O tic tac do relógio avisava-me que já era hora de levar Clara para o local onde aconteceria nossa cerimonia. Mas como leva-la sem que ela desconfie de nada? Quase humanamente impossível. Laura ficou de levar os vestidos e uma equipe de maquiadores e cabeleiros, espero que não falhe. Nada pode dar errado afinal.
— Levante-se amor, precisamos ir para um lugar. — falei sem dar ouvidos aos dengos dela de continuar mais tempo na cama.
— Só mais cinco minutos mô, por favor.
— Nada disso, preciso te levar para um lugar e você tem menos de meia hora para banhar-se, escovar os dentes e ficar maravilhosa.
— Hey, eu nasci maravilhosa. Okay? — rimos juntas. — Mas onde vamos afinal? Hoje é domingo, nada mais justo que eu durma o quanto quiser. — suas birras pareciam sem fim. Como é difícil convencer essa cabeça dura! rs
— Você só vai saber se me acompanhar. É uma surpresa!
— Tá bom então... Já perdi o sono mesmo! Sorte sua eu ser a pessoa mais curiosa que conheço.— falou resmungando, levantando-se e indo para o banho. Aproveitei sua ausencia para ligar no celular de Laura e ter certeza que estava ocorrendo tudo bem em cada minucioso detalhe.
(...)
Em cada milésimo de segundo meu coração tomava um choque de adrenalina no corpo do qual era inexplicável definir. Enquanto andávamos juntas pela cidade de Recife, um filme sobre a nossa historia passava em minha cabeça. Era hora de colocar a primeira parte do plano em ação. Parei o carro em um lugar bem próximo a igreja da Madre Deus e pedi que ela descesse. Sua expressão de pouco entender a situação era notável.
— Amor, o que viemos fazer nessa igreja? — ela perguntou aflita.
— Por que a pergunta.
— É que igreja não é um lugar tão comum de levar a namorada. E bom, ultimamente você anda falando tanto em casamento, alianças, noivado, que por um instante pensei...
— Pensou em que? — interrompi seus dizeres.
— Que talvez fosse me pedir em casamento. (risos)
— E se for realmente isso? E se você estiver certa? Quero te lembrar que ainda há tempo para fugir. Como diz Clarice Falcão: "Eu queria tanto que você não fugisse de mim, mas se fosse eu, eu fugia..."
— Como eu poderia fugir da única coisa que me fez sentir viva outra vez? O amor que sinto por ti é tudo que me faz querer ficar, fazer morada e me abrigar. Fugir? Jamais. Em ti encontrei tudo que preciso.
— Então eu te peço, com todas as letras... Seja minha em todos os sentidos? Seja minha namorada, noiva, amiga, amante, esposa? Eu quero me apaixonar todos os dias pela mesma mulher, quero encontrar em ti tudo que preciso para ser feliz. — falei ajoelhando-me e abrindo o pequeno estojo que carregava um par de alianças com nossos nomes escritos. — Pois no meio de 1 universo inteiro, entre 8 planetas , 204 países , 809 ilhas , 7 mares , 7 bilhões de pessoas, es tu a única pessoa que eu preciso pra ser feliz.
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Clara
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Ela conseguia ser uma caixa de surpresas intermináveis. Como eu poderia dizer "não", se esse amor dentro de mim grita incontrolavelmente pelo "sim"? Com Eduarda sinto-me como se tudo fosse completo, nosso beijo se encaixa em uma simetria perfeita, nossas mãos cabem perfeitamente dentro uma da outra, é como se fossemos feitas por encomenda uma para a outra.
— Eu não ousaria dizer nada menos que um "sim". Acaso te resta duvidas de que acordar ao seu lado em todas as manhãs é o meu desejo? — meus olhos brilhavam encantados com aquela cena. — Eu te amo, Eduarda. Fui feita para ser sua.
— Então me siga? Tenho uma surpresa reservada para ti... — ela disse euforicamente feliz.
— Espera amor, não está esquecendo de colocar a aliança em meu dedo? — falei sorrindo com a sua pressa para entrar no carro.
— Ainda não, mas falta pouco. Me dá sua mão e vem comigo? — ela disse me guiando para longe dali.
Céus, o que Eduarda estava aprontando afinal? Por que ela me pediria em casamento e se recusaria a me dar a aliança? Que estranho!
