1 - where am I?

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08:56am

Quando acordo, a primeira coisa que sinto é frio. Logo depois, uma dor infernal na cabeça, como se meu cérebro estivesse sendo pressionado. E logo depois, no estômago. E na garganta. E logo todo o meu corpo dói.

Abro os olhos e tudo o que encontro é uma parede pintada de azul claro. Uma cortina branca balançando devagar. Um ventilador rodando devagar, fazendo barulho.

Onde diabos eu estou?

Antes que eu comece a forçar minha mente para tentar lembrar de alguma coisa, algo estala ao meu lado. E depois, uma risada baixinha entra por meus ouvidos. Uma risada alegre. Cheia de vida. Uma risada que não se encaixa naquele ambiente triste e sombrio. Meu corpo dói, mas me forço a virar para ver quem tem aquela risada adorável.

— Acho que deviam ter camas melhores para pessoas que são obrigadas a passar a maior parte do tempo deitadas. Essas camas fazem mais barulho do que o papai roncando.

A gargalhada invade o quarto de novo. Leve como a de uma criança. Forço meus olhos na direção da garota deitada na cama. Ela não é uma criança. Não mais. Os cabelos castanhos que costumavam ser cortados na altura do ombro já chegam até a cintura. O corpo magricela definitivamente havia se desenvolvido. A única coisa que eu não podia ver eram seus olhos, que agora estavam cobertos por uma espécie de venda. Daquelas que você usa para dormir.

—C-Camila?

—Oi. Parece que somos colegas de quarto de hospital, uh?

Fecho os olhos quando todas as memórias me atingem. O último dia de aula antes das férias. As coisas cruéis que as garotas na escola diziam. As lágrimas descendo por meu rosto sem que eu pudesse ter controle. Camila Cabello. Camila Cabello me defendendo de forma bela e corajosa ao lado de suas melhores amigas. O seu desmaio repentino. A forma como todo o meu ódio pelas garotas e minha vontade de acabar com elas desapareceu assim que eu vi Camila caída no chão, sem dar sinal algum de vida. A forma como eu percorri cinco quarteirões até o hospital com a garota em meus braços, chorando por todo o caminho.

A forma como, mais tarde, a dor de dentro tornou-se tão insuportável que eu precisei tentar minha última forma de mandá-la embora por um bom tempo. Mas as coisas acabaram indo bem mais longe.

—Você é uma heroína, sabia? —Sua voz é suave. Heroína. Não, eu não sou uma heroína.

—Não — É tudo o que eu digo.

—Ora, é claro que é. Se um dia me dissessem que alguém me carregaria no colo, correndo, por cinco quarteirões, eu diria que se não fosse a Dinah, ou Dinah e Normani juntas, ou Dinah e Normani com Ally gritando atrás para irem rápido — Ela gargalha com o próprio pensamento —Seria alguém muito especial. Um herói. Ou uma heroína. Você.

Arrumo minha posição na cama, voltando a fitar a parede. Todo o meu corpo dói, e eu aposto que fizeram algo para tirar todos os remédios de dentro de mim. É claro que fizeram.

— Eu só quis retribuir o que você fez. Ninguém se importa em me defender, então... — Respiro fundo. Não. Pare. Está falando demais — Eu só não deixaria você ali daquele jeito, Camila.
—Não tem que se explicar, Lo. Somos amigas. Amigas ajudam amigas.

Amigas. Penso naquela palavra. Não, eu não tenho amigas. Ela não é minha amiga.

—Camila, não somos amigas. Não nos falamos desde que eu tinha onze anos.

Não tenho resposta. Só consigo ouvir o barulho do ventilador. Aquele maldito ventilador. Aquele maldito quarto de hospital e o maldito motivo pelo qual eu estou nele.

Qual será o motivo dela?

— Camila.

Chamo seu nome devagar. Mas a resposta não vem. De novo. Me viro com toda a dor no corpo apenas para encontrar a garota da doce risada imersa em um sono tão tranquilo quanto o de uma criança.

Minhas respostas ficarão para depois. Ela tem tempo.

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Ei, pessoinhas. Passei aqui rapidinho pra dizer que eu estou me desfazendo em insegurança por estar postando, mas estou, porque essa fanfic tem um significado enorme pra mim. Espero que gostem.

@cabellsfairy97

La VieOnde histórias criam vida. Descubra agora