Capítulo 16 - Paris

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Luísa estava arrumando suas roupas no armário de seu quarto. Não completara nem duas horas desde que chegaram em Paris, mas ela já via a hora de poder sair e conhecer cada buraco daquele lugar maravilhoso que parecia ser. Ela não sabia muito bem explicar o que tinha sentindo ao pisar fora do avião, mas tinha certeza que aquele lugar era especial e só iria trazer coisas boas para ela. Bernardo sentira aquele mesmo sentimento de alegria sem motivo. Logo que o primeiro vento foi soprado ele apertou a mão de Luísa querendo mostrar para ela como aquilo era inexplicável. Não era a primeira vez que ele ia a Paris, há dois anos ele fazia aquela viagem de três meses duas vezes ao ano, nunca passava o Natal, Ano Novo e as férias com sua família, ficava grande parte do seu tempo dentro de um avião e longe daqueles que eram importantes demais. Mas ele insistia em dizer para Luísa que tinha alguma coisa diferente naquela vez, que eram as mesmas cidades, mas, naquela viagem, tudo estava mais alegre e colorido (Luísa não quis se iludir tanto, mas levou aquilo como uma grande indireta para a presença dela naquela vez).

Os dois estavam bem cansados. Tinham dormido durante o voo, mas a sequência de acontecimentos desastrosos e longos passeios acabaram psicologicamente com os dois. Estavam bem, mas ao mesmo tempo cansados.

Bernardo queria ficar com ela vinte e quatro horas por dia, sempre que pudesse estar ao lado dela, com a cabeça enterrada em seu pescoço sentindo o perfume natural de Luísa, ele aceitaria de bom grado. Era louco de paixão pela química que existia quando estavam juntos. Cansado ou não, o que ele mais queria naquele momento era ficar ao lado dela. E, com toda certeza do mundo, não tinha nada que pudesse desanima-lo do dia inteiro que tinha programado ao lado dela.

Luísa adorava aquele vício que eles tinham de ficar juntos, tinha plena consciência que aquilo não era a coisa mais saudável do mundo, mas ela estava amando tudo. Nos primeiros meses de namoro o casal costuma querer ficar grudado o máximo de tempo possível e impossível, e para ela aquilo estava ótimo. Se, por acaso, algum dia ela sentir que quer ficar sozinha, vai ser a primeira coisa a falar para Bernardo, mas naquele momento Luísa estava feliz demais com tudo aquilo. Era surreal.

Eles tinham combinado de se encontrar as 11 horas na porta do hotel. Como todos estavam cansados, Júlio achou melhor que tirassem o dia de folga (o que foi ótimo para Bernardo e Luísa). A menina estava super curiosa para o que ele tinha preparado para aquele dia. Enquanto eles saiam do aeroporto, Bernardo apenas disse para ela estar arrumada para um dia longo, roupa confortável e fresca, que a deixasse livre para fazer coisas "aleatórias". A dica não adiantou nada, a menina continuou confusa com o que usar, mas escolheu um macaquinho larguinho – gostou daquela roupa porque mostrava suas duas tatuagens cicatrizadas e com os desenhos tão certos.

Luísa terminou de arrumar todas suas coisas e esperou pelo tempo certo. Roeu sua unha do dedo mindinho e mexeu na barra do short da sua roupa. Quando viu que o relógio marcava um horário marcado saiu correndo para se encontrar com aquele homem que a deixava louca.

Bernardo já estava na porta grande de vidro do hotel. Ele estava com uma mochila desconhecida nas costas e focava intensamente no celular, sem reparar o que acontecia ao redor (até mesmo quando Luísa parou ao seu lado ele não percebeu).

- Oi – ela disse, e enfiou a cabeça entre o vão dele e do celular para ver o que o deixava tão vibrado. Mas, no segundo seguinte ele guardou no bolso e abriu um sorriso de tremer as pernas de qualquer um que passasse por ali.

- Olá! Quanto tempo – Bernardo falou, puxando a menina para um abraço de um único braço e dando um beijo rápido demais, na opinião de Luísa. – Preparada para o melhor dia em Paris? – Ela apenas concordou freneticamente com cabeça e torceu para ser o melhor dia da sua vida.

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Luísa e Bernardo andaram de mãos dadas por um caminho grande e cansativo. Mas não desanimou a menina, que morrendo de preguiça, andava e se encantava com tudo. Os franceses eram frenéticos, não paravam quietos, sempre andando com pressa, falando muito rápido e sendo grossos com qualquer pessoa que chegasse perto do metro quadrado deles (característica que Luísa odiou). Quando os dois chegaram na estação de metrô a menina já estava quase pedindo para chamarem um táxi.

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