Capítulo 23

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Minha mãe estava sorridente ao meu lado, então ela percebeu minha mudança de humor. Mark olhou de mim para Bryan, estranhando nossas reações.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntou Henry, se aproximando de nos. - Vocês ficaram estranhos de repente.

- Nada. - forcei um sorriso. - Fiquei surpreso em ver o Bryan. Nos conhecemos da universidade. Fomos da mesma classe de biologia, no semestre passado.

- E... - Bryan coçou a cabeça. - Você nunca me disse que era filho da Cami.

- Eu não sabia que minha mãe e casada com o seu pai. - dei de ombros, tentando parecer indiferente com a sua presença.

Aquilo era algum tipo de brincadeira. Pegadinha que assistimos na TV, ou apenas um daqueles sonhos que parecem ser real. Mas não havia graça e nem sonho algum. Era apenas o destino brincando mais uma vez comigo. Eu não conseguia processar a ideia de Bryan ser enteado de minha mãe. Por que eu nunca soube disso? Ele não falava muito da sua vida, depois que o pai dele casou-se novamente. Eu não falava muito da minha mãe, nem de quase nada do meu passado.

- Isso e coisa do destino. - minha mãe cantarolou, me puxando para a mesa, me arrancando dos meus pensamentos confusos. - Quem poderia imaginar vocês se conheceram na universidade e não sabiam que são quase irmãos.

- Não força, Cami. - Bryan revirou os olhos.

Mark puxou a orelha do filho, lançando um olhar de reprovação.

- E muito receber você em um dia especial como esse. - disse Mark, sentando na cadeira que ficava na extremidade da mesa. - Sua mãe sentiu muito a sua falta durante todos esses anos.

Mesmo com meu esforço para disfarça, o clima ficou tenso entre mim e Bryan durante o jantar de Ação de Graças. Mas o restante da família pareceu não notar o que estava acontecendo. Como eu me lembrava, a comida da minha mãe estava deliciosa. Havia o sentimento de cumplicidade entre a nova família de minha mãe, que eu não me lembro de termos compartilhado na minha curta infância ao seu lado. O trabalho secreto de meu pai desestruturou qualquer chance que tivemos de sermos tão unidos como os Collins. A única coisa que nos unia era a vida ilegal para qual fomos arrastados.

Henry e Mark se esforçaram para que eu me sentisse confortável. Eles pediram para que eu fizesse uma oração antes de comermos e o primeiro pedaço do peru foi servido a mim. Eu ainda me sentia deslocado, mas aos poucos percebi o quão os três brutamontes fizeram bem a minha mãe. Depois do jantar, ajudei minha mãe com louça, enquanto os Collins se aconchegaram na sala para assistir uma partida de basquete, que Henry havia gravado.

- O que achou? - perguntou minha mãe, enquanto me entregava um prato para enxugar.

- O que? - me apoiei no beiral da pia.

- Os garotos. Eles são uns amores!

- Ah, claro! - sequei o prato e o coloquei junto com a pilha que seria guardada no armário. - Você finalmente encontrou o seu lugar.

- Aqui pode ser o seu lugar também. - seus olhos brilharam.

Franzi o cenho para essa possibilidade. Não queria magoa-la, mas não estava nos meus planos me juntar a família dela.

- Acho que não. - fiz uma careta. - Eu não vim para ficar, mãe. Eu precisava te ver, saber como você estava, questionar sobre o passado. Mas não para ficar. Essa e a sua vida, não a minha.

- Pode ser a sua família. - ela disse com a voz embargada.

- Eu já ganhei uma nova família. Quando Robb se tornou meu guardião legal, que lutou para me livrar das merdas do meu pai. Eu ganhei uma nova família.

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