Todo caos já foi calmaria.
A semana foi bem calma. Nenhuma briga e Jessica veio me visitar. Ela me contou as novidades da escola e disse que algumas pessoas estão perguntando sobre mim e sobre como está a minha gravidez. Outros dizem sentir saudades e um pequeno grupo de pessoas com quem eu costumava falar quer combinar de ir ao cinema. Confesso que gostei da ideia e me senti mais confortável em postar fotos na minha rede social. Não sei nem por que estava me sentindo estranha.
Jessica contou que agora temos professor de geografia e que Diego está ficando ou namorando com uma garota da nossa sala. Ela não sabe bem o que eles têm. Cada coisa que ela me conta me bate uma saudade tremenda da escola. Eu nunca mais vou ter dezessete anos e fazer o ensino médio com a minha amiga. Me sinto um pouco frustrada ao pensar nisso.
Ítalo tirou uma foto da ultrassonografia no celular e postou no Facebook dele. Foi um tempo depois que eu fiz, quando descobrimos que vamos ter um menino. Para minha surpresa, ele me marcou. Não consegui acompanhar todos os comentários. Foram muitos.
Consegui um emprego aos fins de semana em uma casa de festas. Não é uma boate ou bar, mas um local para festas de aniversário de todas as idades, alguns casamentos e outros eventos. Minha função será supervisionar as crianças nos brinquedos, ligar as máquinas dos carrinhos e ajudar em qualquer outra atividade que surgir.
Não é o trabalho dos sonhos, mas é bom para mim. O fato de me aceitarem mesmo grávida e ainda providenciarem uma cadeira próxima aos brinquedos, caso minhas costas comecem a doer, é um ponto positivo. Jessica tem um conhecido que trabalha lá há anos e tem influência nas contratações, então foi simples conseguir o emprego. Não há nenhum contrato formal ou carteira assinada, mas isso não me incomoda. Minhas opções são limitadas e eles pagam direitinho. Sei que ficarei lá por pouco tempo, mas é bom ter algo para me distrair. Ao final do dia, me sinto menos estressada.
Sempre algumas crianças vêm até mim, colocando as mãos na minha barriga e fazendo várias perguntas. Às vezes, o bebê parece responder à conversa delas, o que as leva a correr gritando para chamar os pais e contar o que aconteceu. Alguns pais são simpáticos e se aproximam para conversar comigo, enquanto outros parecem não se importar com o que seus filhos estão dizendo.
No primeiro fim de semana que trabalhei, conheci uma menina de dezesseis anos chamada Rita. Ela é loirinha e tem bochechas grandes, além de ser um poço de timidez. Estava tão alheia a tudo o que acontecia que preferiu passar a festa inteira ao meu lado conversando, ao invés, de ficar tirando fotos com os outros adolescentes da festa. O aniversário era de alguém da sua sala, não entrou muito nos detalhes, mas a forma que ela ficou sentada ao meu lado depois de arrastar uma cadeira pelo o salão de festa de forma tão desajeitada, me mostrou que ela não se sentia confortável naquele lugar. Gostei dela. Trocamos contatos no WhatsApp e começamos uma amizade. Realmente estava precisando me sentir como uma adolescente outra vez.
Jessica ia ser contratada, mas resolveu não aceitar. Aos sábados, ela vai para o pré-vestibular e a escola tem corrido bastante com as matérias do último ano. Ela me deu umas quinze desculpas dizendo por que não iria aceitar, mas sei que a principal é que ela queria passar essa oportunidade para mim. Tenho reclamado um pouco da falta de dinheiro para comprar roupas para o bebê e passo mais tempo do que gostaria nos sites de vagas, mas ninguém me contrataria com esse barrigão, então ela me indicou. Hesitei um pouco em aceitar. Não achava justo, e ainda não acho, mas ela insistiu.
— Ai Julia, minha mãe meio que me deu liberdade de focar apenas na escola e no pré-vestibular esse ano. Estou pensando em procurar um jovem aprendiz, sabe? Como vou conciliar isso tudo ainda não sei, mas nós somos... — Ela apontou para mim com um sorriso, quer que eu termine a frase. Falamos muito isso.
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Quando estiver sóbrio (COMPLETO)
Teen FictionAdolescência pode ser a fase mais divertida da vida, mas, quando algo sai fora do programado, ela se transforma em algo bem difícil. Julia não sabia se deveria acreditar ou não em amor à primeira vista, mas bastou uma única vez para ela pensar em Ít...