36. a promise.

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Os beijos carregados de carinho em meu ombro me fazem abrir os olhos. Eu tenho certeza de que essa é a forma mais doce de acordar. Sorrio quando sinto sua pele contra a minha, e sou obrigada a fechar os olhos de novo pelo arrepio que atravessa meu corpo inteiro. Ela sorri entre um beijo contra a pele arrepiada.

- Parece que minha garota acordou.

- S-Sua garota... - Repito, como se sentisse o gosto daquela expressão. A veracidade. Camila afasta meu cabelo e empurra o nariz contra minha bochecha, ainda sorrindo, sempre sorrindo.

- Minha garota - Repete, e então desliza o nariz por minha bochecha até encontrar meu ouvido, apenas para sussurrar - Minha mulher.

Outro arrepio. Camila ri como se aquele fosse seu único propósito aquela manhã, me deixar arrepiada. Quando ela faz de novo, subindo os dedos por minhas costas, eu me viro bruscamente, derrubando-a do meu lado.

- Quero dormir... - Escondo o rosto em seu pescoço, puxando seu corpo para mim.

- Você tem aula hoje, Lo.

- Não existe escola. O mundo acabou e só esse quarto existe, precisamos ficar aqui pra sempre, assim...

- Lolo...

- Lolo da Camz. Me deixe ficar.

Ela ri quando a última frase sai infantil e choramingada. Mas eu não posso evitar, porque é tão quentinho e confortável e nada parece poder me machucar ali. Tiro o rosto de seu pescoço por um minuto apenas para observá-la. A paisagem mais linda do universo. E mesmo que a lua esteja ali, parece que ela me observa também. Sinto sua pele quente contra a minha, e meu único desejo naquele momento é acordar ao lado dela todos os dias. E a dor quase vem. Quase invade aquela manhã tranquila, e se coloca entre nós duas, mas ela consegue evitar aquilo com sua voz calma.

- Faltam quatro dias, amor.

Um arrepio corta meu corpo inteiro quando eu percebo. Faltam quatro dias. Um dia depois de termos ficado noivas, nós nos reunimos com Tio Ale e Tia Sinu, e minha mãe. Apenas "correr com o tempo" fazia sentido em nossa mente, mas nós não fazíamos ideia de como organizar isso. Então eles nos ajudaram. Eles esclareceram as coisas, fizeram parecer simples de novo. Nós nos casaríamos em breve, porque estávamos correndo. Mas não como o resto das pessoas se casam. Fazia parecer complicado. Mais complicado do que só nós duas, em volta de pessoas que amamos, brincando de avançar o tempo. Seria algo simples, no quintal atrás da casa dos Cabello, na primeira segunda de setembro, Labor Day, um feriado. E mesmo assim, tão simples, ainda parece tão verdadeiro e sério. Todas as palavras que eu ouvi em um casamento finalmente faziam sentido. Se encaixam para nós.

"Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença..."

"Em todos os dias da minha vida, até que a morte nos separe"

- Vai ser incrível - Procuro por sua mão, e entrelaço seus dedos nos meus. Logo, seremos casadas. A ficha está longe de cair.

- Estou lembrando de quando fui na casa da Dinah, convidá-la. Nós gritamos mais do que tudo, e eu achei que ela estivesse gritando por estar empolgada. Mas metade do grito era porque achava que estava sendo convidada para ser madrinha. Disse a ela que não tínhamos pensado nisso. E bem, agora, ela deve estar organizando uma comissão de madrinhas. Desculpe.

Eu não consigo evitar a risada leve. Escapa sem querer e isso é tão bom. Quando uma risada escapa e não lágrimas. Digo a ela que está tudo bem, tudo perfeitamente bem, tudo maravilhosamente bem enquanto beijo sua bochecha sem parar. Felicidade existe. E é incrível.

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