Capítulo 47

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No dia seguinte, era véspera de Ação de Graças. A PATT inteira estava alvoroçada com o feriado que estava por vir. Mas nada mudava para Alfonso. Ele chegou ao vestiário, trocou de roupa e foi para o saguão, como sempre fazia. Seu dia era o único que não mudava com a chegada do feriado. Ele não tinha que se apressar para entregar documentos, não tinha que correr contra o tempo para fazer alguma coisa, não tinha que atender milhões de telefonemas, responder e-mails, e ele gostava disso. Ele era o único que mantinha a tranquilidade.

O dia estava normal, Anahí chegou, como todos os dias, passando por ele sem lhe olhar, manchando o chão com seu sapato até o elevador. Ele nem se surpreendia mais, pelo contrario, as vezes ele até esperava ela chegar para não ter que voltar e limpar depois.

Já para Anahí, tranquilidade era uma coisa que ela desconhecia. Ela estava extremamente estressada naquele dia. Assim que chegou em sua sala, varias coisas surgiram, a deixando ainda mais irritada. Ela não havia dormido direito naquela noite. Theo havia a convidado para jantar, e ela foi. Eles conversaram o jantar inteiro, ela só confirmou a certeza que já tinha. Theo queria casar, ter filhos e formar uma família de comercial de margarina, e ela não. Ela não queria ter essa vida. E então ficou mais claro que eles nunca dariam certo juntos. Após o jantar, eles se despediram e ela foi para casa, onde teve que passar a metade da noite em claro por causa do sono que não vinha.

E agora ela estava lá, com uma enorme dor de cabeça, e varias coisas para resolver por causa do feriado que seria em uma sexta-feira, e tomaria três dias de funcionamento da empresa.

Dulce: Minha mãe ligou, queria que eu fosse passar o ferido com ela, mas eu já havia combinado com meu pai. –falou num suspiro, sentada em frente a ela em sua sala-

Anahí: E por que ela não vem? –perguntou, sem tirar os olhos do computador-

Dulce: Você sabe que eles não têm uma boa relação, desde que se separaram. –respondeu- Mas prometi passar o natal com ela. Aproveito para tirar uns dias de férias. Volto só depois do ano novo. –falou se animando- Você quer ir comigo? Vamos passar o final do ano em Seattle.

Anahí: Viajar no final do ano? Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. –falou rindo debochada- Você sabe que se eu pudesse nem saía de casa no inverno. Quanto mais viajar, ainda mais para Seattle, que é congelante. –suspirou- Muito obrigada pelo convite, mas não.

Dulce: Você é um saco, sabia? –disse revirando os olhos- Quando vai acabar esse seu trauma do inverno?

Anahí: Nunca. –respondeu jogando alguns papéis sobre a mesa e levando os dedos até as têmporas, massageando-as- Cale a boca, minha cabeça vai explodir. Eu preciso de um remédio.

Dulce: Anahí, você acabou de tomar dois. De uma vez. –lembrou- O que você precisa é descansar. Vá para casa. –sugeriu-

Anahí: Você enlouqueceu? –perguntou com uma careta. Dulce bufou, se levantando-

Dulce: Ok, me avise quando for seu funeral, para que eu coloque na minha agenda. Mas por favor, que não seja no feriado. –pediu, saindo da sala de Anahí-

Depois que Dulce se fora, Anahí realmente não conseguiu fazer mais nada. A cabeça latejava, e as pálpebras começavam a pesar devido a noite mal dormida e devido aos analgésicos que tomou. Não houve outra opção.

Anahí: Emma, eu estou indo embora. –avisou, saindo de sua sala, carregando a bolsa. Emma a olhou de olhos arregalados, era quase meio dia, não estavam nem na metade do dia ainda, justamente naquele dia caótico- Qualquer coisa fale com Dulce, ou resolva você mesma. Pelo menos uma vez na vida. –suspirou, ela não queria ir, mas estava incapaz de ficar ali-

Anahí foi sonolenta até o carro, onde o motorista a esperava. Ela não via a hora de chegar em casa e se entregar a sua cama.

-

Alfonso: Coma devagar, Emma. –pediu, vendo a outra comer desesperada. Já era horário do almoço e os dois estavam no refeitório-

Emma: Eu não posso demorar. –falou com a boca cheia- Eu ainda não acredito que ela foi embora, em um dia como esse... –falava descontrolada- Ela foi embora! –repetiu- Você tem noção de quantas coisas tem para resolver hoje? E ela simplesmente, FOI EMBORA!

Alfonso: Está bem, pare de repetir isso. –falou com um riso- Graças a Deus ela foi embora. –debochou, e Emma quase o fuzilou com os olhos-

Emma: Péssimo dia para você desejar que ela saísse mais cedo, péssimo. –respondeu-

O almoço foi rápido, pelo menos para Emma, que assim que terminou de engolir a comida, se retirou.

No meio da tarde, um documento muito importante surgiu precisando da assinatura de Anahí. Emma estava quase colocando um filho para fora, quando sem ter outra alternativa, pegou o telefone, discando para a sua chefe.

Anahí: Emma, eu não vou voltar. –falou, após a secretaria lhe contar o ocorrido- Eu dispensei o motorista. Mande que algum entregador traga para mim, e eu assino.
Emma: Mas todos...
Anahí: É só fazer o que eu estou dizendo, Emma. –a interrompeu- Estou aguardando.

Emma quase enfartou quando ela desligou o telefone sem deixar que ela explicasse. Ela já havia pensado em mandar o documento por algum entregador. Mas todos estavam na rua, em cartórios e espalhados pela cidade resolvendo coisas para a empresa. Todos estavam ocupados devido ao feriado. Por que ela não deixou que ela explicasse isso?

Emma: Ela vai me matar, ela vai me matar, ela vai me matar, ela vai me matar... –ela rugia entre os dentes, arrumando os papeis jogados em sua mesa- Ela. Vai. Me. Matar.

Alfonso: Sério, você precisa se controlar. –disse rindo, aparecendo em frente a ela, empurrando o carrinho-

Emma: Alfonso, o que você faz aqui? –perguntou chorosa- Bom, aproveite e se despeça de mim, eu morrerei em breve.

Alfonso: Eu já acabei tudo, e vim limpar o andar, adivinhe só... Estarei livre. –sussurrou- E você, qual é o problema?

Emma: Eu preciso que alguém leve esse documento para Sra. Portilla assinar, mas todos os entregadores estão longe. –suspirou- Eu não posso ir, olhe só para a minha mesa... –apontou, para onde havia uma pilha de papéis. Ela se encostou na cadeira, encarando Alfonso, que a retribuía. Ele a olhava confuso quando ela ficou por segundos com os olhos fixados nele- Oh, Alfonso! –disse esperançosa-

Alfonso: O que? –perguntou desentendido-

Emma: Você pode ir levar esses documentos para ela! –falou se erguendo outra vez sobre a cadeira-

Alfonso: Eu, o que? –perguntou surpreso- Não, não mesmo. –respondeu de imediato-

Emma: Sim, você, sim! –rebateu- Por favor, é meu emprego que está em jogo. –implorou- Por favor.

Alfonso: Emma, se você me manda até lá, ai sim que será demitida.

Emma: Não. Você vai, entrega na portaria e o porteiro leva até ela. –explicou, já sorrindo outra vez, separando os documentos- Ela nem vai ver você. E depois você vai embora, olha só que ótimo? –tentou- Depois algum entregador passa lá para buscar. Você só precisa ir, e deixar na portaria dela.

Alfonso: Emma... –suspirou- Eu não acho que é uma boa ideia.

Emma: Não é boa, é ótima. –falou esticando o envelope para ele com os documentos- Por favor.

Alfonso suspirou outra vez, pegando o envelope da mão dela. Que outra alternativa ele tinha? 

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Maratona: 3/5

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