Eu não conseguia compreender como ainda tinha força para segurar o telefone. Por um momento acreditei ter deixado meu corpo. Meus amigos esperavam por qualquer reação minha, mas o pavor havia me dominado de tal forma, que me deixou estático. Havia muito ruído no outro lado da linha, eu conseguia ouvir a voz de Tyson dando ordens a outra pessoa e a respiração pesada de meu pai, esperando que eu lhe cumprimentasse ou dissesse qualquer coisa.
- Perdeu o respeito garoto? - a voz rouca de meu pai foi como um tapa no meu rosto. - Ainda se lembra de que tem um pai?
- Não... Não pode ser verdade. - sussurrei. - Você me abandonou. Mandou que o Tyson me deixasse com Robb.
- Você ficou em boas mãos, garoto. - disse meu pai impaciente. - Mas vamos falar do que realmente interessa. - meu pai limpou a garganta, antes de continuar falando. - Tyson lhe explicou o que você deve fazer?
- Já disse, me deixem em paz. Eu não vou voltar para essa merda de vida. - rosnei.
- Não? - a risada alta de meu pai ecoou dentro do meu ouvido, me forçando a afastar o celular. - Então você pode me explicar o que está fazendo com um garoto, que disputa rachas para sobreviver na faculdade?
- E diferente! - falei. Mesmo sabendo que não. As coisas com Bryan eram diferentes, mas podiam tomar um rumo que eu já conhecia.
- Tanto faz. Escute aqui garoto. Em dois dias, eu vou para o México, espero que você esteja pronto. - disse meu, seguido por um longo silêncio no telefone.
Pensei que ele pudesse ter desligado, mas eu ainda escutava o ruído do outro lado da linha. Bryan me encarava apreensivo, perguntando o que estava acontecendo.
- Presta atenção, caçula. - a voz de Tyson me assustou. - Já está na hora de parar de brincar de casinha.
- O que você quer dizer com isso? - perguntei seco.
- Que você vem conosco. - pude imaginar o sorrir surgindo no rosto do meu irmão.
Olhei para a Bryan, a poucos centímetros de mim. Meu coração gelou.
- Nem fudendo! - gritei.
- Você não tem muita escolha. - falou Tyson com um tom de indiferença. - As coisas podem ficar bem feias para o seu namorado. Nosso velho precisa de você, não o deixe irritado.
Ele desligou antes que eu pudesse discutir. Não, não, não... Isso não podia está acontecendo. Não depois de tanto lutar para deixar toda essa droga de vida para trás. Cair de costas no sofá, deixando as lagrima transbordarem pelo meu rosto.
Um buraco poderia se abrir no chão e me engolir, ou o mundo poderia termina naquele momento, que nada me importaria. Qualquer coisa era melhor do que estava acontecendo. Talvez fosse o destino, me mostrando que eu não conseguia fugir de quem eu era. Não importa para o quão longe eu fuja, ou eu tente esconder. Minha vida era ferrada. E eu poderia prejudicar todos que estavam a minha volta.
- Era o Jim? - perguntou Liz atônita. - Meu Deus, Matt. Precisamos ligar para o meu pai. O que aquele desgraçado quer com você?
Mesmo estando de olhos abertos e encarando os três a minha frente, eu estava em outro lugar. Liz e Liam discutiam, enquanto Bryan esperava por qualquer palavra minha. O telefone escorregou da minha mão, espatifando no chão. Olhar para a Bryan fazia meu coração se despedaça em mil pedaços. Qualquer decisão errada e ele pagaria pelas consequências. Eu precisava contar, mas não estava preparado para isso.
- Temos que dar um jeito de entrega-lo. - Liz pegou o celular no bolso do seu jeans.
- Não. Ele pode revidar. - falei desesperado. Primeiro encontramos o apartamento destruído, o próximo podia ser Bryan ou Liam, até mesmo Liz. - O incêndio, Tyson, o apartamento, agora o meu pai. Minha vida está virando um inferno.
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No Limite
RomanceMatthew Carter quer recomeçar sua vida depois de vê-la desmoronar por completo. Tímido, Matt faz de tudo para passar despercebido pelas pessoas. Mas Bryan Collins está no seu caminho. O badboy, com abdômen definido, tatuagens e um ótimo poder de sed...