n.a: leiam a nota final, é importante!
Boa leitura <3
***
Eram dez horas da noite quando Luísa pisou para fora daquele avião aonde passara horas a fio, se sentia toda dura e com as costas gritando de dor. A primeira coisa que ela percebeu foi o choque térmico devido as diferenças de temperaturas. Estava usando um moletom enorme por conta do frio daquela madrugada em Étretat e do ar-condicionado do avião que estava com uma temperatura ridiculamente baixa, a fazendo congelar. Mas, assim que sentiu o bafo quente e seco de Brasília, começou a suar e se desesperou querendo tirar todos aqueles panos que a cobriam sem necessidade.
Ela precisava urgentemente escovar os dentes, tomar um banho e dormir por um dia inteiro. Sentia seu suor grudado na pele, o cabelo estava preso em um nó que ela não fazia ideia de como iria tirar, suas olheiras pareciam que tinham sido pintadas com carvão. Mas ela não tinha tempo para essas coisas mundanas, fez o máximo que conseguia: molhou a ponta do casaco com a água da torneira do banheiro e passou naqueles lugares que mais a incomodavam, e jogou aquela água gelada no pescoço, para ver se dava uma acordada.
A única sorte daquela noite fora a fila do táxi que estava bem pequena, não demorou nem dez minutos para que ela entrasse em um carro e implorasse para que o taxista corresse para o hospital em que a irmã estava internada. Luísa não pensou que seria muito estranho entrar com aquela mala enorme em um hospital, ela simplesmente ignorou a existência daquele objeto nem um pouco discreto e foi para o hospital com a maior naturalidade e pressa do mundo. Ela só queria encontrar com sua irmã, conversar, parabeniza-la pelo seu aniversário de 14 anos e dizer o quanto a amava.
Mas nem tudo na vida é da maneira que nós queremos. A verdade é que quase nada funciona do nosso jeito. Tudo sempre muda e nos frustra, nos mostra que não adianta planejar nada, porque na hora sempre vai ser diferente (as vezes para melhor e outras vezes para pior).
Assim que Luísa pagou a corrida e implorou para que o taxista aceitasse euro, já que ela não tinha nem uma moeda de cinquenta centavos em real, ela saiu correndo em direção ao hospital chique e assustador.
O plano começou a dar errado quando ela foi barrada por dois seguranças altos que estavam impedindo a passagem para a recepção. Eles insistiam em dizer que precisavam abrir a mala dela para verificarem se ela não estava portando nenhum objeto proibido e que colocasse a vida dos pacientes em risco. Luísa não aceitou aquilo muito bem, berrou que precisava encontrar sua irmã mais nova, que não a via há mais de sessenta dias e que ela estava lá, internada, precisando de ajuda!
O escândalo de nada adiantou, somente a sua quase expulsão do hospital. Demorou mais de uma hora em conferir todos os bolsos da mala, desdobrar todas as peças de roupas, abrir os frascos de perfume e tirar todas as maquiagens das caixinhas para no final acharem apenas uma tesoura de cortar unha e uma lâmina (ambos foram confiscados).
Luísa foi liberada depois de muito tempo, deixou sua mala (que tinha quase o tamanho de uma geladeira) no porta-volumes. Correu igual a uma maratonista rumo ao segundo andar e focada no corredor que a recepcionista tinha indicado. Chegou em menos de vinte segundos na sala que sua irmã estava internada, e, desesperadamente, tentou abrir a porta com violência. Ela tinha passado tão rapidamente e focando somente naquela placa prateada com o número 256 que nem viu seu irmão sentado em uma cadeira sendo consolado por uma morena maravilhosa.
Aí estava a segunda falha nos planos dela: a porta estrava trancada e ela não conseguia abrir com nenhuma violência e sua pouca força. Bateu a cabeça na forma mais teatral que conseguiu, mas expressando toda a raiva por aquilo não estar sendo do jeito que ela desejou.
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En(tre)cantos
ChickLit∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞ Luísa nunca imaginou que um dia viveria seu sonho. Ser o que sempre quis ser parecia cada dia mais longe da realidade. Lisboa, Porto, Burgos, Madrid, Barcelona, Ibiza, Paris... lugares que ficavam constantemente na imaginação dela e...