Ainda não estou onde queria estar, mas já caminhei bastante.
Meu filho parecia estar pressionando minha bexiga, me fazendo ir ao banheiro de cinco em cinco minutos. Não consegui dormir direito. Fiquei pensando no beijo de Bernardo a noite inteira e tentando me livrar do autojulgamento que sempre aparece. Ontem ficamos um bom tempo no carro. Nos beijamos mais vezes. O beijo de Bernardo é bom e a presença é melhor ainda.
Jessica tinha razão quando dizia que eu precisava me divertir e não ser apenas mãe. Ainda tenho dezessete anos. Minha vida mudou, mas não posso desistir de mim. É hora de eu me dar uma chance. Preciso viver.
Pensei em tudo o que aconteceu naqueles quase sete meses e decidi que era hora de dar uma chance à vida. Tinha passado tempo demais sofrendo, me sentindo a pior pessoa do mundo por ter engravidado e pensado que minha vida tinha acabado. Agora, isso tinha ficado para trás. Não quero mais me estressar e desejo finalizar minha gravidez com a maior paz que conseguisse.
Passei a sair com Bernardo. A terapia estava sendo um fiasco, então, após uma única frase em que basicamente eu dizia que aquilo não estava sendo útil, Ítalo concordou em guardar as sessões restantes para outro momento. O bom é que Antonella concordou plenamente, então não precisei usar todas as frases que tinha treinado na frente do espelho.
Bernardo me faz bem. Me sinto viva com ele como há muito tempo não me sentia. É algo diferente. Eu sei que minha vida está de cabeça para baixo por causa da gravidez, mas com ele é como se eu conseguisse arrumar algo. Tudo fica no lugar certo. Volto à época de estar com alguém, sair, aquele medo de estar com a boca suja, a escolha do batom certo. São coisas fúteis pelas quais ninguém deveria se desfazer na vida. São esses nervosismos fúteis que me fazem chegar em casa com um enorme sorriso todas as vezes que saio com ele. Há dias em que não choro. É um grande progresso.
[Julia: Sete meses! :) - 12:14]
Envio a mensagem para Bernardo e fico pensativa. Quero encaminhar a mesma mensagem para Ítalo ou escrever uma mais fofa contando que falta pouco para o nosso filho nascer, mas não sei se ele quer papo comigo, então reprimo minha vontade de puxar assunto. Não estamos nos falando muito mesmo agora eu focando em uma amizade.
[Bernardo: Pooorra! \o/ Vamos no shopping? - 12:17]
[Julia: Fazer o quê? - 12:20]
[Bernardo: Comprar uma roupa bem foda para esse moleque aí. - 12:25]
[Julia: Te espero aqui :) - 12:27]
Andamos lado a lado no shopping. Senti a mão de Bernardo encontrar a minha e sorri ao olhar, discretamente, nosso reflexo na vitrine de uma loja. Ele não parece ter vergonha de alguém nos ver juntos. Quando passa ao lado de um grupo grande de pessoas, ele não muda a postura. É como se elas não estivessem ali. É bom ter a companhia dele.
Antes de sair de casa, mandei uma mensagem para Jessica contando. Ela ficou toda animada e insinuou que estamos virando um casal. Não é bem assim. Acho que não. Nem faz um mês que estamos saindo, mas, com ele, ela acredita que vai ser bom para mim.
Andamos o shopping praticamente todo. Nosso destino certo era a loja de bebê, mas ele queria fazer um tour por um shopping que eu conheço até quem joga papéis de bala no chão. Mas eu não tenho nada a perder, então topei. A mão quente dele envolvendo a minha foi o melhor motivo para eu aceitar o passeio de quase uma hora antes de entrarmos na mesma loja de roupas de bebê que vim com Jessica, Yara e minha mãe.
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Quando estiver sóbrio (COMPLETO)
Teen FictionAdolescência pode ser a fase mais divertida da vida, mas, quando algo sai fora do programado, ela se transforma em algo bem difícil. Julia não sabia se deveria acreditar ou não em amor à primeira vista, mas bastou uma única vez para ela pensar em Ít...