26. trying.

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Ei, pessoinhas. Esse capítulo é importante, mesmo que eu tenha morrido pra fazê-lo. Às vezes as coisas ficam complicadas e eu demoro um pouco, mas sempre estou por aqui.

xx

Camila ficou comigo até que a noite caísse sobre nós. Eu havia passado um dia e em uma cama e não me sentia mal por isso, porque ela estava ali do meu lado. Tão delicada. Quando acordou, nós conversamos um pouco, e ela me pediu para tentar uma psicóloga.

"Eu vou estar aqui, Lo. Mas não posso fazer isso sozinha", ela explicou. E não fez com que eu sentisse que era um fardo. Fez com que eu me sentisse cuidada.

Depois de mais alguns minutos de conversa, e um selinho demorado, ela teve que ir. Me ofereci parar deixá-la em casa, mas ela disse que estava tudo bem, e que "ceguinhos conseguiam se guiar". Então, eu a deixei ir. Isso sempre parece a parte mais difícil.

Precisei de mais um dia inteiro para me recuperar da crise e mais meio dia para tomar coragem e finalmente ligar para Dinah. Ela demora um tempo para atender, e quando finalmente atende, só consigo ouvir o som de alguém correndo, e então uma voz infantil anunciando "é pra você"

- D-Dinah?

- É claro que é pra mim, é meu celular. Obrigada, amor, vai brincar. Ei, sou eu.

- Sua irmãzinha?

- Nah, Seth. Regina foi brincar com a Sofia. Tá tudo bem com você? Você só me liga quando... você não me liga, na verdade. É alguma coisa com a Camila?

- Não - Respirei fundo - É e não é. É algo com... vocês, também. Lembra daquele dia na minha casa, quando vocês... meio que se ofereceram para ir até uma psicóloga comigo? Acho que hoje é o dia. E-Eu quero melhorar por ela.

- Lauren Jauregui, eu estou muitíssimo orgulhosa de você. Eu vou chamar as meninas até aqui e nós vamos te buscar na sua casa. Mas eu quero que você saiba de uma coisa. Camila quer que você melhore, mas não por ela. Por você.

Antes que eu possa responder, a ligação acaba. Começo a processar aquelas palavras e continuo enquanto me preparo para sair. Melhorar por mim? Amor próprio era algo que eu definitivamente não tinha ainda. Como poderia melhorar por mim?

Quando a campainha toca, desço correndo e encontro minha mãe na cozinha. Eu não havia visto ela no dia anterior e isso não era nada novo. Provavelmente porque eu estava trancada dentro do quarto e porque era dia de trabalho. Ela me olha de cima a baixo, como se não conseguisse me reconhecer. Depois de alguns segundos olhando, me olha nos olhos e sorri de canto.

- Você está bem? - Pergunta. Minha resposta vem rápida e seca sem que eu queira.

- Você quer saber? - Sei que não devia ter feito isso. Já havíamos passado por cima desse assunto e agora eu causaria mais problemas. Mas minha mãe não recuou como sempre fazia. Não chorou e nem fugiu. Apenas engoliu em seco, e me olhou bem nos olhos.

- Eu quero - A resposta me surpreende. As meninas e a campainha tocando não existem mais por um segundo. Encaro minha mãe, que parece agora insegura com sua resposta. Mas então eu respondo.

- Eu estou tentando. E-Eu... vou sair com as meninas agora... Eu vou... Vou tentar conseguir uma consulta com... com um psicólogo, ou uma psicóloga, sei lá.

Seus olhos brilham. Um brilho que eu não vejo há anos e que ilumina meu mundo inteiro. Ela sorri, e dá um passo a frente, mas parece se conter. Eu estou sorrindo porque é inevitável não sorrir. Nós estamos interagindo. E eu não me sinto terrível. Ela quis saber.

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