Capítulo 46

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Alfonso: É uma emergência. –explicou com um suspiro- O elevador de serviço estava em uso.

Anahí: Que emergência é essa que você tem que resolver para não poder esperar o seu elevador? –perguntou cruzando os braços. O rosto estava sério, o encarando- Algum chão pedindo socorro? –falou irônica-

Alfonso: Um alagamento no banheiro do penúltimo andar. –respondeu quieto. Enquanto eles falavam o elevador subia. E quando chegou no penúltimo andar, Alfonso agradeceu mentalmente, empurrando o carrinho para fora do elevador. Ele se sentia sufocado por estar com ela no mesmo ambiente- Com licença. –pediu, a deixando sozinha no elevador-

Um andar a mais, e Anahí chegou ao seu também. Ela estava inquieta, até mesmo ofegante. Ela não gostava de sentir o que estava sentindo. Não era nada terno, nem mesmo fazia seu coração aquecer. Era físico. O corpo inteiro reagia ofendido a pequena distancia que houve entre ela e Alfonso.

Ela entrou rapidamente em sua sala, passando sem olhar para a mesa de Emma, que se levantou, tentando avisá-la de algo. Mas Anahí não lhe deu atenção.

Quando Anahí entrou em sua sala. A cadeira em frente a sua mesa estava ocupada. A pessoa estava de costas para ela, mas ela sabia muito bem quem era.

Anahí: Eu não sabia que você estava aqui. –falou, após respirar fundo para limpar a garganta, se aproximando-

Theo: Não tem problema, eu que vim sem avisar. –respondeu, se levantando para cumprimenta-la- Como está? –perguntou após um abraço-

Anahí: Estou bem, e você? –respondeu, indo até sua cadeira, sentando-se-

Theo: Bem também. –respondeu em um suspiro- Tivemos uma pausa nos jogos por causa do feriado de Ação de Graças e tive um tempinho para visitar velhos conhecidos. –ele sorriu, debochando, encarando-a-

Anahí: Velhos conhecidos? –perguntou estreitando as sobrancelhas- Que desconsideração é essa?

Theo: Só estava te testando. –brincou, rindo, fazendo ela rir também-

Anahí: Oh Theo, eu senti mesmo a sua falta. –falou entre o riso-

Anahí gostava de Theo, e gostava principalmente pelo fato de que ele a fazia rir e esquecer tudo o que lhe perturbava. Era bom conversar com ele, era um grande amigo, uma pessoa incrível, e a fazia bem. Era uma pena que os dois tivessem objetivos diferentes para o futuro.

-

Alfonso: E então? A sala vai demorar para ser liberada? –perguntou assim que chegou próximo a mesa de Emma, junto com seu carrinho- Eu estou morto de cansado hoje. –suspirou-

Emma: Acho bom você se sentar. –respondeu digitando no computador- Ela está com uma visita a horas. –falou com um sorriso provocativo-

Alfonso: Quem? –perguntou com um riso cansado-

Emma: Theo. –sussurrou, o olhando rapidamente, mas logo voltando a olhar para a tela do computador-

O sorriso de Alfonso se foi. Ele ficou olhando fixamente para a mesa de Emma, mas não via nada. O olhar estava perdido, a vista embaçada, raciocinando o que acabara de ouvir. Theo estava de volta. Emma havia dito que eles estavam a horas juntos na sala, então, provavelmente haviam se acertado. Ela havia voltado para ele, e logo estaria em seus braços outra vez. Ele se despertou de seus devaneios com o som de risadas vindo da sala dela. A porta havia sido aberta, e os saíram de lá rindo.

Emma: É, ela ri as vezes quando está com Theo, ele é muito brincalhão.

A voz de Emma ecoava na cabeça de Alfonso. Ela estava rindo outra vez. Foram poucas as vezes em que ele a viu rindo, e todas elas fora com Theo. Era um riso verdadeiro, e até a feição dela ficava mais leve. Alfonso lembrou-se que já havia visto ela assim certa vez. Um dia, ela riu assim para ele, era um riso sincero, e ele lembrava agora de como gostava do som do riso dela, quando ela ainda usava o óculos de grau no rosto. Hoje ela ria para outro homem, e ele não entendia porque aquilo o incomodava tanto.

Alfonso os acompanhou com os olhos até os dois entrarem no elevador, vendo os dois rirem até as portas se fecharem. Mas antes de se fecharem completamente, os olhos dela encontraram os dele, e ele abaixou a cabeça imediatamente, querendo esconder seu olhar observador.

Quando Alfonso chegou em casa naquele dia, os pensamentos ainda fervilhavam em sua cabeça. Ele só conseguia pensar que Anahí estava com Theo, e que naquela noite eles estariam juntos. Ele estava sentindo algo que nunca havia sentido na vida. Ele tinha vontade de ir lá, e arrancá-la dos braços dele, mesmo depois de todas as humilhações que ela havia feito ele passar, mesmo depois de lhe ofender com aquele maldito cheque... Ele não queria que ela estivesse com Theo.

Ele se imaginou naquele apartamento, com ela ao seu lado no sofá da sala, os dois debaixo de uma coberta, assim como ficavam anos atrás, no inverno, tomando chocolate quente, porque ele lembrava o quanto ela gostava de chocolate quente e do inverno. Mesmo sabendo que Anahí jamais estaria ali com ele, que jamais pisaria ali na sua casa, e tampouco tomaria chocolate quente em seu sofá. Ele adoraria viver isso, adoraria ter esse presente. Um presente impossível, por causa de um passado irreparável.

Então ele foi ver Louisa, a fim de distanciar todos esses pensamentos ruins. Esquecer todos esses pensamentos relacionados a Anahí, e a tudo isso que estava sentindo.

Alfonso: É aqui que tem uma princesa gorducha? –perguntou assim que a viu sentada em um tapete de borracha cor de rosa no chão da sala de Ginnifer-

Ginnifer: Oh, que bom que você apareceu. Faça seu papel de padrinho e fique aqui com ela um pouco, enquanto eu termino o jantar. –disse apressada correndo de volta para a cozinha- Josh ainda não chegou no trabalho. Eu demorei para sair da floricultura hoje, você sabe como é nesta época do ano. Vai ser assim, até o dia dos namorados. –suspirou-

Alfonso: É claro que eu fico. –sorriu indo se sentar junto com a menina no chão da sala. Louisa vestia um conjunto de calça e blusa de mangas compridas de moletom amarelo, a deixando ainda mais fofa. Ela sorriu vendo Alfonso, esticando o bracinho para ele com um ursinho de rena na mão, oferecendo a ele, que pegou-

Ginnifer: Alfonso, não se esqueça do jantar de Ação de Graças. –falou da cozinha- Se você esquecer eu nunca mais falo com você. Talvez os pais de Josh venham para cá também, ele ainda está tentando os convencer. Se você quiser chamar alguém, pode chamar. Ah, chame Emma. –sugeriu-

Alfonso: Eu não vou esquecer Ginni. –falou de volta, revirando os olhos- Parece que Emma vai viajar para a casa dos pais. –Louisa engatinhou até ele, pegando de volta a rena com uma cara de irritada, por ele não estar lhe dando atenção, e Alfonso riu-

É, ele havia esquecido os pensamentos de antes.

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Maratona: 2/5

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