Capítulo 14 - Ibiza

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Conforto e carinho. Dois sentimentos que dois dias antes Luísa pensou que tinha perdido para sempre. Desejo era um desses sentimentos, mas ela viu que ainda tinha muito poder sobre os homens. Naquele momento, naquele conforto e recebendo aquele carinho maravilhoso, ela viu que ainda tinha solução para tudo.

Carinho. Aquilo fez o corpo inteiro de Luísa tencionar, do pé ao último fio de cabelo. Aquele toque no corpo dela era totalmente confuso. A garota não se lembrava de quase nada depois de ter mandado mensagem para Bernardo. Mas Luísa, mesmo bêbada e com o sangue cheio de álcool, tinha certeza que tinha se deitado sozinha e curtido aquela madrugada camuflada de sonhos sem sentido.

Aqueles toques que subiam das suas costas até a nuca, por dentro da camiseta do pijama, estavam maravilhosos, mas davam medo em Luísa. Ela não sabia de quem era aquela mão, mas estava assustada demais por toda a intimidade da pessoa.

Por cinco minutos Luísa só respirou pesadamente – assustada com aquilo -, escutou em espanhol o jornal da manhã e sentiu a respiração daquela pessoa ao lado. A garota tinha um leve pensamento de quem era (pelo menos quem ela queria que fosse), mas não fazia ideia.

- Eu sei que você está acordada – a voz grossa soou ao lado do ouvido dela. Era realmente quem ela pensou que seria, mas aquilo não deixava de ser tão esquisito. O garoto some, se mostra o maior cafajeste da Europa e acha que com um carinho (maravilhoso) tudo ficaria bem. Não. Claro que não!

Luísa pulou fora da cama no momento seguinte a fala. Deu de cara com aquele rosto apaixonante de Bernardo e que fez seu coração parar por um momento. Se sentiu fraca de repente e sua vista escureceu inteira. Luísa, que estava em pé ao lado da cama naquele momento, deu uma piscada e quando voltou a abrir os olhos já estava deitada e com aquele rosto encantador por cima do céu.

Bernardo tinha um semblante preocupado, seus olhos estavam arregalados e ele estava com dois dedos no pescoço de Luísa. Assim que percebeu que a menina estava acordada, viva e bem, ele soltou um longo suspiro e se jogou ao lado dela na cama. Ficou alguns minutos quietinho, não falou nenhuma palavra. Aquela ação foi estranha demais para Luísa, ainda mais vinda de Bernardo: o menino que fala pelos cotovelos. Ela achou melhor tornar aquela pequena distância entre eles maior ainda, não confiava em seus atos e nem nos do garoto ao lado.

- Por que você está assim? – Bernardo virou para ela e jogou aquela bomba enquanto Luísa se afastava mais ainda daquele corpo musculoso dele. No rosto ele tinha uma expressão confusa, suas sobrancelhas estavam juntas no meio da testa e ele parecia realmente muito triste com aquela situação. Luísa era mesmo uma menina de sorte por saber de tudo sem que Bernardo tivesse contado, porque senão ele poderia tentar engana-la com aquele joguinho de bom garoto dele.

- Bernardo, como você chegou aqui? Pelo amor de Deus, só me fala que você não tem a chave do meu quarto, senão eu vou ficar mais assustada do que já estou – ela tentou falar com muita calma enquanto saia da cama.

- Claro que não tenho, Lu. Não sou um stalker, apenas um garoto arrependido de não ter acreditado em você – Luísa contorceu o rosto inteiro com aquela frase. Acreditar em que? Ela não entendia nada. – Quando eu li sua mensagem ontem me senti muito culpado por ter sido um otário, por ter ido embora naquela manhã com uma boa intenção e ter me deixado levar por coisas que me falaram. Eu sou louco por você, não devia ter acreditado em nada que a Sarah ou o Júlio desseram, devia ter perguntado a você diretamente. Então decidi ir ao bar falar contigo, mas quando cheguei você não estava em nenhum lugar e então decidi bater na sua porta.

- Mas você não bateu – Luísa concluiu. Estava perdida no que aquele completo desconhecido estava falando para ela, não sabia no que ele tinha que ter acreditado nela, mas aquilo seria o próximo tópico. O último estava na humilhação que ele faria com ele por ter sido o maior cafajeste da Europa.

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