Epílogo

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Narrado por Ítalo.

Construa muros menores do que o tamanho do amor que você tem a oferecer.

Hoje Valentim completa um ano.

São oito e meia da manhã. Valentim e Julia estão dormindo, e eu acordei mais cedo, aproveitando o aniversário dele e meu dia de folga para ser aquele cara legal das fotos da internet, que prepara o café e leva na cama para a família. Não é tão ruim quanto eu pensava. Viver com eles tem feito com que eu amadureça mais a cada dia. Era um moleque imaturo antes disso.

— Parabéns pra você — canto, acordando Julia.

Já me acostumei com o cabelo bagunçado dela e seu rosto marcado pelo travesseiro. Acho até que ela fica bonita assim. Com toda a certeza, isso só pode ser amor, porque seu mau humor matinal piorou muito com o nascimento do nosso filho.

— Nessa data querida — ela canta, batendo palmas para o Valentim acordar.

Passei na padaria e comprei um cupcake de chocolate. Não sei se isso é bom para uma criança comer, mas uma mordida não vai fazer mal, eu acho. Hoje é o aniversário dele. Podemos quebrar um pouco as regras.

— Filho, acorda! — chamo.

Valentim dormiu na nossa cama. Algo que está se tornando um hábito, e estamos lutando para mudar isso. Sento na cama, colocando a bandeja do café da manhã no colo de Julia. Ela prende o cabelo e me olha. Sei o que está pensando. Tudo bem que é cedo para comer algo tão doce, mas, deixo claro novamente: é o aniversário dele! Coloco um palito de fósforo no meio do cupcake e acendo como se fosse uma vela.

— Ele não vai comer chocolate. — Consigo ler os lábios dela.

Valentim puxou o mau humor de Julia. Estamos cantando animados o "Parabéns pra você" e ele está resmungando por ter sido acordado. Quando vê a mamadeira, seu sorriso com quatro dentinhos se abre e até bate palma. Interesseiro!

De noite, faremos uma festinha. Ok, não será tão pequena, já que meus amigos ocupam a casa inteira e Julia aumentou sua lista quando voltou a estudar. Vamos fazer uma festa razoavelmente grande. Foi um ano complicado. Nós merecemos uma comemoração. Foram altos e baixos. Mais baixos do que altos, na verdade. Julia e eu não ficamos em clima de lua de mel o tempo todo. A barra pesou, problemas apareceram, ficamos duas semanas sem nos falar, mas agora está tudo certo. Foi difícil admitir, mas eu a amo. Não existe mulher melhor do que ela.

Minha vida também modificou bastante. Faço faculdade de ciências da computação à noite, trabalho na mesma loja há um ano, cuido do meu filho e tenho a Julia. No início, fiquei com medo do que poderia acontecer se eu me apaixonasse por ela, mas eu gostei dessa mudança. Queria continuar com a vida que eu levava, só que descobri que essa é bem melhor. É lógico que nem tudo é bom. Eu já não vou à balada todo final de semana e nem encho a cara exageradamente sem ter medo do amanhã. Valentim precisa de mim, então todas as minhas decisões são pensadas primeiramente nele.

A vida de todo mundo mudou e entendi que isso é normal. Mesmo sem ter um filho, a vida muda. Há um mês, Antonella viajou e não sei bem quando volta. Jessica ainda está com Scott, e Julia a acompanha em diversas peças de teatro. Bernardo está solteiro e faz faculdade. Ele não está triste com o término. Diz que alguns relacionamentos são melhores quando não se é um. Não entendo o que ele quer dizer com isso, mas o apoio em qualquer decisão.

Ah, e os pais da Julia se aposentaram, trancaram a casa e agora vivem viajando. É essa a vida que eu quero para o meu futuro. E, por falar em futuro, Julia e eu ficamos acordados todas as noites até tarde fazendo bolo (com a receita da minha avó) e tortas para conseguir um dinheiro extra. Bom, e agora o novo pai do grupo é Gustavo. Sua noiva está com quatro meses de gravidez.

Quando estiver sóbrio (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora