No Limite

Capítulo 24

O quarto de Bryan não se parecia em nada com o do apartamento. A cama de solteiro, que parecia pequena para ele, ficava no centro do quarto. O guarda roupa pequeno passava quase despercebido, escondido ao lado da entrada do quarto. Não havia muito espaço, nem TV ou qualquer tipo de eletrônico. Sobre a escrivaninha, havia portas retratos, com um garotinho de olhos grande, expressão carrancuda e um pouco de anseio. Em algumas ele aparecia ao lado de um garoto ainda menor, com os olhos brilhantes e sorriso largo.

Era estranho está dentro de um mesmo quarto com Bryan, com tantos sentimentos confusos dentro de mim querendo sair. A distância entre nos era mínima, não havia para onde ir, sem que nos esbarrássemos. As batidas do meu coração eram lentas e fortes, como tambores dentro do meu peito, ecoando as batidas pelo meu corpo.

Bryan abriu a boca para falar, mas o interrompi.

- Não estou aqui para conversar! - disse, indo em direção a janela, que o mais longe que eu poderia ficar dele.

- Tudo bem. - ele se virou e pegou diversas cobertas dentro do guarda roupa, que usou para fazer uma cama no chão, sobre o tapete. Bryan me entregou algumas peças de roupa dele, para que eu vestisse para dormir. - Parece que você não trouxe nada para dormir.

- Obrigado. - disse, pegando as peças, tomando cuidado para tocar em sua mão.

Sem se importa com a minha presença, Bryan tirou seu jeans e o jogou sobre a cadeira da escrivaninha, junto com sua jaqueta. Desviei os olhos quando ele puxou a camiseta por cima de sua camisa, revelando os músculos rígidos. Tive um sobressalto ao senti-lo próximo a mim.

- Vou fechar a janela. - ele passou o braço por cima de mim. Ouvir o click do trinco da janela, enquanto encarava seus olhos cálidos. - O vendo pode abri-la a noite.

Besteira!

- Você pode...? - sinalizei com o dedo para que ele se virasse. - Preciso trocar de roupa.

Ele riu e deslizou o polegar sobre a minha bochecha.

- Como se eu nunca o tivesse visto sem roupa.

- Cala a boca. - franzi o centro e afastei sua mão. - Agora se vira, antes que eu resolva voltar para o quarto do Henry.

Ele bufou e se virou, sem se afastar.

Tirei minhas roupas, vestindo a camiseta branca e o moletom que praticamente me engoliu.

- Você dorme na cama, Gracinha. - Bryan deitou na cama improvisada.

- Boa noite, Bryan. - disse, me arrastando para debaixo das cobertas.

Por mais que eu tentasse dormir, ainda continuava encarando os flocos de neve que caiam lentamente do lado de fora. A respiração uniforme de Bryan quebrava o silêncio do quarto. Era estranho está dividindo o mesmo espaço que ele, depois de das semanas em que estamos separados. Minha mente ainda tentava processar a informação de que ele e enteado de minha mãe.

Como eu vim parar nessa situação?

Cansado de permanecer deitado, resolvi ir até a janela, onde fiquei observando a rua vazia. Os flocos começavam a grudar no gramado, em poucos dias estará tudo coberto, preparado para o Natal. Eu estava ansioso para sair daquela casa. Foi um erro permanecer ali, com Bryan e a nova família da minha mãe. Eu não pertencia aquele lugar e mal conseguia respirar sem pensar que Bry estava a menos de um metro de mim.

- Jesus, como está frio fora da cama. - Bryan resmungou atrás de mim. Tive um sobressalto e me desequilibrei. - O que você está fazendo aqui?

Ele puxou um dos cobertores da cama e o usou para me envolver.