- Camz, não.
- Lolo!
- Camila, eu não consigo falar nada perto da Dinah. Ela é uma leoa com você.
- Meu Deus, eu te protejo. E ela não é um monstro. Aliás, todas elas são incríveis. Vai, Lo. Por favor.
Respiro fundo antes de assentir para Camila, e ela quase pula na cama. A latina estava tentando me convencer de que trazer suas amigas até ali seria um bom programa para a tarde já que eu ficaria sozinha em casa de qualquer forma. E aquilo estava me deixando apavorada simplesmente porque Dinah Jane estava entre essas amigas. E eu tinha alguma coisa tipo... DinahJanefobia.
- Pronto, Lo. Só...
Camila cai ao meu lado e respira fundo, com uma mão na cabeça. Seu rosto vermelho e sua expressão de dor fazem meu coração apertar.
- Camz, t-tá tudo bem?
- S-sim, L-L...
- Deus, Camz.
Puxo o corpo da menor para cima do meu quase em desespero, e ela deita a cabeça em meu ombro, o corpo totalmente mole. Mas seu sorriso de canto está lá, continua lá enquanto eu afasto o cabelo do seu pescoço e enquanto eu seguro seu rosto, checando a temperatura e a pulsação.
- Eu estou doente há tanto tempo e às vezes ainda esqueço. Mas o câncer não gosta de ser esquecido - Camz ri baixinho, sem humor - Não é louco que eu me sinta tão viva e esteja morrendo?
Não tenho nenhuma resposta senão abraçá-la e deixar que ela me abrace com a força que consegue. Ainda não sei como tudo isso aconteceu, mas estou tão grata por poder abraçá-la de novo quando eu não faço ideia do que dizer. Ela desliza uma mão por meu braço, passa pela pulseira, até alcançar minha mão, trêmula, gelada e suada.
- Lo, você tem mais medo disso tudo do que eu tenho.
Quando olho para nossas mãos entrelaçadas, tudo o que eu quero é dizer minhas mãos não estão quase se desfazendo por medo. Pelo menos não só por medo. Minhas mãos estão se desfazendo pelo mesmo motivo que o meu coração está sapateando, e meu estômago está se revirando quase dolorosamente. Por ela. Se Camila Cabello soubesse o que causa nas pessoas...
- Será que eu estou atrapalhando o casalzinho aí? - A voz familiar quase me faz cair, mesmo que eu esteja na cama. Não. Ela não pode não ter vindo tão rápido. Camila segura em meus ombros, me impedindo de soltá-la. Oh, não, de novo.
- Oops, Chee. A Lolo fica realmente irritada quando somos interrompidas.
Dinah me olha e eu juro que vou desmaiar porque todo o meu sangue se concentra em meu rosto. Eu devo estar tão vermelha, e minha expressão deve ser tão assustada, que ela começa a rir. E Camila também.
- C-Ca...Camz - Sussurro, tremendo como se sentisse frio. E como se isso não fosse o suficiente, Dinah senta ao meu lado na cama.
- Vim lá do tão tão distante outro lado da rua pra você não me dar um abraço? Ficar só aí agarrada na namoradinha? Poxa, Chancho.
A latina sorri e quase pula para o colo da amiga. Sem ela por perto, eu estou tremendo mais ainda. Por que isso sempre acontece? Eu odeio Camila. Quantos ossos eu devo quebrar se pular a janela agora? Será que ainda mantenho minhas pernas inteiras para correr para casa?
Sem pensar se é uma boa escolha, viro para encontrar Camila e Dinah imersas em um abraço apertado, em um carinho que parece muito o de mãe para filha. A cena me acalma, por algum motivo. A forma que a garota maior balança o corpo devagar como se ninasse a garota de cabelos castanhos me faz pensar que talvez ela tivesse estado melhor do que nunca nesse tempo sem mim.
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La Vie
RomansaCamila e Lauren se reencontram em um hospital, depois de oito anos. As duas estão doentes, e o tempo está passando mais rápido do que deveria. Mas sempre há mais tempo. Tempo de consertar; tempo de amar. E essa é a vida.