Capítulo 5 [Parte I]

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Uma fina chuva caía naquela manhã, algo que vi poucas vezes desde que me mudei para aquela cidade, que mantinha temperaturas altas em boa parte do tempo. Corremos, acompanhando outros estudantes que também tentavam escapar da chuva repentina. Um cara alto e magricela mantinha a porta aberta para que passássemos. Sorri, agradecendo pela gentileza.

- Não há de quê, Matt - disse ele, retribuindo o sorriso.

Como ele sabia meu nome? Olhei para Liz, que exibia quase todos os dentes para mim. Olhei novamente para o garoto que seguia logo atrás de nós. Gotas d'agua pingavam de seu cabelo louro. Seus olhos azuis encontram os meus e desviei, envergonhado, por ter sido pego o olhando.

Entramos na mesma classe. O cara sentou algumas fileiras à frente, onde eu tinha uma visão perfeita dele. Inclinando na minha direção, Liz sussurrou no meu ouvido.

- Parece que Luke Blake está interessado em você.

- Meu Deus, como ele sabe meu nome?

- Isso importa? - ela deu uma risadinha, acompanhada por mim. - Ele é um gato.

- Ele é bonitinho. - mordi a ponta da caneta, olhando na direção de Luke.

Rejeitei a chamada de Bryan mais uma vez. Já havia perdido a conta de quantas vezes na semana eu já havia feito aquilo. Sabia que era errado o que estava fazendo, um dia eu teria que encará-lo e falar sobre as coisas horríveis que ele disse, mas ainda não conseguia fazer isso. "Talvez ele tenha merecido." Essas palavras de Bryan se repetiam na minha cabeça. O que me fazia questionar que tipo de pessoa ele realmente era.

Meu celular tocou mais uma vez e, como das outras vezes, rejeitei a chamada.

- Até quando você vai evitá-lo? - perguntou Liz, pegando o celular da minha mão.

- Não quero falar com ele agora.

Os dedos magros de Liz rolaram o meu histórico de chamadas. Além das ligações, ainda havia as mensagens de texto que eu não li.

- Ele está ficando maluco com isso.

- Bryan é crescidinho, ele sabe lidar com as próprias merdas. - retruquei.

Estávamos apressados para ir visitar David. Como ele se recusou a voltar para Los Angeles, seus pais o levaram até o hotel onde estavam hospedados até que estivesse recuperado. Ele demonstrava ainda estar assustado com o que ocorreu e se recusava a fazer uma denúncia contra a agressão. Seus pais insistiam que ele pedisse transferência e voltasse para casa. Eu imaginava o medo que eles estavam sentindo. Mas me admirava por David se manter firme sobre continuar na universidade, mesmo depois do que ocorreu.

Levei uma caixa de chá de hortelã - o seu favorito - e as folhas de exercícios da aula de inglês para David. Mesmo não frequentando as aulas, ele continuava a fazer atividades, até mesmo algumas de reforço para não perde o semestre inteiro, que já estava chegando ao fim. As provas finais estavam próximas, o que me lembrava de que ainda precisava finalizar o trabalho de biologia com Bryan.

Saí das escadas e entrei no corredor do dormitório. Eu o vi encostado próximo à porta do quarto. Quando me viu, Bryan tirou suas mãos do bolso do seu jeans. Seus olhos estavam fundos e distantes, sem o brilho ardente que eu me acostumei a ver.

Tirei as chaves do bolso, com a mão trêmula, e tentei enfiar a chave na fechadura, mas a derrubei. Os dedos de Bryan tocaram minha mão quando me abaixei para pegar. Meu corpo sentia a falta da presença dele, até da forma como ele me tocava espontaneamente. Ele estendeu a mão para me entregar. Estava nervoso, queria Bryan longe e perto ao mesmo tempo.

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