Capítulo 16

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Sentiram saudades, serumaninhos?


Uma chuva de lembranças invadiu minha mente quando Bryan parou o carro em frente o prédio com fachada de tijolos. Entre todos os outros edifícios modernos que o rodeava, sua aparência mesmo um tanto antiquada ainda possuía seu charme. Mas ele passava despercebido pelas pessoas que não sabiam apreciar a beleza em cada tijolo gasto para montar a fachada, ou o letreiro - que foi reformado alguns anos - com luzes em neon para atrair seus clientes. O Billy's era o meu lugar favorito em alguns anos, onde o mundo ao meu redor parecia ganhar algum sentido, mesmo tão longe de casa.

Cruzei os braços sobre o peito e encostei-me ao Mustang. Bryan se aproximou encarando o prédio, admirado, ele olhou ao redor com diversas motocicletas estacionadas entre carros e caminhonetes antigas. Apontei para a entrada do bar, onde a música alta se fazia presente.

- Como você conheceu esse lugar? - perguntou Bryan, com os olhos vidrados nas motos ao nosso redor.

- Vamos entrar que eu te conto lá dentro. - peguei em sua mão e o puxei para entramos no bar.

Algumas pessoas, que viraram para ver quem estava chegando, ficaram surpresas. Os olhos esbugalhados, a boca entreaberta e os sussurros que começaram a surgir, espalhando rapidamente o boato até atiçar a curiosidade de todos.

O pouco espaço no Billy's nunca foi um problema, ao contrário, era uma das características que fazia as pessoas amarem o bar. As poucas mesas ficavam espalhadas para dar espaço à circulação dos frequentadores. As paredes tinham pôsteres de astros do rock e blues. Caminhamos até o balcão, onde mais fotos pôsteres estavam pendurados ao lado de algumas fotos antigas do bar e fotos autografadas por famosos e eram exibidas como troféus. O homem, de pouco mais de vinte e quatro anos, expulsou os bêbados que atrapalhavam a sua visão do salão. Seus olhos cor de mel nos analisaram de cima a baixo, as marcas de expressão surgiram quando seu sorriso se alargou, exibindo os dentes perfeitamente alinhados e brancos.

- Jesus Cristo, você é mesmo real, ou todo esse tempo rodeado de bêbados está afetando minha cabeça? - Billy serviu dois copos grandes com cerveja e colocou sobre o balcão.

Conheci Billy quando o bar ainda era de seu pai. Ele o seguia para todos os lados, aprendendo ainda adolescente a gerenciar o negócio da família. Ele não era mais um adolescente magricela, nem seguia mais seu pai. Os braços finos e aparência de garoto deram lugar a músculos avantajados, barba por fazer e algumas rugas pelo longo trabalho no bar.

- Sou bem real. - disse, ocupando um banco de frente ao balcão. - E esses bêbados estão mexendo com a sua cabeça.

Ele colocou as mãos sobre a barriga e riu alto.

- Atenção bando de vagabundos. - gritou Billy, chamando atenção de todos. - Matthew Carter está de volta!

Gritos seguidos de assovios superaram o volume da música. Billy ergueu um copo e virou o líquido transparente na boca.

Com tantos caras grandões, tatuados e com olhar de poucos amigos, muitos pensariam que era encrenca estar naquele lugar. Foi o que eu pensei quando Tyler me arrastou para cá cinco anos atrás.

- Fico feliz que esteja de volta, Matt. - Billy apertou meu ombro direito. - O que o traz ao meu humilde estabelecimento?

- Estava de passagem e resolvi entrar. - dei de ombros.

- Ninguém "está de passagem" por Los Angeles. Com o que você está metido dessa vez? - ele olhou de mim para Bryan. - Quem é o garotão aqui?

- Esse é o Bryan. - disse apontando para o meu namorado, que observava a conversa com cara de paisagem. - Bry, esse é o Billy.

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