33. home

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Por uma semana, os professores nos bombardearam com testes e trabalhos. Por uma semana, eu vi todas as pedrinhas e as montanhas no caminho enquanto corríamos contra o tempo. Eu precisei passar mais tempo na casa de alguém fazendo todas as tarefas e trabalhos e estudando, ou dentro do quarto, tentando focar, porque a ansiedade não me ajudaria se eu facilitasse. E eu vi meus colegas envelhecendo cem anos de tanta preocupação por causa dos exames que não eram nem mesmo os finais, e compreendi quando vi a ansiedade nos olhos de todos eles. "Você passa por isso todos os dias?", Mani perguntou, e me abraçou quando assenti. Eles entendiam. Eles sentiam. Por uma semana, nossas mentes transformaram uma semana de provas em um inferno, e a corrida com o tempo ficou mais difícil.

Mas pela mesma semana, Camila esteve lá. Nos encontramos em dois dias de sorte, por alguns minutos, e tudo o que fizemos foi abraçar com toda a força. Ela disse que estava me passando forças. E eu acreditei, e fiquei mais forte. Nos falamos pelo telefone todos os outros dias. Às vezes, ela só ficava em silêncio, ouvindo minha respiração enquanto eu estudava. Às vezes, conseguia me sentir apenas por uma respiração mais pesada. E então dizia, no tom mais doce possível, "Descanse, meu amor, você e sua mente merecem. Eu chamo daqui a meia hora". Ela chamou, todas as vezes. E ficou comigo por mais quanto tempo aguentasse, ou por quanto tempo eu precisasse.

Ela foi minha casa porque eu podia descansar em sua voz.

Na sexta feira, assim que saí da escola, ela foi a primeira coisa que vi do lado de fora, ao lado de Sofi e ao lado da minha mãe. Minha mãe havia ido me buscar na escola pela primeira vez depois de anos. Chorei enquanto abraçava as três. Finalmente, a tempestade havia acabado.

Agora, é uma manhã de sábado. Depois de passar o resto da sexta com minha mãe, depois de jantarmos e rirmos, e nos abraçarmos como se quebrássemos mil barreiras de uma vez só, eu tinha que ir para a casa ao lado. Ela sabia que eu tinha. Tia Sinu sabia, Tio Ale e Sofi também. Cada ser vivo da terra sabia que eu precisava correr para os braços da garota de cabelos castanhos, porque ela era minha casa, para onde eu sempre corria no fim do dia. Nós nos abraçamos quando cheguei, e caímos na cama, e então caímos no sono. Nenhuma palavra. Simples assim. E agora eu estou olhando para ela, tentando não piscar, não perder por um segundo a chance de olhá-la. Uma faixa de luz entra pela janela e ilumina seu rosto, mas ela não parece incomodada. Seu sono parece mais forte do que isso.

Deslizo o nariz por sua pele, suavemente. Pelo pescoço, pelo queixo, pela bochecha, até encontrar seu cabelo com cheiro de shampoo de banana. Aquele cheiro me leva para bem longe, quando ainda éramos garotinhas. Me vejo fazendo a mesma coisa com 8 anos. Nós nunca mudávamos.

Camila me puxa para perto, e resmunga alguma coisa. Percebo que ela já está acordada, mesmo que pouco. E apesar de querer deixá-la descansar, estou morrendo para ouvir sua voz há muito tempo.

- Achei que o sol precisasse acordar cedo para iluminar o mundo - Beijo sua bochecha, tentando sussurrar baixo o suficiente para não assustar. Ela deixa um sorrisinho escapar. Está mesmo acordada. Fale, Camz. Fale.

- Huh, e o que é... aquela estrela quente e... brilhante no céu?

A voz rouca vem como a voz de uma criança. Seus olhos ainda estão fechados.

- Aquele é o sol dos outros seres. Você é o meu sol.

- Será que o seu sol... não pode ter um desconto... e dormir por mais algumas horinhas?

Não tenho tempo de responder. Ela esconde o rosto em meu pescoço e me aperta tanto que parece que vamos virar uma só, literalmente. Aproveito o abraço. Perco minhas mãos em seu cabelo, com os olhos fechados, sentindo a paz daquele momento. Me permito fingir por segundos. Fingir que a doença não existe. Nenhuma delas. Fingir que nada de ruim existe fora daquele quarto. Só nós existimos. Nós e o amor. E vamos viver para sempre. Vendo todas as coisas bonitas e as sentindo.

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