Capítulo 11

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Após uma aula entediante de cálculo, saí da classe acompanhado por David. Ele estava um pouco chateado por conta de uma conversa que tivera com seu pai, e por conta de seu ex-namorado, que ele acreditou que tivesse mudado depois dos dois terem passado duas semanas juntos em Juneau, mas as coisas permaneciam as mesmas entre os dois.

- Ele estava fofo numa semana e na outra volta a ser o babaca de sempre.

- Por que você ainda volta para ele? - questionei, já que não era a primeira vez que David reclamava das atitudes do ex/atual namorado. Eu nunca sabia o status de relacionamento dos dois. - Se ele te faz tão mal, você não devia simplesmente deixá-lo?

- Já tentei isso várias vezes. E sempre voltamos. - seus ombros caíram. - Já tentei me apaixonar por outros caras, mas nada dá certo.

Eu não conseguia compreender essa relação abusiva dos dois, mas, naquele momento, David precisava mais do meu apoio do que um sermão de como sair de uma relação abusiva.

- Você é uma ótima pessoa, David! Um dia, Kennedy ou qualquer outra pessoa vai perceber isso e saberá te valorizar. - sequei as lágrimas que começaram a escorrer em seu rosto e David me abraçou forte.

Fomos abordados por Bryan na entrada do dormitório.

- Como vai, David?

- Não muito bem. - David tentou usar o seu melhor sorriso. - Parece que vocês precisam conversar. Vou deixá-los e fingir que tenho algo de interessante para fazer. Até mais, Matt.

Ficamos observando enquanto David se afastava e entrava no prédio. Esperei que Bryan dissesse algo, mas ele apenas acendeu um cigarro, tragou e soprou a fumaça na direção oposta a nossa. Após nos beijarmos ha alguns dias, não nos falamos muito. Eu não conseguia olhar para Bryan da mesma forma que fazia antes. Naquela noite ultrapassamos o limite de nossa amizade e agora não fazíamos ideia do efeito disso.

Cruzei meus braços na altura do peito e me encolhi um pouco, tentando pensar em uma maneira de quebrar o gelo entre nós. Ele não iria falar nada, então resolvi que era melhor dizer alguma coisa.

- Você quer conversar comigo? - perguntei, observando a fumaça do cigarro de Bryan formar uma cortina entre nossos rostos.

- Não sei. Você quer? - ele ergueu uma de suas sobrancelhas. -Não sei que merda eu te fiz, mas você parece que quer fugir de mim.

- Deixa de bobagem.

- Acho que precisamos falar sobre o que aconteceu segunda à noite. - estreitou os olhos na minha direção. - Não podemos fingir que não aconteceu nada.

- Nos beijamos. Foi isso que aconteceu. - troquei o peso do meu corpo de uma perna para outra.

- Não foi apenas um beijo. - disse Bryan, irritado. - Você simplesmente saiu na manhã seguinte fingindo que nada aconteceu.

- Você está exagerando, Bryan. Eu apenas tinha aulas mais cedo na manhã de terça. Expliquei isso no bilhete. - revirei os olhos.

- Um bilhete? Depois de tudo aquilo? - jogou os braços para o alto. - Você podia ter me acordado!

- Você fala como se estivesse se importando muito. - bati com o dedo indicador em seu peito. - E toda aquela pose de "não me importo que você esteja aqui" durante o almoço?

- Desculpe, Gracinha, por não ter corrido atrás de você como venho fazendo há meses. - jogou o cigarro ainda aceso no chão. - Porque é isso que vem acontecendo com a gente. Estou sempre tentando fazer você perceber o que sinto. Mas parece que você não quer enxergar. - completa exasperado.

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