Capítulo 65

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- Eu sinto muito Alfonso, mas o dono pediu o apartamento. Você tem algumas semanas para deixa-lo. –falou a senhora responsável pelos apartamentos do prédio-

Alfonso tinha acabado de chegar em casa após um dia exaustivo na PATT, e a senhora o esperava na portaria.

Alfonso: Não, não me diga isso por favor. –pediu cansado, respirando fundo-

- Infelizmente eu não posso fazer nada. –falou desgostosa- Mas se aparecer algum apartamento vazio, eu aviso a você. –falou, se despedindo e Alfonso assentiu, subindo as escadas em seguida-

E parece que a maré de azar estava voltando para Alfonso.

Ginnifer: Oh Alfonso, não acredito. –falou triste assim que soube da noticia. Eles estavam na casa dela, Alfonso estava na sala vendo Louisa andar pela sala, carregando bonecas para lá e para cá-

Alfonso: Eu também não consigo acreditar. –disse num suspiro cansado- Ei, para onde você está traficando essas bonecas? –falou olhando para a menina, que riu sapeca correndo com duas bonecas no colo-

Ginnifer: Não acredito que perderei meu vizinho preferido. –lamentou, chegando a sala junto a ele-

-

Os dias seguiram novamente e Alfonso começou sua busca por um apartamento, o que não estava sendo nada fácil. Não era fácil encontrar apartamentos vagos e mobiliados em Nova York, até mesmo no Brooklyn, que era onde ele procurava, onde dava para sua renda. Ele não queria sair do bairro onde morava atualmente, por causa de Louisa, de Ginnifer e Josh, e por ser um dos lugares mais seguros do Brooklyn, mas estava quase impossível.

Anahí seguia normal com a gravidez e a sua vida de CEO de uma das empresas mais agitadas de todo o país. Dulce já havia ido para Seattle, e outro advogado havia sido contratado para substitui-la enquanto isso. 

Houveram duas reuniões naquele dia, e Anahí estava com uma dor de cabeça irritante. Em uma das reuniões ela se alterou com um dos empresários, o que aumentou ainda mais a dor, e a deixou o restante do dia todo irritada.

Anahí: Emma, corte toda e qualquer relação da empresa com aquele homem. –falou irritada, caminhando perto da sua mesa, perto da vidraça. Emma estava a sua frente, anotando tudo- É um machista ridículo.

Emma: Sim senhora. –falou dando-lhe atenção- Mais alguma coisa?

Anahí: Traga um remédio para mim, eu estou morrendo de dor de cabeça. –falou sentando-se-

Emma: Senhora, mas você acabou de tomar um antes da reunião. –lembrou e Anahí assentindo com desgosto-

Anahí: Droga. –bufou- Então é só isso.

Obviamente que Alfonso não conseguiu esconder por muito tempo sobre a gravidez de Anahí para Emma, que recebeu a noticia como um choque. Isso o ajudou para que ele soubesse das informações necessárias e que Emma o ajudasse no que ele não pudesse. Porém, não o livrou das brincadeiras de Emma.

No final do dia, Anahí ainda estava com a maldita dor de cabeça. Já passava do fim do expediente quando ela decidiu ir embora. Ela se direcionou até a garagem, procurando as chaves dentro da bolsa, sentindo a cabeça latejar. E antes mesmo que pudesse chegar até o carro, a vista escureceu por completo, e ela cambaleou. Antes que seu corpo pudesse cair ao chão, ela foi segurada por duas mãos firmes que surgiram logo atrás dela.

Alfonso: Anahí, pelo amor de Deus, o que você tem? –perguntou a segurando, vendo ela de olhos fechados, perdendo os sentidos de vez e desmaiando nos braços dele-

Desesperado, Alfonso a colocou dentro do carro, no banco de trás e assumiu a direção. Ele correu com o carro até a clinica onde foram na ultima vez. Ele estava com as mãos tremulas segurando o volante, olhava pelo retrovisor e ela continuava apagada, com o rosto pálido. 

Quando chegaram, Alfonso a carregou e a levou até a área de urgência da clinica. O médico dela apareceu, começando os procedimentos.

Alfonso: Doutor, o que ela tem? Por que está apagada? –perguntou desesperado-

- Se acalme, eu vou examiná-la para saber por que está assim. –falou colocando Anahí em uma maca e a levando para longe das vistas de Alfonso-

Alfonso, esse que ficou inquieto na sala de espera. Ele não sabia o que fazer. Pensou em ligar para Ginnifer, ou para Emma, mas desistiu quando olhou para o celular. Ele tremia de nervoso, o peito quase saltando para fora.

Horas depois, foi chamado por uma enfermeira e ele a seguiu até o quarto onde Anahí estava ainda apagada, mas logo soube que ela só dormia e estava bem. Anahí dormia conectada em vários aparelhos de batimentos cardíacos. Ele ficou ao lado dela, a olhando até que ela acordou, logo estranhando o lugar.

Anahí: O que, o que você está fazendo aqui? –falou piscando, tentando sentar-

Alfonso: Fique quieta, estamos no hospital. –falou num suspiro- Você desmaiou na garagem. –contou e Anahí franziu a testa lembrando-se-

Eles ficaram em silencio e o médico apareceu, entrando na sala.

- Como você está Anahí? –perguntou se aproximando dela-

Anahí: Bem, eu acho. –falou com a voz rouca- Eu estava com dor de cabeça, por isso desmaiei. –contou- O bebê! –lembrou- Está tudo bem com o bebê? –perguntou assustada. E Alfonso olhou para o médico junto com ela-

- Sim, está tudo bem com o filho de vocês. –disse num suspiro- Porém, não tenho boas noticias. –Anahí refez a testa franzida e Alfonso respirou fundo, esperando- Sua pressão está alta novamente, e isso não é bom. Você disse que estava com dor de cabeça, então provavelmente passou o dia com ela alta, o que causou o desmaio e inclusive a dor de cabeça. Anahí, eu fiz alguns exames e você está com algo que chamamos de pré-eclâmpsia.

Alfonso: E o que significa isso? –perguntou apressado-

- É uma disfunção dos vasos sanguíneos, que reduz o oxigênio e os nutrientes que vão para o bebê. –falou com um suspiro- Seu agravamento pode virar uma eclampsia e nós temos que impedir isso de acontecer. Mas para que isso não aconteça, você entrará em uma dieta rigorosa Anahí. –falou olhando para ela, que estava estática olhando-o- Tomará alguns cuidados, deve evitar se alterar e ter emoções fortes. Vocês moram juntos? –perguntou os encarando-

Anahí: Não. –respondeu, ainda confusa com o que acabara de ouvir-

- Bom, mas você mora com alguém? -insistiu- Não é bom que fique sozinha por muito tempo. Ainda mais durante a noite, alguns dos sintomas podem aparecer, e bom, não será bom você estar sozinha. -os dois ficaram calados, e ele continuou- Eu vou deixar você descansar. Ficará em observação até amanhã, e então eu a libero. –falou com um sorriso, e saiu da sala-

O silencio reinou entre eles outra vez, ambos completamente assustados. Anahí estava quieta, olhando para o teto do quarto, pensativa. Deus, não queria perder aquele bebê, logo agora que se acostumara e aprendera a desejar ele em seus braços.

Alfonso: Eu vou morar com você. –falou, segundos depois quebrando o silêncio-

Anahí: Você o que? –perguntou como se tivesse escutado errado-

Alfonso: Pelo nosso filho, Anahí. -voltou a dizer- Pelo menos até ele nascer. Você não tem ninguém, e eu estou sendo despejado do meu apartamento. –confessou com um suspiro- O que custa aceitar? Eu sou o pai do seu filho, quero e devo ajudar você nisso.

Anahí: Você só pode estar brincando comigo. –falou com um riso irônico-

Bom, ele não estava. Bastava agora esperar para ela constatar isso. 

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