Coisas acontecem. Dra. Suzanne me ajudou a entender que coisas acontecem sempre. Não importa se as coisas estão indo bem ou muito mal, as coisas vão acontecer, e tudo o que eu posso fazer sobre isso é aceitar e lidar. Lidar com a depressão e a ansiedade dizendo que o furacão devastador só me destrói. E dizer a mim mesma todos os dias: "não estou sozinha. Eu consigo lidar com isso."
Funcionou. Funcionou quando lidei com a ansiedade quando Camila e eu fomos, juntas, contar para nossos pais sobre estarmos juntas. Eu quase desmaiei quando vi Tia Sinu, Tio Ale e minha mãe, sentados no sofá da casa dela, e quase quebrei a mão dela dentro da minha. Mas ela apertou de volta, confiante, e continuou apertando enquanto eu gaguejava na frente dos olhares sérios dos nossos pais. Camila não ficou nervosa, mas também não estava vendo os olhares que pareciam nos queimar. Quando terminei de falar, o primeiro som que chegou aos meus ouvidos foi o da risada forte e alta de Alejandro. Logo depois a de Sinu, e depois a da minha mãe. Todas acompanhadas de lágrimas. Estavam rindo. E estavam emocionados.
"Nós sempre soubemos.", "Como podem ter crescido tanto e ainda se olharem do mesmo jeito?", "Como poderíamos negar a felicidade à vocês?". As respostas me iluminaram e fizeram minha agora namorada chorar. As coisas deram certo.
Também funcionou todas as vezes que alguém na escola perguntou, e eu respondi; quando nós contamos para a pequena Sofi, tentando simplificar ao máximo. Depois de todas as palavras enroladas, todas as tentativas de tentar explicar o que significava estar correndo com o tempo, tudo o que ela disse foi "e agora eu sou o que sua, Lolo? Sogra ou irmã também?".
Mas nada parecia funcionar quando Camila apagou. Começou sutilmente, com algumas palavras esquecidas, ou dificuldade de fazer algo. E agora, aqui estamos nós, em seu quarto. Estamos sozinhas. E eu estou tentando puxá-lá de volta para o mundo. Ela tem os olhos fixos na parede do outro lado do quarto e não diz absolutamente nada desde que acordou. Nada como minha Camila.
- Volte - Sussurro. Minhas forças estão acabando - F-Fique comigo, m-meu amor. Por favor.
Nada. Que castigo cruel não receber nada dela. Que castigo cruel ter minha garota transformada em pedra.
- Você está com o pijama de Pink Princess. Você é, não é? Ainda é a mesma, mesmo assim - O desespero me consome. É o fim - Po-Por favor Camz. Por favor, volte. Volte para mim, Pink Princess.
Nossas lágrimas descem pelo rosto ao mesmo tempo. Ela está ouvindo. Ela sente. Não sei bem o que está acontecendo, mas saber que ela está ali me faz chorar mais ainda. Deito a cabeça em seu peito, e minhas lágrimas se perdem em seu cabelo com cheiro eterno de shampoo de banana.
- M-m... M-inha... - Sua voz sai em um fio. Ela está tentando - Minha... Mente... Desistiu... De-Desistiu de mim. A vida... Se esvai. O tempo...
Dói como uma pancada no estômago ver como ela tem que se esforçar para falar. Ver o sua luz oscilar tanto a ponto de deixar o mundo inteiro escuro. E sentir a dor em sua voz. Ela afasta minha dor. E agora está carregada com ela.
- N-Não... Não chore, L-Lo. Não é justo... Eu queria... Queria s-salvar você. Eu... Peso. Peso nas suas... C-Costas.
- Ei, ei. Apague isso da sua mente. Apague cada pensamento assim, está bem? - Falo entre soluços. Ela assente, devagar, as lágrimas descendo até por seu pescoço - Eu estou em pedaços, agora, mas meus pedaços não irão para lugar nenhum longe de você. V-Você não é um peso. Você me faz flutuar. E o mais importante, Camz. O que eu aprendi nesse tempo é que você não tem que me salvar. De jeito nenhum. Eu preciso fazer isso. Tudo o que você pode fazer é tudo o que você já faz. Você me ama. E você me faz levitar. É tudo. Esse é só... só um dia ruim, como o que eu tive, como os que as pessoas tem. E eu estou aqui por você. Bem aqui, Camz.
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La Vie
RomanceCamila e Lauren se reencontram em um hospital, depois de oito anos. As duas estão doentes, e o tempo está passando mais rápido do que deveria. Mas sempre há mais tempo. Tempo de consertar; tempo de amar. E essa é a vida.