Capítulo 7

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No dia seguinte, as coisas aconteceram do mesmo jeito de todos os outros. Anahí olhava ansiosa para Alfonso, sentada no banco do jardim do St. Joseph. Ele conversava com Brad, e ela esperava um olhar, apenas um olhar, que a reconhecesse, que a cumprimentasse, mesmo de longe...

Mas não houve nada.

Logo ela estava na sala de aula outra vez. Ela sentiu o perfume dele quando ele passou por sua cadeira. E com um suspiro, ela dedicou sua atenção a aula do dia.

Dulce: Vamos, me diga de uma vez. Eu quero saber tudo, tudo. Todos os detalhes. –perguntou afobada chupando seu picolé-

Já era a hora do intervalo. As duas estavam sentadas na grama em uma parte afastada de todos. Anahí tomava um suco de morango enquanto ouvia as insistências de Dulce, que por ter que ir resolver um assunto na sala dos professores, não pôde encher a amiga de perguntas logo cedo.

Anahí: Não tenho nada o que dizer, Dulce Maria. –respondeu com um suspiro- Não aconteceu nada. Só fizemos o exercício.

Dulce: Como assim nada? Você teve um encontro com o garoto que você é apaixonada desde sempre, e não tem nada de interessante para me dizer?

Anahí: Pelo amor de Deus... –ela soltou um riso- Não foi um encontro! –exasperou- Estávamos estudando. –Dulce revirou os olhos-

Dulce: Ai amiga, não podemos desperdiçar essas oportunidades que a vida nos dá. Você sabe quando ele vai voltar a falar com você, depois que esse trabalho acabar? –questionou, e Anahí sentiu o coração apertar-

Como ficaria sem ouvir sua voz, sentir seu cheiro de tão perto, depois de já ter experimentado e percebido o quão maravilhoso é?

Anahí: Não diga besteiras, Alfonso nunca iria querer algo comigo. -ela bebeu um gole de seu suco, mais para limpar a garganta do que para saborear o mesmo-

Dulce: Bom, se você diz isso. Quem irá dizer o contrário? –respondeu impaciente com a amiga nunca se colocar para cima, era sempre descendo, descendo...- Eu tenho que ir, Mrs. Morris me deu outra dupla.

Anahí: Oh, me conte, o que houve? Você chegou hoje e foi correndo até a sala dos professores.

Dulce: Eu fui até lá para exigir que ela me trocasse de dupla. –contou irritada- Eu fiquei esperando aquele idiota do Diogo até tarde, e ele não apareceu, eu não vou me prejudicar por causa dele.

Anahí: E o que ela disse?

Dulce: Quando eu cheguei lá, fora da sala também tinha uma outra aluna a esperando. A novata, sabe? De Nova Jersey. –ela pensou- Como é mesmo o nome dela...

Anahí: Maite? –lembrou-

Dulce: Isso, Maite. Parece que ela estava com o mesmo problema que eu com a sua dupla. E então, Mrs. Morris, nos juntou. Vamos começar hoje. Eu vou lá agora, combinar tudo com ela.

Ela se levantou, e logo Anahí a seguiu, indo para a sala de aula. Logo a sirene iria soar avisando que o intervalo acabara.

E no final da aula, Anahí ainda arrumava suas coisas quando Dulce saiu dizendo que iria para a casa de Maite correr atrás do tempo perdido. Restava só ela, quando Alfonso se aproximou.

Alfonso: Ei... –a chamou nas suas costas outra vez-

Um minuto para ela ir ao céu e voltar, se recompor, e virar para ele.

Anahí: Oi. –falou com um sorriso tímido, ajeitando os óculos que escorregara por seu nariz na hora em que virou-

Alfonso: Vamos marcar hoje? –perguntou, tendo o silêncio dela como resposta outra vez. Ela se perdera olhando para ele, ainda era incomum olhá-lo de tão de perto- O exercício? Vamos fazer hoje? –continuou, vendo que ela continuava calada-

Anahí: Ah, sim. Claro. –respondeu finalmente- Que horas é bom para você?

Alfonso: O mesmo de ontem. Hoje também tenho treino. –falou ajeitando a mochila sobre o ombro- Tchau.

Anahí acenou, e ele saiu, lhe dando as costas. Ela suspirou, pegando o protetor labial da mochila e passando em seus lábios, ainda tentando acalmar o próprio corpo. Tinha que fazer alguma coisa, não podia continuar agindo como uma idiota na presença dele. Não podia.

-

Às cinco e vinte daquele mesmo dia, Alfonso chegou a casa de Anahí. Agora sem muitas cerimônias, e sem tanto deslumbramento pela beleza que aquela casa tinha, e tudo o que causava nele. Ela o guiou para a sala de estudos, e quando chegaram lá, uma surpresa.

Anahí: Dessa vez resolvi não deixa-lo com fome até tarde. –falou, sentindo sua voz sair tremula pela timidez-

Alfonso olhou sobre a mesa e uma bandeja com diversos tipo de lanches estava ali. Ele realmente estava com muita fome, o treino sempre o desgastava ao máximo.

Alfonso: Nossa, você acaba de subir no meu conceito, garota. –ele falou indo direto para a mesa, deixando uma Anahí completamente vermelha parada ainda ao lado da porta-

Alfonso comeu com os olhos de Anahí lhe observando vez ou outra. Era tão bom tê-lo ali tão perto, tão acessível... Que as vezes Anahí custava a acreditar que não estava sonhando. 

Alfonso: Acho que achei a décima primeira questão. –falou, minutos depois deles terem iniciado as questões-

Anahí: Sério? Me deixe ver... –ela respondeu, indo até ele e sentando-se ao seu lado para olhar o notebook que ele mexia-

E lá estavam eles, próximos outra vez. Anahí lia o que ele havia encontrado em silêncio, e ele esperava ao seu lado quando o cheiro de melancia lhe atingiu outra vez.

Anahí: Mas é claro! Como não pensei nisso antes? –voltou a falar com um sorriso- Está certo Alfonso. A tangente de Alfa, que é a razão tangente Alfa igual a q sobre r entre o cateto oposto e o cateto adjacente a Alfa. –explicou- É tão obvio.

Alfonso: Quanto mais escuto você falar, mais eu me perco, sério. –disse empurrando o notebook a ela, a fazendo rir-

Anahí: É simples, Alfonso. Se você ver bem, não é tão complicado assim.

Alfonso: Não é tão complicado assim? –disse irônico- Você só pode estar brincando. –ele se levantou, indo até o sofá e se jogando nele-

Anahí: Tudo bem, pode descansar um pouco. Fizemos bastante hoje, acho que amanhã já conseguimos finalizar.

E então, ela se tocou. Finalizar aquele exercício, era finalizar as tardes que tinha ao lado dele. Todos aqueles segundos, minutos e horas que era presenteada por estar no mesmo ambiente que Alfonso.

Oh, Deus. 

365 Dias de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora