Capítulo 15 - Ibiza/Paris

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Luísa estava arrumando sua mala enquanto Bernardo mofava na cama da menina. No dia anterior eles perderam toda a programação coletiva do grupo para matarem a saudade dentro do quarto, recuperando todo o tempo perdido em besteiras. Bernardo tinha dito para Júlio que não estava muito bem para trabalhar naquele dia, lógico que o antigo amigo o liberou para "descansar em seu quarto", mal imaginava que ele não tinha descansado nem um pouco e sim se cansado mais ainda no quarto de Luísa. Ela já não devia satisfação para ninguém, então apenas não foi ao passeio (mesmo que parecesse ser algo maravilhoso).

No meio da tarde, enquanto dividiam a atenção na televisão e nos beijos que davam, os dois chegaram à conclusão que Sarah estava junto com Júlio e eles queriam de alguma maneira ferrar com Bernardo e, de quebra, que Luísa tivesse algum envolvimento com Júlio. Eles combinaram que de alguma maneira iriam conversar com os dois, não queriam concluir aqueles dois meses de viagens com relacionamentos horríveis com pessoas que fariam parte do dia a dia deles.

Naquela tarde eles tinham descido para encontrar com todos, mas fingiram que ainda não estavam se falando. Foi complicado para Luísa ter que aguentar Sarah com aquela falsidade ridícula, fingindo que era namorada de Bernardo enquanto ela e Júlio trocavam olhares desgostosos a cada cinco minutos. O passeio daquela tarde tinha sido um incrível passeio de barco pelos mares espanhóis. Visitaram cavernas e tiveram a oportunidade de nadar com os peixes – passeio que Luísa dispensou com o maior prazer, detestava esses peixes que ficavam batendo nas pessoas, sentia uma agonia enorme. Bernardo encarou ela durante boa parte da tarde e quando viu que ela não quis nadar com aqueles demoniozinhos em forma de peixe, ele ainda tinha o discurso de que ela precisava comer as comidas típicas dos lugares em que visitavam e fazer todos os passeios possíveis e impossíveis.

Luísa dispensou as comidas típicas de Ibiza, todas eram formadas e orelha, banha de porco e outras coisas esquisitas, ela comeu apenas uma porção (enorme) de batata frita com muito ketchup. Bernardo se manteve distante como eles tinham combinado, mas assim que viu aquela preciosidade que ela estava comendo, foi roubar algumas batatinhas. Assim que foi embora deu um leve beijo no pescoço dela. Aqueles pequenos gestos faziam com que a menina se derretesse inteiramente por aquele homem encantador: fosse uma piscadela de um olho só, um sorriso quando alguém falava sobre algo que eles tinham conversado mais cedo, ou um mero beijo escondido, qualquer coisinha fazia que todas as borboletas que moravam em sua barriga voltassem a vida.

Agora os dois estavam mortos do passeio daquela tarde, o Sol estava quente demais e deu um cansaço enorme neles. Bernardo estava com sorte porque sua mala já estava fechadinha e pronta, mas Luísa precisava dobrar todas as blusas, secar os biquínis com secador para não passar o cheiro para as outras roupas. A próxima viagem era ainda naquele dia, as onze horas da noite. Eles iriam para um dos lugares que Luísa estava mais animada: Paris, aquela cidade que parecia um filme de romance, um lugar que sempre fora o sonho de consumo de Luísa. Aquela cidade que, se desse tudo certo, viraria o lugar preferido dela.

- Eu ainda preciso tomar banho. Meu Deus, me dê coragem – Luísa pediu, se jogando na cama e deitando ao lado de Bernardo e ganhando um carinho gostoso daquele homem encantador.

- Se você quiser eu posso ir contigo, só para te ajudar, sem nenhuma maldade – ele sugeriu para ela. Os dois riram e Luísa ainda revirou os olhos, mas aquela proposta tinha sido boa demais. Ela pensou duas vezes antes de recusar.

- Você sabe muito bem que você não me ajudaria em nada e eu preciso muito de um banho: estou coberta de protetor solar e suor, nada sexy.

- Eu adoro esse cheirinho de creme – Bernardo disse enquanto passava o nariz pelo pescoço dela. – Me lembra quando íamos ao clube com seus pais e você ficava parecendo um fantasma de tanto protetor que passava – aquelas lembranças eram maravilhosas, seus pais sempre alegres e apaixonados. Luísa não se sentia mal ao lembrar dele, e sim muito feliz por ter vivido com pessoas tão maravilhosas como foram seus pais.

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