Capítulo 48 - A vingança - Parte 2

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Eduarda

**  

 Acordei na manhã de sábado exalando um cheiro forte de fumaça de cigarro.  Céus, quem estaria fumando tão cedo? Abri meus olhos, deslizei minhas mãos pela cama e tentei encontrar Clara, ela não estava, mas o lado ainda aquecido da cama me avisava que ela tinha saído há pouco. Ouvi uma torce forçada e olhei um pouco mais a frente, foi então que Clara entrou em meu alcance de visão. Suas pernas cruzadas e bem alinhadas, sua expressão seria e assustadora, o cigarro entre seus dedos. Eu nem mesmo imaginava que Clara fumasse. 

— Amor, já está acordada? Senti sua falta do meu lado na cama. — falei me espreguiçando, não entendendo muito bem a razão pela qual ela havia acordado tão cedo em pleno sábado.

— Que bom que finalmente acordou, achei que eu ia ter que esperar o dia todo por sua boa vontade. Levante-se? Não tenho o dia todo... Pegue? Acho que isso deve pagar a noite. —  ela disse jogando sobre meu corpo algumas notas amassadas . — Acho que isso deve pagar a noite. 

— Você só pode estar brincando comigo. O que essas notas querem dizer? Eu não quero droga de dinheiro nenhum. Eu quero uma explicação para o que está acontecendo. — esbravejei.  

—Dane-se o que você quer. Me importa o que eu quero... e eu quero que saia já da minha cama. Não quero seu cheiro entre meus lençóis. — afirmou segurando forte meu braço ao ponto de me machucar. Saiu arrastando-me da cama em destino a sala.

— Deixe ao menos que eu me vista, Clara? Estou apenas com um lençol cobrindo-me... É tudo que eu peço, deixe que eu me vista antes de me expulsar daqui.  —  implorei entre lagrimas.

— Lembra quando me mandou embora de seu apartamento? Eu também estava apenas enrolada em um lençol e isso não te importou. — ela disse jogando o cigarro que estava entre seus dedos no canto da sala e sorrindo vitoriosa. 

— Então é isso? Tudo que aconteceu ontem a noite foi parte da sua vingança?  Vai jogar tudo que sentimos uma pela outra para o alto em nome de uma maldita vingança? — eu chorava sentindo meu peito arder. Eu estava vivendo na pele todo mal que causei para ela... e eu não podia culpa-la, porque tudo era mais culpa minha que dela. — Lembra quando eu fiz com você tudo que você agora está fazendo comigo e você disse "Você vai se arrepender de estar tratando assim quem tanto te ama". Eu realmente me arrependi. Espero que o mesmo arrependimento que me assombrou não assombre você.  Eu não sei de fato qual o sentido dessa vingança, se era para que eu me arrependesse, eu juro que já me arrependi amargamente. Foram anos me arrependendo, me corroendo e me culpando. Mas se o sentido de tudo isso é a sua busca para que a nossa historia se repita e eu vá em destino a sacada mais próxima para me jogar, por não conseguir conviver com o peso dos meus erros, a falta do seu amor e excesso de indiferença, me diga, pois se é isso que quer... 

— Não haja como se soubesse como vivi nos últimos anos. Foram anos miseráveis por sua causa. Uma sacada é pouco perto do que você merece. — ela me olhava com um ódio que eu nunca antes enxerguei. Será mesmo que a noite passada de nada significou pra ela? Será que a sede de vingança para ela era mais forte que o sentimento que gritava em nós?

Clara

**

Sem querer ouvir mais nenhuma de suas palavras, a empurrei da porta para fora, fazendo com que ela caísse sentada do lado de fora do apartamento. Ela chorava inconsolavelmente e se mantinha enrolada apenas com um lençol. Aquela cena era familiar. Ela estava finalmente provando do sabor amargo do seu próprio modo de tratar as pessoas. Subi ao quarto, catei as suas roupas espalhadas pelo chão, voltei a sala, abri a porta e joguei contra seu corpo as suas peças de roupas.

Eu devia estar feliz com a finalização da vingança da qual tanto planejei, mas não, eu não estava. Algo em mim corroía por dentro. Talvez fosse o amor que eu ainda sentia por ela me assombrando e me deixando um peso enorme na minha consciência causado pela minha ação.  Mas eu não posso esquecer que Eduarda precisa aprender sentindo na pele tudo que fez. Eu amo e machuca-la assim está doendo bem mais em mim que nela, mas há um segredo sobre diamantes brutos, eles precisam ser lapidados.

 Eu amo e machuca-la assim está doendo bem mais em mim que nela, mas há um segredo sobre diamantes brutos, eles precisam ser lapidados

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3 - Fénix, Renascida das cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora