O campus ficaria vazio para o feriado de Ação de Graças, em menos de uma semana. Nos últimos dias minha única distração era o trabalho no Cybercafé, o restante do dia seguia no modo automático, eu praticamente tinha que obrigar meu corpo a realizar as mais simples tarefas. Evitei todos os lugares em que poderia encontrar Bryan e qualquer tipo de conversa que me fazia lembrar ele, além de manter meu telefone desligado a maior parte do tempo.
Soube que Liam teve uma melhora, depois de quase duas semanas em coma. A última vez que recebi uma mensagem - cheia de ódio - de Liz, ela me contou de que seu namorado já estava acordado e consciente, perguntando por todo mundo. Eu tentei ir ao hospital, mas enquanto estava na porta, encarando o fluxo constante de pessoas que entrava e saia do prédio, eu entrei em pânico.
Talvez você não está preparado para isso. Meu cérebro mentia para mim. Mas eu sabia que não precisava me preparar para isso. Talvez eu devesse mandar algo para ele, algo que dissesse que eu ainda me importo, mesmo não estando por perto.
Besteira, nada que eu fizesse poderia explicar.
Porem, não havia mais como adiar. O feriado estava próximo, Liam estava melhor, eu estava perdendo meus amigos, não tinha ideia de onde meu pai estava e se ele ainda pretendia me levar para México com ele.
Acordei mais cedo naquela terça gelada. O inverno já estava invadindo nossos dias e substituindo os dias ensolarados de Tucson. Quase não se percebia o clima desértico. Eu não iria assistir a minhas aulas naquela manhã. Já havia entregado todos os trabalhos programados e meu turno só começa depois de duas horas. Vesti um jaqueta por cima da camiseta e a fechei na altura do peito. Meus pés estavam frios dentro do meu Allstar, decidir que era hora de comprar um par de botas resistentes. Tom entrou no quarto, abraçando o corpo magro, com o tronco nu. Ele ergueu os olhos escuros e franziu o cenho.
- Está um pouco cedo, não? - perguntou ele, ao perceber que eu estava pronto para sair.
- Bom dia. - disse ignorando a pergunta. - Eu vou ficar no dormitório no feriado. Acho que você deveria saber.
- Por quê? - ele descruzou os braços. - Você não vai para a casa da sua amiga?
- Não. - coloquei a mochila nos ombros e passei por Tom. - Até mais.
Quando cheguei à frente do hospital, pensei em desistir novamente. Mas eu precisava encarar as coisas de frente. Liam merecia um pedido de desculpas sincero, pelo que a minha família causou a ele e por não ter estado ao seu lado durante as semanas que ele esteve na pior. Liam também merecia um pedido de desculpas, por abandona-la e ignorar suas mensagens e ligações.
Uma senhora simpática na recepção me deu um crachá de visitante, após me indicar o quarto onde meu amigo estava internado. Parei de frente para a porta fechada, respirei fundo, como se o ar pudesse me encher de coragem, e girei a maçaneta.
O quarto e iluminado, espaçoso e com cheiro de desinfetante. Ao contrario do que eu pensei, não havia ninguém ali, apenas Liam que assistia distraído a um desenho animado na pequena TV do quarto. Ele girou a cabeça com dificuldade, mas com um largo sorriso no rosto.
- Baby, você... - ele parou, me encarando por um instante, antes de voltar a falar. - Matt? Finalmente você apareceu cara. Estava começando a pensar que você não gosta de mim.
Fiquei impressionado com sua aparência. Não o vi após a equipe de bombeiros o levarem para a sala de cirurgia. Os enfermeiros disseram que era proibida a entrada naquela área do hospital. Liam tinha o braço esquerdo engessado, faixas que cobriam seu tórax e o lado direito da sua cabeça. O lençol cobria parte do seu tronco nu. Sua pele perdeu o bronzeado, ganhando uma aparência pálida e doentia. Ele também estava mais magro. Os músculos do braço, que costumavam ser protuberantes, agora estavam mais magros.
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No Limite
RomanceMatthew Carter quer recomeçar sua vida depois de vê-la desmoronar por completo. Tímido, Matt faz de tudo para passar despercebido pelas pessoas. Mas Bryan Collins está no seu caminho. O badboy, com abdômen definido, tatuagens e um ótimo poder de sed...