Segui os conselhos de Hellen, juntas compramos a minha passagem para o Rio de Janeiro. O vôo seria dentro de uma semana.
A cada novo dia meu coração faltava sair saltando pela boca.Desde a sua partida silenciosa, Bia não entrou em contato comigo. Aquilo me deixava pior.
O que ainda me dava um pouco de esperança era que ela havia deixado um bilhete com o endereço que informava aonde ela estava localizada.
Provavelmente ela estava esperando mesmo eu ir atrás dela... Eu não via outra explicação para aquilo...Também segui meu coração, eu conseguia ficar sem aquela garota, mas eu não queria.
Fiz minhas malas com algumas roupas, acessórios e saltos. Como eu não podia levar tudo, acabei separando as coisas que eu mais gostava e usava, o restante dei para a Hellen.
Eu não sei bem o que iria acontecer mas estava torcendo para dar tudo certo, mesmo quando um ou outro pensamento negativo vinha me assombrar.
Eu nem havia partido e já estava com saudades da Hellen. A minha melhor amiga... mesmo depois de tantos anos juntas, eu nunca havia pensando na possiblidade da minha vida sem ela.
Eu já estava fazendo planos de voltar para vê-la.Pedi as contas no serviço já que não consegui uma transferência imediata.
Dei a notícia para meus pais que também me deram o maior apoio.
Já estava tudo resolvido!
Só o calendário que não ajudava muito e o tempo, ah, esse era cruel!
A Bia fazia muito falta. Eu já não sabia mais o que era conviver sem a risada estravagante dela. Sem seus carinhos e carícias. Sem sua presença.
Estava sendo muito difícil conviver com a distância.
Aquilo só me mostrava que a Bia era o amor da minha vida, eu não poderia desperdiçar aquilo, tão pouco jogar no lixo a nossa história.Existem tantas pessoas que levam a vida quase toda até encontrar a pessoa certa. E eu tive a grande sorte de conhecer a Bia com meus 17 anos. Eu não podia simplesmente deixa-la sair de minha vida. Construímos muitas coisas juntas, fora todos os nossos planos e sonhos para o futuro.
Quando eu voltar à vê-la vou abraça-la com muita força, e dizer que sim, que eu aceito casar com ela. Não por medo de perde-la e sim porque me dei conta de que ela é o amor da minha vida e sem ela, nada mais faz sentido.*
Seguimos eu, a Hellen, e a Sophia de táxi para o aeroporto.
Sophia foi muito gentil por me deixar sentar no banco de trás com a Hellen e fingir que não escutava nossa conversa dali.— Hellen, e se nada der certo? E se a Bia nem quiser olhar na minha cara?
— Te olhando falar desse jeito você nem parece com aquela garota super confiante que eu conheço.
— É verdade... Af!
— Primeiro: vou repetir de novo. Coloca na sua cabeça que a Bia te ama.
Segundo: vai dar certo sim. Até porque o amor supera tudo, né?!
E por último: se nada der certo, eu vou ser obrigada a ir até o Rio de Janeiro e quebrar a cara da Bia. —Levanto uma de minhas sombrancelhas e a olho assutada.
Damos risada juntas, mais pela minha reação do que pelo o que ela falou.— Você sabe que vou sentir muito a sua falta, né?!! Não vai ser nada fácil.
— Ei, relaxa que Sampa não é tão distante do Rio assim.
— Eu sei... — Reviro os olhos. — Se tudo der certo você vai nos visitar! E leva a gatinha das tatuagens. — Aponto para Sophia.
— Pode deixar.
— E óbvio que você vai ser a madrinha do meu casamento.
— Ahhhh! — Ela bate palmas toda contente.
— Eu te amo, Hellen!
Sei que durante nossa adolescente fui muito rude com você em alguns momentos. Sei que brigamos muito. Se eu pudesse voltar atrás nunca a teria magoado. Mas os anos passaram e amadurecemos juntas. Hoje te vejo como uma irmã e amo essa mulher forte que você se tornou.
Obrigada por tanto.— Eu também te amo muito, Paula. Não vamos lembrar dos momentos ruins, afinal temos várias lembranças boas da nossa adolescência que valem mais à pena serem lembradas do que essas besteiras.
Só tenho a agradecer por tantos anos juntas... — Ela não consegue terminar de falar, nessa hora lhe abraço e deixamos as lágrimas caírem.*
O meu vôo é anunciado pela última vez.
Nessa hora sinto um certo alívio, porém ele vem acompanhado do medo, receio e tristeza.
Dou um último abraço em Sophia e outro bem apertado em Hellen.
Nós duas choramos muito, era realmente a hora do adeus!
Ao me dirigir para área de embarque dou uma última olhada para trás. Entre tantas pessoas andando apressadas e com seus próprios problemas, a imagem de Hellen abraçando Sophia se destacava. Mesmo ali de longe eu sabia que ela ainda estava chorando.Não deixo de pensar comigo mesma:
— O que será dela sozinha dali pra frente?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minha vida depois de você
RomanceContinuação do romance Entre Elas. Após a morte de Cláudia, muita coisa mudou, inclusive a própria Hellen. "Não sei ao certo o que o destino havia programado para mim, mas agora eu tinha certeza que ele ria de mim. Ria com vontade. Ria por ter me d...