Caputulo 43/ Hellen

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Por algumas vezes senti nojo e repulsa do meu desejo e amor por outras mulheres. Hoje já não era mais assim. Sou dona do meu destino.

A cena era familiar.
Era uma espécie de deja vu.
Eu segurava com força a mão da mulher ao meu lado. Dessa vez não era uma garota de cabelo azul, era uma garota fora dos padrões, vestida de preto dos pés a cabeça em pleno verão, com tatuagens espalhadas pelo corpo. Seu cabelo agora estava raspado nas laterias e bem mais curto do que eram. Sua boca vermelha de batom mostrava o quanto ela era forte e sabia disso.
Da primeira vez que eu levei uma garota na casa dos meus pais eu senti medo, muito medo. Hoje, alguns anos depois, com a Sophia, eu sentia paz e felicidade. Eu não ia mais esconder nada de ninguém.
Bato na porta esperando alguém abrir, o que não demora muito.
Já fazia um certo tempo que eu não via meus pais. Minha mãe havia se afastado por completo de mim. As vezes nos falávamos, mas sempre eram conversas vagas, ou por alguma necessidade financeira de minha parte.
Parte daquilo havia sido minha culpa, assim como também teve uma parte de culpa dela também.
Era hora de deixar aquelas mágoas para trás, afinal ela era minha mãe, eu era um pedaço seu. Eu a amo mais que tudo.
Seu cabelo estava mais loiro e comprido que o normal. Ela estava com um vestido que eu nunca a vi usando antes. Ela estava linda.
Parecia ser a primeira vez que eu a via de verdade.

Ela me olha surpresa. — Hellen... Oi?... O que você está fazendo aqui?

Por um momento não sei o que dizer. Só me aproximo e lhe dou um abraço forte. Fazia tanto tempo que eu não sentia o conforto dos braços dela, o seu cheiro ainda era o mesmo.

— Me perdoa mamãe... Por todos esses anos... Eu te amo e sinto sua falta.

— Meu amor... Eu te esperei por todo esse tempo. Eu sabia que você iria me perdoar.

— Eu vim até aqui porque eu queria muito que você conhecesse alguém... Essa é a Sophia. Ela é a minha namorada e agora estamos morando juntas.

Sophia não tem tempo de dizer sequer uma palavra. Minha mãe e eu sabíamos o que aquele momento significava.
Nos abraçamos de novo, só que dessa vez começamos a chorar.
Em questão de minutos sinto por volta de nós o abraço mais forte de meu pai.

*

A Sophia estava tão quietinha que nem parecia ela mesma. Eu sei o que se passava dentro dela, quando conheci a família dela me senti da mesma forma.

— É um prazer conhecer vocês. — Ela havia comprado flores para minha mãe. Eu pude notar suas mãos tremendo ao entrega-las.

— Eu te vi da outra vez, no aniversário da Hellen... É um prazer finalmente conhecer a mulher que faz a minha filha feliz.

Minha vida depois de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora