Capítulo 31

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A pontada em minha cabeça me fez gemer, o que pareceu piorar um pouco mais a dor. Sentir ânsia, provavelmente causada pela pancada na cabeça, mas não havia nada em meu estômago para que eu pudesse colocar para fora. Abrir meus olhos lentamente, mas não havia luz. Demorei um pouco para perceber que havia algo bloqueando minha visão.

Maldita ânsia!

Puxei minha mão para levar até a área dolorida em minha cabeça, mas elas estavam atadas nas minhas costas. Minha mente ainda estava um pouco desnorteada. Minhas últimas lembranças eram confusas. Lembro-me sair do dormitório para encontrar com Tyson... TYSON!

Droga! Não me lembro de ter visto meu irmão em parte alguma. Esse deve ser mais algum joguinho sujo dele. Eu não devia ter confiado nele para chegar até meu pai. Isso estragou todo o plano. Isso não importa agora.

Esperei até eu conseguisse raciocinar normalmente, juntando todos os pedaços de memoria confusos em minha cabeça. Ouvi vozes distantes, sussurrando coisas que eu não conseguia compreender. O ar a minha volta era frio e húmido. Onde quer Tyson me levará, era silencioso, grande o suficiente para fazer com que as vozes se propagassem e com cheio de gasolina.

— Tyson? – o chamei. Mas não obtive resposta.

— Ele acordou. – uma voz feminina ecoou. A simples elevação de tom fez com que me encolhesse com a dor que se espalhou em minha cabeça.

Houve um curto período de silêncio, então ouvi passos em minha direção.

— Tyson? – sussurrei.

A risada sem humor provocou arrepios em meu corpo.

— Droga, Tyson.

— Pode tirar. – ordenou uma voz masculina anasalada.

Alguém puxou a corta que roçou a pele em meus pulsos, deixando uma leve ardência no local. Fui erguido com um empurrão, que me fez perde o equilíbrio por um instante. Levei a mão até a minha venda, arrancando-a. Meus olhos demoraram alguns segundos para poder se adaptar a luz do ambiente. Pisquei algumas vezes, até os carros a minha volta ficarem nítidos em minha visão.

Estávamos em algum tipo de garagem improvisada, com alguns carros espalhados. Como eu havia notado, o lugar era grande, porem vazio.

Uma garota, não muito mais velha do que eu, me encarava com curiosidade, com seus olhos esverdeados. Seu cabelo formava pequenas ondas por sobre seus ombros. Sua jaqueta cobria boa parte de suas silhuetas. Ao seu lado, um rosto que eu vi poucas vezes na vida, mas que eu reconheceria em qualquer lugar.

Adam Feldman me encarava com um olhar divertido. Sua barriga protuberante estava sendo esmagada pela camisa justa demais para o seu corpo. Um sorriso se formou em seus lábios quando ele notou a surpresa em meu rosto. Meu pai estava envolvido com Feldman para conseguir o dinheiro para sua fuga da prisão. Adam era um agiota de Chicago, conhecido como um cara de pouca confiança. Ele tinha fama de ser alguém tão sujo, que até mesmo pessoas como o meu pai evitavam manter contato com ele.

— Você se lembra de mim? – perguntou Feldman dando um passo na minha direção. — Há ultima vez que nos encontramos você ainda era um garotinho assustado de quatorze anos, escondido atrás de Tyler, enquanto eu e seu pai tratávamos de negócios.

Lembro-me dele procurando meu pai para financiar as lutas dos gêmeos. Mas meu pai recusou. Logo após Adam partir, ele nos disse para nunca confiar nele. Quase todo o trafico de Chicago era comandado por Feldman. Ele usava sua grana para realizar empréstimos a terceiros. Seus juros eram exorbitantes e quase sempre alguém se dava mal por pegar dinheiro emprestado com ele.

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