Capítulo 5

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Alfonso: Quem diabos é Anahí? –perguntou, ainda em seu lugar, para Brad, ao seu lado-

Brad: Primeira cadeira, fileira do meio. –respondeu com um sorriso debochado-

Alfonso seguiu os olhos para onde Brad havia dito e pela primeira vez viu Anahí. Estática em sua cadeira, de costas.

Alfonso: Só pode ser brincadeira. –resmungou- Uma nerd? –falou irônico-

Brad: Isso mesmo Alfonso. –disse sorrindo- E eu, terei a difícil tarefa de suportar Angel. –falou se fingindo indignado-

Alfonso: Não seja estúpido. –bufou- Angel nunca iria cair na sua lábia. –e então, sorriu- Ela tem lábia melhor para fazer isso. –completou batendo no ombro do amigo-

-

Dulce: Anahí, você está bem? –perguntou rindo ao lado da amiga-

Anahí: Dulce, eu não posso. Eu não posso fazer trabalho com ele. –ela respondeu em um sussurro-

Dulce: Claro que pode. Ele não vai morder você. –provocou- Por favor Anahí, você espera por isso desde a quinta série.

Anahí não respondeu mais, abaixando a cabeça sobre a mesa de sua cadeira. E então, a professora voltou a falar, iniciando a aula.

E aquela foi a primeira vez em que Anahí não conseguiu se concentrar nas palavras de Mrs. Morris.

Quando a aula acabou, Anahí ainda estava completamente abalada.

Dulce: Pare de ser tão dramática, Anahí. –falou ainda rindo, vendo a amiga arrumar suas coisas dentro da mochila- É melhor ir logo falar com ele, o exercício é para a próxima aula, na sexta. –Anahí permanecia calada- Pelo que conheço você, não duvidaria que fizesse todo o trabalho sozinha e apenas colocasse o nome dele... –e então Anahí a encarou, séria- Você não faria isso, não é? –perguntou assustada- Não faria, não é, Anahí? –insistiu-

Anahí: Não Dulce, não faria. –respondeu em um suspiro-

Dulce: Oh, -se levantou em um rompante, olhando para Anahí- Esqueci que tinha marcado de sair com a minha mãe agora. Tchau Any, depois nos falamos. –ela deu um beijo apressado no rosto de Anahí e saiu correndo-

Anahí: Dulce, eu já... –ela tentou segurá-la, mas quando se virou. Em suas costas, lá estava ele-

Alfonso.

Ela o olhou sentindo seu rosto esquentar. Ele estava parado bem a sua frente, a olhando.

Deus do céu.

Seus olhos pareciam ser ainda mais belos assim, tão de perto.

Alfonso: Oi, sou Alfonso. –se apresentou, ainda sério-

Como se ela não soubesse...

Alfonso: Vamos fazer o exercício juntos. –suspirou-

Silêncio.

Anahí só conseguia o olhar, e ela tinha certeza que estava agindo como uma idiota naquele momento, onde pela primeira vez estava cara a cara com seu amor platônico desde a infância.

Alfonso: Você fala? –perguntou irônico- Era só o que me faltava, minha dupla é muda.

Oh, meu Deus.

Anahí: Desculpe. –pediu, voltando a sua realidade, realidade esta que, Alfonso Herrera estava bem a sua frente, lhe dirigindo a palavra-

Alfonso: Ah, você fala. –respirou aliviado- E então, quando vamos fazer o exercício?

Anahí: Qua-quando você quiser. –respondeu, não conseguindo controlar a gagueira pelo nervosismo-

Alfonso: Hoje eu tenho treino... –disse pensativo- Pode ser depois, às cinco?

Anahí: Claro, pode sim. –suspirou outra vez- Aonde? –conseguiu, pela primeira vez formular uma pergunta com coerência-

Alfonso: Na sua casa, é melhor... Seja lá onde ela seja. –respondeu de imediato- Onde você mora?

Meu Deus, ela estava tendo uma conversa com Alfonso Herrera pela primeira vez.

Foi inevitável não sentir os batimentos de seu coração aumentarem de ritmo.

Anahí: No Nate Village. –responde sem gaguejar- Você sabe onde fica?

Alfonso: Você mora no Nate Village? –responde enrugando as sobrancelhas- Está brincando?

Anahí: Não. –respondeu confusa. O medo a invadindo completamente por ter dito algo errado- Por quê?

Simplesmente porque era o condomínio de casas mais sofisticado de toda Manhattan. -pensou Alfonso-

Alfonso: Não, nada. –falou ainda confuso- Estarei lá às cinco.

Ela assentiu com um sorriso tímido, e ele apenas virou as costas outra vez, saindo.

Anahí sentou-se na cadeira novamente, sentindo as pernas bambas. O coração quase pulava para fora do peito. Para tentar se acalmar, correu as mãos pela mochila atrás de seu protetor labial, o passando incansavelmente pelos lábios, num gesto de nervosismo total.

Indo embora para casa - de metrô – Alfonso repassava em sua mente, o que fizera de tão grave para a humanidade, por ter sido tão castigado assim. A vida nunca lhe fora gentil, sim, é verdade. Mas ultimamente, tudo parecia piorar, se é que era possível.

Começando pelo ano letivo que repetia devido às notas abaixo da média do St. Joseph, tinha que aturar os sermões incansáveis da mãe. Além do fato de não ter uma vida do qual ele mesmo achava que merecia (uma vida de luxo), tinha que conviver com a pobreza que era a sua realidade. Ele suspirou lembrando de Angelina lhe ignorando hoje no colégio depois do bolo que lhe dera no sábado. 

A garota não lhe dera nem mesmo uma olhada durante toda a manhã!

Sabe quando lhe falam que quando as coisas estão ruim, tudo pode piorar? Pois acredite! As coisas pioram... Para completar seu maravilhoso começo de dia, Mrs. Morris lhe juntara com a garota mais esquisita de todo o colégio. Sem contar o estranho jeito abobalhado que ela lhe olhava, tinham aqueles óculos enormes que cobriam quase toda a metade de seu rosto, juntamente com a franja caída quase em cima deles. Os cabelos presos impecavelmente, e as roupas? Como ela conseguia andar com aquele uniforme tão bem passado daquele jeito? E sem contar que, ela devia ser a única a usá-lo da maneira correta, da forma careta e recatada que Irmã Clara exigia.

-

Já era a vigésima sexta vez em que Anahí se olhava no enorme espelho de seu closet. Ela começara a se preparar para receber Alfonso desde às três da tarde, e agora, quinze para as cinco, ela estava pronta.

Não que o resultado a agradasse por completo, porque ela nunca, nunca estaria bonita o suficiente para Alfonso Herrera. Porém, era o melhor que podia fazer naquele dia. A saia quadriculada com tons escuros quase abaixo de seus joelhos, a blusa branca social com mangas três quarto por baixo de seu colete de moletom preto, e o tênis branco.

Quase esquecendo, ela correu até a mochila, pegando o protetor labial sabor melancia que ela usava diariamente devido aos seus lábios sensíveis, e o passou.

É, ela estava pronta.

365 Dias de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora