Capítulo 13

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Minha garganta e meu nariz ardiam. Havia algo estranho. Não conseguia respirar direito, o ar estava pesado demais e fazia meu peito queimar. Tossi. Meus olhos se abriram, ainda sonolentos, e instantaneamente começaram a lagrimejar. Havia um brilho estranho no quarto, um brilho que tomara conta da parede oposta onde minha cama ficava. Forcei meus olhos a se abrirem mais e foi quando notei o que realmente estava acontecendo. Fogo! Meu quarto estava pegando fogo!

Como aquele incêndio começou?

Em um movimento rápido, saí da minha cama em meio a fumaça densa que se formava dentro do quarto e caminhei em direção à porta. Tropecei em algo no meio do caminho, e precisei me apoiar na minha escrivaninha para não cair. Meu notebook ainda estava ali, da mesma forma como o deixei naquela tarde. Precisava salvar as minhas coisas antes que perdesse tudo. Joguei o notebook dentro da minha mochila, que estava sobre a cadeira, e fui em direção ao guarda roupa. O quarto costumava ficar iluminado com o brilho do luar, mas a fumaça bloqueava qualquer iluminação que vinha de fora. Não conseguia enxergar e meus pulmões pediam por ar. O suor brotava em meu rosto, o líquido salgado escorria, fazendo meus olhos arderem. As chamas se espalharam sobre a cama de Tom e consumia seus pôsteres sobre a parede.

Tom? Onde será que ele estava? Nada indicava que ele estava no quarto.

Encontrei minha mala no fundo do armário e a puxei para fora, jogando dentro dela o máximo de coisa que minhas mãos encontravam. Minhas tosses estavam se tornando frequentes, já não existia mais ar em meus pulmões, não conseguia respirar sem inalar fumaça. Forcei minha mente a trabalhar para me tirar dali, precisava me concentrar para lembrar o que precisava fazer em incêndios. Me manter abaixado! Deitei no chão e inalei o máximo de ar puro que consegui, acima de mim já não se via nada além da fumaça densa e escura. Cobri meu nariz com uma camisa que encontrei no guarda roupa e comecei a me arrastar para sair do quarto.

Algo estava ficando para trás! Meus discos! Eles eram importantes para mim. Eram lembranças que eu não queria perder. Precisava ser rápido. Me arrastei até estar próximo a minha escrivaninha, levantei e fui envolvido pela fumaça.

Minhas roupas estavam encharcadas de suor, meus olhos estavam secos, mal conseguia mantê-los abertos. Minhas narinas queimavam e meus pulmões doíam na tentativa de conseguir um pouco de ar. Sentia um bolo se formar na minha garganta e sentia a necessidade de colocar aquilo para fora. Precisava me esforçar para tossir, o que não me ajudava muito, pois me causava mais dores. Meus dedos tocaram nos discos enfileirados sobre minha escrivaninha, mas não tive força para puxá-los. Desabei de joelhos, tentando inutilmente respirar.

Não havia mais jeito. As chamas se espalharam pelo quarto e se aproximavam da minha cama. Não demoraria a me alcançarem. Tentei levantar mais uma vez, me apoiando sobre a escrivaninha. Minhas pernas vacilaram e bati com meu rosto na quina. A dor se espalhou por baixo do meu olho direito. Tentei soltar um palavrão, mas se abrisse minha boca iria inalar mais fumaça.

Uma batida forte ecoou pelo quarto, e se repetiu mais de uma vez. O barulho de algo despencando no chão, me fazer sobressaltar. Tentei fazer com que meus olhos se mantivessem abertos, quando notei um brilho a uma curta distância. O barulho de vozes entrou pelo quarto, junto com o de sirenes. Imediatamente, o som de gritos invadiu minha cabeça. Vi várias pessoas correndo ao meu redor. Elas estavam fugindo, olhando em minha direção com o pavor nos olhos.

Um vulto surgiu em meio a fumaça. A imagem das pessoas fugindo sumiram, permanecendo apenas os gritos e os sons de vozes abafadas. O vulto ganhou forma à medida que se aproximava de mim, alto e com ombros largos. Corria em minha direção lentamente.

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