19ª dose

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A cada dia que passa, me sinto com mais medo das coisas que irei enfrentar na gravidez. Tenho sentido um pouco de dor nas costas, e minha barriga nem está tão grande assim. Apesar do medo e das dores, me sinto feliz porque essas mudanças têm me feito amadurecer. Estou buscando cuidar de mim mesma, seguindo as orientações médicas e encontrando maneiras de aliviar as dores.

Marquei uma consulta com a Doutora Morgan às sete da noite de uma sexta-feira. Ítalo foi direto do trabalho para o consultório, e fiquei feliz por ele não ter esquecido.

Depois que o bebê começou a mexer, ele não parou mais. Continua com chutes fracos por ser novinho, mas é uma sensação tão inexplicável que a única coisa que tenho feito é esperar por mais.

— Se der para ver o sexo do bebê, vocês vão querer saber?

— Sim! — Ítalo responde antes de mim.

O gel frio é espalhado em minha barriga e logo sinto o transdutor. É hora de ver o meu bebê.

Os amigos de Ítalo falaram que, assim que for possível, eles vão pagar por uma ultrassonografia 4D. Nem sabia que existia, mas aparentemente alguma amiga da mãe de alguém fez e agora eles querem pagar. Gosto dessa atitude deles. Gosto quando mostram que estão apoiando Ítalo.

Antes de completar seis meses, continuo vendo o meu bebê nessa imagem normal mesmo. Apesar dos traços não serem tão evidentes, consigo ver partes que sei que se parecem com o Ítalo.

Todo mundo quer saber o sexo e está fazendo apostas: Jessica, meu pai e eu achamos que vou ter uma menina. Ítalo acredita e reza para que seja um menino, assim como seus amigos e outros. Yara, minha mãe e a mãe de Jessica preferem não arriscar em um palpite.

Três dias atrás, enquanto eu navegava pelo Facebook dele, vi um compartilhamento na linha do tempo: Vários homens com laços e saias de Minnie levando a filha de um deles para sair. O amigo que compartilhou, e ainda não sei o nome, escreveu: "Se for menina, vai ser assim.". Achei tão fofo, mas não pude admitir que estava novamente olhando sua vida através das redes sociais.

Toda vez que ouço o coraçãozinho do bebê, é como se fosse a primeira vez. Começo a chorar feito uma boba, e Ítalo segura minha mão. Já faz mais de uma semana que estamos em paz. Depois da briga feia que tivemos quando ele levou uma garota para o seu quarto, nós não discutimos mais. Nos elevamos. Acho que foi o fundo do poço e nós dois reparamos, então, como um acordo silencioso, passamos uma semana inteira sem brigar.

A doutora pergunta se queremos saber o sexo ou se vamos manter segredo. Eu não consigo mais esperar, nem Ítalo. Concordamos antes de vir para cá que queremos saber sobre tudo. Queremos saber qual nome iremos colocar e como passaremos a chamá-lo. Quero dar esse passo de repetir o nome do meu bebê toda vez que eu falar com ele ou ela. Acho que vou ficar mais próxima do bebê e mais adaptada a ideia de ser mãe aos dezessete anos.

- Estão vendo essa parte aqui? É o pênis do seu filho. - Ela abre um largo sorriso. - É um menino. Parabéns!

Começo a chorar. Eu não ligava muito para o sexo, mas depois que Yara tocou no assunto, comecei a imaginar como seria. A imagem é boa. Cada vez a tecnologia me surpreende mais. Me forço a olhar os traços e não digo, mas acho que a boca do meu filho parece com a de Ítalo.

- Caramba, um menino! - Ítalo diz todo feliz.

Ao sair do consultório, abraço Ítalo com força enquanto choro. Dessa vez, são lágrimas de felicidade. Não me importo se as pessoas nos olham enquanto passam pela rua. Choro enquanto pulo várias vezes, abraçada a ele. Nunca senti nada parecido com o que estou experimentando agora.

Estou transbordando de emoção e gratidão por finalmente saber o sexo do nosso bebê. A sensação de ver aquela imagem na tela, de ouvir as palavras da doutora confirmando que estamos esperando um menino, é indescritível.

Quando estiver sóbrio (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora