Capítulo 17

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- Eu aconselho que vocês vão para casa. Qualquer mudança no quadro, nós ligaremos. –informou o medico durante a madrugada-

Dulce, Maite e Daphne continuavam ali, incansáveis por notícias de Anahí. A duas amigas com os olhos inchados, enquanto Daphne estava concentrada em suas orações.

Daphne: Doutor, não há nada que se possa fazer?

- Infelizmente não. Fizemos tudo que esteve ao nosso alcance. Ela teve traumatismo craniano, que ocasionou o coma. –suspirou- O que nos resta, é esperar.

-

No dia seguinte, logo após os primeiros raios de sol, as três estavam lá outra vez. O médico plantonista as recebeu, e as informaram que Anahí estava na mesma.

Maite: Nós não podemos vê-la?

- Sim, claro. Me acompanhem.

O médico as levou até a sala de higienização, onde todas tiveram que se vestir adequadamente, usando toucas, luvas e mascaras. Quando entram, o choro voltou ao ver Anahí cheia de aparelhos, saturas e curativos. O rosto pálido, como se não houvesse vida, o corpo machucado, a cabeça enfaixada e completamente inconsciente.

Daphne: Any, minha filha... –ela sussurrou aproximando sua cadeira de rodas da sobrinha, pegando sua mão- Você precisa acordar.

Ao lado de Daphne, as amigas também choravam quietas, com o mesmo pedido. Mas Anahí continuou parada sobre a cama da UTI, os olhos permaneceram fechados e sem nenhum movimento.

-

Ruth: Alfonso, levanta dessa cama, agora. –gritou ao entrar no quarto do filho-

Alfonso: Mãe, pelo amor de Deus, ainda é cedo. –resmungou sonolento-

Ruth: Eu acabei de encontrar com a Dulce, Alfonso. Você sabe o que ela me disse? –apesar de mais calma, o tom de voz continuava o mesmo- Anahí está internada no hospital, meu filho. Ela sofreu um acidente. Você precisa ir vê-la.

O choque com as palavras da mãe foi inevitável. Desde o dia em que Anahí havia saído de sua casa, aos prantos, ele não havia lhe procurado, tampouco soube de noticias suas. Pensava que ela havia embarcado, e que estava longe. E agora, saber do acidente, que ela estava em um hospital o fez sentir culpa. Uma culpa espontânea, que ele nem ao menos queria sentir. E apesar de tudo, ele foi.

Ainda era janeiro, mas alguns dias haviam se passado desde o acidente de Anahí. E apesar do tempo ficar a cada dia mais gelado, para Anahí, tudo continuava a mesma coisa, a mesma escuridão, o mesmo silêncio, e o mesmo frio.

Alfonso: Dulce? –falou entrando na sala de espera- Eu soube hoje sobre a Anahí, o que aconteceu?

Dulce: Na noite que ela ia viajar, ela bateu o carro. –o rosto da garota estava visivelmente abalado, assim como o de Daphne que também estava ali. Durante todos os dias que se passaram, nenhuma delas deixou de ir até o hospital, em busca de uma mudança- E desde então, ela está em coma. –sussurrou, sentindo as lágrimas em sua garganta-

Alfonso: Em coma? –perguntou assustado-

Sim, foi um susto. Alfonso pediu para vê-la, mesmo não sabendo o porquê daquela vontade. Mas tudo o que conseguiu foi vê-la através de uma janela de vidro.

Os olhos azuis tão brilhantes estavam escondidos, o sorriso não existia mais. Imediatamente ele lembrou do olhar dela na ultima vez que a vira. Os olhos encharcados de lágrimas, vermelhos e sofridos.

Ele viu uma Anahí completamente diferente da que conheceu durante os dois anos que passaram juntos. O que ele viu foi uma Anahí imobilizada, com o rosto sério, pálido e sem luz. Os ferimentos aos poucos se cicatrizando, algumas manchas, agora estavam roxas, e aparelhos, muitos aparelhos respirando por ela. 

365 Dias de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora