Capítulo 50 - Sacada - Parte 2

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Clara

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Caminhei até a porta sedenta para encontra-la, mas lá apenas predominava sua ausência. Me deparei apenas com o lençol, deixado para trás... e o seu casaquinho na entrada da porta que dava acesso as escadas. 

Céus, por que ela entraria ali? Essas escadas levam a parte superior do prédio! Não, não, não pode ser o que estou pensando... 

Assim que meu cérebro conseguiu juntas as informações, entrei rapidamente no elevador para ganhar tempo e subi até a sacada do prédio. E infelizmente eu estava certa sobre a localização dela, ela estava mesmo lá, de pé, na sacada, reunindo forças para se jogar. Meus nervos petrificaram e meus olhos quase saltaram ao vê-la ali, pronta para tirar sua própria vida. Sem pensar em mais nada, apenas gritei com todas as forças que reuni em meus pulmões:

— Eduarda, por favor não faça isso... Eu te amo. — gritei tão alto que até que mesmo quem estivesse no lado sul poderia ouvir. Eu a amo e perde-la é exatamente tudo que eu não queria. — Me desculpa, eu sei que esse plano de vingança foi longe, mas eu não quero te perder. Sai dessa sacada e vem viver comigo todos os planos que sonhamos por tanto tempo? Não priva a gente pela segunda vez de viver esse amor? Eu juro que vou esquecer tudo que aconteceu e apenas recomeçar... — eu implorava entre choro e soluços. 

Eduarda

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Eduarda

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Tirar minha vida era tudo que eu mais desejava naquele momento, até eu ouvir o som do timbre da voz de Clara pronunciando meu nome e tudo mudar completamente. É incrível a capacidade que presença dela tem de mudar meu estado de humor. Ela estava ali por mim, por nós, pelo nosso amor. Ela estava ali para dizer que vingança nenhuma seria maior que nosso sentimento. Ela estava bem ali, diante de mim, com sua mão estendida pronta para me salvar. Eu segurei forte sua mão enquanto juntava cada estilhaço do meu coração para entregar-lhe outra vez. 

Clara

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Quando finalmente senti sua mão tocando a minha, a puxei rapidamente para junto de mim sem pensar em mais nada. Eu não me perdoaria se a perdesse. Eu não me perdoaria jamais se algo de ruim acontecesse para ela. Quando seu corpo caiu por cima do meu, apesar de sentir uma dor enorme pela queda, a sensação de dever cumprido me dominava. Salvei a pessoa que amo, mas salvei também a mim de viver uma vida sem ela. Eu não aguentaria o peso do adeus. 

Abracei Duda como nunca antes havia abraçado. Lágrimas rolavam por minha face mostrando minha emoção, mas o sorriso em meus lábios parecia não caber em mim. 

— Nunca, ouviu bem? NUNCA mais ouse pensar em me deixar sem você. — falei dando-lhe uma bronca. — eu não quero aprender a viver sem ti, amor. 

— Eu também não. Eu faço qualquer coisa para não sentir outra vez o peso da sua ausência. Na verdade estar sem você me causa desespero. Sinto que sem você sou um rascunho mal escrito de mim mesma. Longe dos seus braços me falta um lugar para correr, sem nossas memórias o passado é um lugar vazio. Sem poder te amar, não existe em mim razão para ser feliz.   

— Não, você não precisa fazer nada. Sou sua, só sua e não quero outro alguém que não seja você. Eu fui imatura agindo de forma tão vingativa, mas felizmente o destino me deixou chegar a tempo de não te perder para sempre. Acho que de uma forma meio torta, o acaso torce por nosso romance. Você nasceu para ser minha e eu sua, e disso eu nunca mais vou abrir mão. — Beijei seus lábios com todo amor predominante em mim. O chão frio daquela sacada se tornou o cenário perfeito para  beijo mais apaixonado que já ofereci à alguém.

Eduarda

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Finalmente eu sentia que estávamos recomeçando de verdade. Naquele momento eu sentia que estávamos  realmente desarmadas, sem peso, sem sede de vingança... Demorou muito, mas acho que finalmente o perdão fluiu entre nós e entendemos que não há amor carregando tantas cicatrizes do passado. Machuquei e fui machucada, chorei e ganhei lágrimas, odiei e fui odiada, mas tudo isso ficou no passado. Hoje é o dia que tudo começará do zero entre mim e Clara. É a nossa segunda chance de ser feliz e desta vez eu farei de tudo para faze-la feliz como nunca antes fiz. 

Se eu fosse um pássaro, seria o joão de barro, só para guardar Clara dentro de mim e deixa-la fazer morada. Nosso romance é imprevisível demais para caber em um conto de fadas, mas há sentimento demais para ser configurado como drama. A verdade é que definições exatas nunca conseguiram de fato nos decifrar. Somos intensas demais para amar pela metade, e sentimentais demais para mergulhar em sentimentos rasos. Meu coração não sabe ir com calma, ele vai com a alma.

Clara

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Eu necessito de outras várias vidas, para dedicar a ela cada uma delas. Ama-la é como viajar ao espaço sem tirar os pés do chão. É como sentir o amor arrebatando-me e ainda sim, não fazer nada para impedir. É como me render aos seus encantos sem lutar contra suas armas de sedução. Não há como negar que é dela cada pedaço do meu todo.

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3 - Fénix, Renascida das cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora