31ª dose

1.7K 193 83
                                    

Recomeçar nunca foi sobre esquecer

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Recomeçar nunca foi sobre esquecer.

Continuo trabalhando na casa de festas e hoje o tema é da Barbie. Olho em volta para a decoração e lembro do quanto eu queria uma festa assim quando era mais nova e não pude ter. Então, desvio meu pensamento para o futuro, imaginando meu filho e as festas que ele escolherá. Vou me dedicar totalmente a cada uma delas, pois adoro decoração e sou apaixonada por festas de aniversário infantis.

Estou sentada em meu banquinho ao lado da piscina de bolinhas, observando as crianças. Vejo algumas delas sorrateiramente pegando balas e pirulitos da mesa e me entregando, dizendo que são para o meu bebê. Aceito tudo com um sorriso enorme no rosto, enquanto elas colocam suas pequenas mãozinhas em minha barriga e conversam com o Valentim como se ele entendesse. Gosto desse gesto e da pureza das crianças.

É um sábado chuvoso e faz bastante frio, mas mesmo assim, há várias crianças correndo pelo salão e pulando na piscina de bolinhas. Bernardo passa de um lado para o outro, sempre ajudando alguém, e toda vez que me olha, sorri. Todos gostam dele aqui, inclusive eu.

Quando a festa acaba, troco a blusa do uniforme e a legging por um vestido bem largo. Estou um pouco inchada, então opto por algo mais confortável e, mesmo fazendo um frio absurdo aqui no Rio de Janeiro, não coloco casaco. Espero Bernardo em frente à casa de festas e ele aparece com uma camisa azul de manga comprida, calça jeans e um boné.

— Peguei pra você!

Um sorriso surge quando ele me entrega um copo branco decorado com a Barbie e o nome da aniversariante, Manuella. Gosto da atitude dele, que deixa bem claro que pensou em mim, e ao espiar dentro do copo, vejo que está repleto de doces e balas. Agradeço com um rápido selinho.

Como hoje choveu bastante antes de começar a festa, Bernardo veio de carro. Apesar de ser um pouco perto, andaríamos na chuva por alguns minutos, então ele resolveu que gastar gasolina valeria a pena. Concordo com ele, afinal, não seria bom ficar toda encharcada. Entramos no carro que está estacionado na frente de uma casa rosa, dando um contraste enorme ao seu carro: duas cores bem chamativas. Ainda não me acostumei com o fato de ele abrir a porta para mim todas as vezes. Ele é realmente incrível.

— Então quer dizer que alguém sentiu saudades de mim? — digo, rindo.

Bernardo sorri um pouco sem graça e assente enquanto dirige a menos de 40 km/h. Fico observando-o mover as mãos no volante, seu olhar atento à estrada, a forma como mexe a boca quando olha pelo o retrovisor para se certificar de que não está vindo ninguém atrás. Quando para em frente à minha casa, olho para as janelas e percebo que meus pais já foram deitar. Se não estivesse grávida, convidaria Bernardo para entrar e ficar a noite toda comigo. Gosto da presença dele, e parece que nunca é o suficiente.

Quando estiver sóbrio (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora