Capítulo 25 - Destino: Felicidade

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Toda história de amor tem começo, medo e fim. Não, não vamos usar aquele bom e velho clichê que a separa em começo, meio e fim. Não.

A história de Luísa e Bernardo começou há muitos anos atrás, quando ele chegou na puberdade e ela apenas sonhava em dar seu primeiro beijo com aquele vizinho lindo e melhor amigo do seu irmão Bruno. Quando eles tinham apenas um pouco mais de uma década, nunca imaginariam o que a vida aprontaria com eles. Como ela pisaria em cima deles, tudo que eles sofreriam não era nada que eles podiam imaginar.

Se perguntasse para Bernardo e Luísa como eles se imaginariam dali há alguns anos, com certeza a resposta seria muito diferente do que eles realmente estavam vivendo. Bernardo era mais perdido, ele só queria poder trabalhar desenhando, vendendo tudo que colocava no papel. Ele imaginava que seus pais estariam separados, já que sua mãe não conseguia engravidar e aquilo só desgastava o casamento dos dois. Mesmo que ele quisesse muito um irmão, ele não imaginaria que teria Matheus, aquela pessoa que chegou de surpresa e que simplesmente renovou os ares por onde aquela família passava. Matheus, o menino que mostrou o real significado das palavras união e companheirismo. Ele daria o mundo para que seu irmão tivesse sempre uma vida boa e longe. Assim como Luísa, que também faria tudo, o possível e o impossível para que Bruno e Ana Júlia conquistassem seus objetivos de vida. Mas ela, quando tinha apenas 10 anos, já amava incondicionalmente aqueles dois, mas não imaginava que eles seriam tudo de mais importante para ela.

Luísa se imaginava viajando o mundo com Bernardo, conhecendo cada buraco esquisito desses países desconhecidos. Não imaginava que teria todas aquelas responsabilidades em cima dos seus ombros, seria apenas ela e ele contra o mundo. E, logicamente, nunca pensou que seus pais faleceriam. Imaginar a morte de pessoas que você ama mais que a si mesmo é algo estranho porque parece que nunca vai acontecer. Mas acontece, e quando acontece tudo muda. Aquela linha reta que você trilha a sua vida inteira rumo ao que sempre sonhou, simplesmente desaparece e nada mais faz sentido. O mundo colorido e perfeito vira algo macabro e que você não quer mais fazer parte. Naquela época, quando tudo aconteceu, Luísa só pedia para ser levada com eles. Se aquilo que ela viveria a partir daquele dia fosse o que durasse para sempre, ela não queria mais fazer parte, não queria mais brincar daquela brincadeira feia e sem graça.

Ela não imaginava que estaria aonde está. Bernardo, nem em seus melhores sonhos adolescentes, imaginaria viver o que está vivendo, ao lado da menina que sempre ocupou seus pensamentos, mesmo até quando eles não sabiam mais nada sobre o outro.

Aquelas três pessoas maravilhosas, os três mosqueteiros, pensavam o que o Rio de Janeiro esperava para eles enquanto esperavam suas malas na esteira do aeroporto.

Ana Júlia só queria recomeçar. Queria poder ir para uma escola nova, fazer amigos verdadeiros, que a ajudassem em tudo e que a entendesse. Queria poder ir à praia, ao Corcovado e ao Pão de açúcar. Para ela, aquilo seria uma nova fase da sua vida. Deixou para trás, naquela poltrona desconfortável do avião, todo o sofrimento e dor que tinha sofrido nos últimos meses. Abandonou sua falta de confiança, seu medo de ser feliz e a tristeza que tentava, aos poucos, dominar todo seu corpo magro.

Não. Ana Júlia agora era outra pessoa. Seria uma menina muito mais confiante, muito mais alegre e verdadeira. Ela seria ela mesma, sem precisar da ajuda e nem da pena de ninguém. Ela poderia ter apenas seus humildes 14 anos, mas sua maturidade poderia ser tão velha como a dos irmãos mais velhos.

Bruno era o mais medroso dos três naquele momento. Ele não estava com medo do que o Rio poderia fazer com ele, se ele ficaria sem emprego ou se não se adaptasse ao clima quente e úmido daquela cidade. Não. Bruno estava com medo da mudança, do que tinha deixado para trás.

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