Capítulo 10 - Madrid

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Aquela manhã tinha acordado mais linda do que todos os outros dias daquela viagem. Já estava quase terminando sua segunda semana fora do Brasil e não sabia como definir aquele turbilhão de sentimentos, aquela montanha-russa de confusões dentro de sua cabeça. Já tinham sido 4 lugares diferentes em 14 dias, iria para a quinta cidade e esperava que fosse tão encantadora como Madrid tinha sido - esperava que fosse cheia de coisas com Bernardo também, ele iluminava os lugares por onde passava.

Já tinham se passado dois dias desde que conversara com Bernardo. Desde o dia em que eles falaram abertamente sobre os problemas que os perseguiam, sobre seus irmãos polêmicos e sobre a "história do menino que mudou de cidade" (que, logicamente, era uma história dele quando se mudou) e, dois dias, que eles estavam "juntos". Depois da história desse "garoto", que, logicamente era ele e Júlio, ele explicou o maior motivo de ter parado de falar com Júlio: quando seu antigo "amigo" ficava com suas ex-namoradas ele prometia o mundo para elas, dizia que as amava e que queria namora-las, mas quando Bernardo descobria e terminava com ela, Júlio também parava de ficar com elas porque não tinha mais graça se Bernardo não estivesse gostando delas. Isso era a pior parte, porque parecia que aquela amizade era apenas uma competição, então Bernardo achou melhor cortar relações no dia a dia, e eles agora só se viam quando iam trabalhar na agência de viagens (em julho e dezembro).

Bernardo e Luísa tomavam café da manhã todos os dias junto, trocavam beijos toda hora e quando o lugar estava cheio eles arranjavam um beco para se enfiarem. Trocavam mensagens sempre que se separavam e as vezes até passavam a noite em claro conversando pelo telefone – Luísa estava começando a perder a vergonha de falar naquele aparelhinho constrangedor.

Luísa já tinha mandado as mensagens para os irmãos falando que iria tirar um tempo para si mesma. Tinha sido difícil ter tomado aquela atitude, mas depois de conversar muito com Bernardo, percebeu que era o certo a ser feito. Seus irmãos teriam que se acostumar sem ela por algum tempo. Lógico que ela não tinha tomado um chá de irresponsabilidade e esquecido totalmente dos seus irmãos, claro que não. Luísa ainda tinha sua personalidade protetora e que se importa com tudo, então os seus pensamentos ainda estavam naquelas duas pessoas loucas.

Seu irmão, Bruno, tinha respondido com toda a esperteza dele e parecia ter entendido que Luísa, naquele momento, precisava pensar em si mesma e aproveitar seu sonho. Mas Bruno era mais velho, tinha quase 26 anos, com Ana Júlia era diferente. Ela tinha deixado sua irmã mais velha em um completo silêncio, não respondera nada depois de visualizar a mensagem, e Luísa tinha um certo receio de Anajú não entender o tempo em que ela precisava. Aos 13 anos não é normal a pessoa entender os pedidos dos outros – ainda mais quando ela teve tudo que sempre quis. Bernardo tentou acalmar a quase namorada dizendo que seria difícil, mas depois ela pararia com esse orgulho besta.

Aquele era um dos últimos dias em Madrid e Luísa estava afim de curtir sozinha. Queria comprar o imã de geladeira para sua coleção, algum presente para os irmãos e algo para si mesma – Bernardo tinha ensinado isso para ela também, sempre pensar em si. Nos dias anteriores eles tinham conhecido o Palácio Real de Madrid, o campo de futebol do Real Madrid e o Templo de Debot (aonde estava tendo uma festa que fez a garota se entupir de comida junto com Bernardo). Naquele dia, como uma forma de dizer tchau para a cidade, ela decidiu sair sem rumo pelas ruas e a procura de coisas em que gostasse.

Tomou seu café da manhã no mais saudável que conseguiu. O dia seguinte eles viajariam para Ibiza e lá o grupo inteiro iria para a praia. Luísa estava tentando maneirar nas besteiras para ficar bonita no biquíni, por mais que Bernardo dissesse (indiretamente) que adorava o corpo dela, ela insistia em se comprar com Sarah todas as vezes que olhava para aquela garota magra, alta, segura de si e com um silicone maior que ela mesma.

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