Você já teve a sensação de ter algo sendo tirado do seu corpo. Algo deixou de me pertencer quando virei às costas para Bryan e o deixei sozinho no estacionamento. Talvez fosse algo que já não me pertencia mais desde o dia que admitir que o amo. Seja como for, fisicamente eu estava inteiro, mas sabia que não sobrara nada dentro do meu peito.
De forma automática, levei o garfo até a boca e engolir a comida sem mastigar. O refeitório da faculdade estava agitado, como de costume, mas eu quase não percebia a vida ao meu redor. Sentei em uma mesa afastada, longe o bastante da mesa onde costumava sentar. Ouvir o barulho da cadeira sendo arrastada ao meu lado, mas não me dei ao trabalho de ver quem era. Levantei o suco de caixinha e suguei o liquido pelo canudinho.
- Você parece um pouco distraído. - a voz grave me fez virar o rosto. Kevin estava abatido, mas ainda assim o seu sorriso ainda era radiante. - Os garotos Kappa Sig estão mal. O Liam e um cara legal!
- Sim, um cara legal! - repetir.
- Achei que você estava no hospital. - disse Kevin, mordendo a maça na sua bandeja.
- Não gosto de hospitais.
- Ei. - Kevin colocou a mão no meu ombro. - Ele vai sair dessa. O Liam e forte. Ele tem a todos nos do lado dele.
- Obrigado! - falei, pegando a mochila pendura no encosto da cadeira. - Eu preciso ir. Tenho que encontrar um emprego.
Levantei, pegando a bandeja com a comida quase intocada.
Eu já estava uma boa distancia, quando Kevin me chamou. Ele correu na minha direção.
- Está precisando de um emprego? - ele passou a mão pelos longos fios dourados.
- Preciso pagar as contas. - dei de ombro.
Ele riu baixinho e concordou com um aceno de cabeça.
- Acho que tenho algo para você. - disse Kevin me puxando de volta para a mesa onde estávamos sentados. - Não e grande coisa, mas já e uma grande ajuda. Meu pai e dono de um Cybercafé, que fica nos arredores do campus. Estamos precisando de um atendente, o salario não e grande coisa. Bem... se tiver interessado.
- Serio? - acho que foi a primeira vez que sorrir em dois dias.
- Aqui. - ele pegou um guardanapo e uma caneta do bolso do seu jeans. - O endereço. Passe lá a hora que você quiser.
- Obrigado, Kev. - dobrei a pedaço de papel e o apertei entre minhas mãos, como se minha vida dependesse daquilo. Na verdade, dependia muito.
∞
Eu estava completamente perdido sem o Bryan. Os meus dias voltaram para a rotina sem graça de antes. Collins me proporcionava uma emoção nova a cada dia. Eu gostava da forma como ele me olhava, o jeito de me tocar, até o ciúme. De alguma maneira, Bryan me fazia ser único, de uma forma que eu não sentia desde que Tyler se foi. Talvez eu estivesse destinado a perde as pessoas que eu amo, ou não merecesse o amor delas.
Peguei o celular sobre a cama e notei que havia varias mensagens de texto de Liz. Não nos falávamos desde o dia que deixei o hospital. Liam permanecia desacordado e os médicos diziam que ele podia acorda a qualquer momento.
"Onde você está? Preciso de você!"
Joguei o celular de volta. Eu não sabia o que fazer. Não conseguia voltar ao hospital ou ver Liz, sem me sentir devastado por dentro. Eu não conseguiria encarar Bryan. Eu sou a porra de um covarde, que não consegue lidar com os seus problemas.
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No Limite
RomanceMatthew Carter quer recomeçar sua vida depois de vê-la desmoronar por completo. Tímido, Matt faz de tudo para passar despercebido pelas pessoas. Mas Bryan Collins está no seu caminho. O badboy, com abdômen definido, tatuagens e um ótimo poder de sed...