.

— Por que você trabalha em uma loja de roupas? Pelo o que estou vendo você não precisa de um serviço daquele. Não estou querendo desmerecer o serviço em si nem nada do tipo...

— Eu conclui o Ensino Médio, fiquei na dúvida de que faculdade fazer, então arrumei esse serviço e desde então estou lá.
Mas é uma coisa temporária. Eu só estou querendo me descobrir.
Uma das minhas mães é advogada, a outra é dentista, elas não ficaram nada contentes quando decidi fazer isso, garanto que quando eu sair desse serviço elas vão fazer uma festa.

— Entendo. Eu também estou descobrindo o que quero ser para o resto da vida.

— É complicado... O resto da vida é muito tempo. Talvez a gente nem precise disso tudo pra ser feliz.
Algumas pessoas parecem que já nascem e sabem o que vão fazer, outras como nós duas, não. E acho que não tem nada de errado nisso.

— É incrível como só você me entende.

— Me sinto lisonjeada, hahaha.
Agora eu vou tomar um banho por que estou com uma aparência horrível.

O banheiro dela era ali no quarto mesmo, enquanto ela se dirigiu até lá, eu me sentei na cama e aguardei.
Por sorte eu já estava com meu biquíni rosa por debaixo do meu short jeans rasgado e da minha blusinha regata preta. Tiro aquelas peças lentamente e as guarda em minha bolsa.
Vou até o espelho e tento arrumar o meu cabelo. Eu não sei porque eu queria ficar bonita ao lado dela.

Depois de alguns minutos a Soph sai do banho enrolada em uma toalha branca. Ela pega um biquíni preto em uma gaveta de seu guarda-roupa. Perco o fôlego quando ela joga a toalha de lado ficando completamente nua na minha frente.
Ela se troca ali, sem nenhum pudor. Não deixo de reparar em algumas marcas de corte espalhadas pelo corpo dela, a sua pele era toda branquinha e as marcas se sobressaía assim como as suas tatuagens, não tinha como ignora-las.
Por um momento sinto vergonha por estar invadindo o seu lado pessoal.
Engulo em seco e desvio o olhar.

Minha vida depois de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora