15ª dose

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Lar é onde os problemas não me encontram.

Ítalo chegou da festa pela manhã. Ouvi um barulho de chaves na porta e em seguida alguém tropeçando no sofá da sala. Antes que eu pudesse me levantar, Ítalo entrou no quarto, tentando ao máximo não fazer barulho, mas acabou falhando. Ítalo não liga a luz do quarto. Ele se segura na parede tentando achar a cama, mas cai ao tropeçar em algo que estava no chão. Ele cai uma vez e levanta, cai duas e, por fim, já estou de pé segurando os braços dele o guiando até a cama. Eu não consegui dormir muito bem. Me remexi um pouco tentando pegar no sono, mas toda vez que eu fechava os olhos uma ansiedade me atingia. Estou nervosa com o parto.

Ítalo é pesado e sua embriaguez faz com que ele não colabore. Deveria ter deixado ele se virar sozinho, já que provavelmente já fez isso várias vezes, mas não custa nada ajudar. Assim que consigo colocá-lo deitado na cama, ele sorri para mim com a mesma expressão bêbada que estava quando fizemos nosso filho.

— Julia?

— Que foi?

— Eu quase não bebi!

Ele fala tudo embolado, me fazendo rir. Ítalo levanta sua camisa e a joga no chão. Ao tentar tirar a calça, ele passa vários segundos procurando o botão.

— Me ajuda? — ele me pede.

Seu hálito de bebida inunda todo o quarto. Enquanto ajudo Ítalo a se despir, não consigo deixar de pensar em como as coisas mudaram nesses poucos meses. Ele resmunga um "obrigado" enquanto eu me deito na cama após retirar sua calça, deixando-o apenas com a única peça que ele gosta de usar.

— Estou na merda — diz, rindo.

— Vai dormir que você tem uma hora marcada com a ressaca de tarde.

— Olha pra mim!

Me viro de lado, olhando para ele. Antes que eu possa perguntar algo, sinto os lábios dele se encostarem aos meus. Tento empurrá-lo, ao mesmo tempo em que puxo seus ombros para mais perto de mim. A boca de Ítalo tem gosto de vodka, um sabor familiar que já experimentei antes. É uma lembrança boa. Ele me beija de uma forma que quase me faz esquecer de tudo o que aconteceu.

— Ítalo não...

— Por que não, Julia? — diz, me interrompendo.

Sinto meu corpo sendo puxado, parando em cima do corpo dele. Para isso, ele não está tão mal, mas me suspende de uma forma um pouco desajeitada. Tenho que segurar nos ombros dele para me ajeitar e proteger minha barriga.

Ele chupa o meu pescoço e eu sei que certamente o marcou, mas tento focar nas mãos dele que se acomodaram na minha bunda segundos atrás e até agora não saíram. Não quero que saia. Ele me aperta e eu volto a beijá-lo. Sua boca é gostosa apesar do grande canalha que ele é. Não consigo resistir. Quando sinto Ítalo levantar minha blusa, esqueço todas as coisas ridículas que ele fez e quero me entregar novamente. Ele aperta o meu peito e passa a língua na minha.

Minha consciência me lembra que a história só não vai se repetir porque já estou grávida, então, mesmo querendo ficar, me afasto.

Eu quero que Ítalo me procure quando estiver sóbrio. É um erro ficar com ele só quando está bêbado, mas eu quero mais. Preciso sentir sua boca na minha mais um pouco. Não sei quando conseguirei isso novamente. Então o beijo como se nunca fosse acontecer isso de novo. O beijo até perder o fôlego. Sinto Ítalo me pressionar contra seu corpo e arrasto minhas unhas no peitoral dele o marcando como fez comigo. Quero deixar algo para que ele lembre do que aconteceu quando a sobriedade chegar. Ele puxa minha mão e sinto seu pênis rijo sabendo exatamente o que ele quer e sabendo o que quero. Mas ele não está sóbrio.

Quando estiver sóbrio (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora