Capítulo 8

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Alfonso: Então acho que já vou. Já está tarde e eu não avisei minha mãe que viria hoje para cá. –pronunciou ainda jogado sobre o sofá-

Anahí: Se você quiser, pode ligar para Dona Ruth. –ofereceu imediatamente- Para ela não ficar preocupada.

Alfonso: Como você sabe o nome da minha mãe? –perguntou curioso-

Anahí: Oh, -expressou sem jeito- Eu a conheço, falo com ela no colégio. É uma mulher incrível.

Alfonso: Você está me dizendo que fala com a faxineira do colégio onde estuda todos os dias, e que ela é incrível? –ele se levantou, com um riso debochado no rosto-

Anahí: Não há problema nenhum ela ser faxineira. –falou abaixando a cabeça e juntando os livros sobre a mesa- Ela é muito legal.

Alfonso riu baixo balançando a cabeça. Para ele era inacreditável uma garota com tanto dinheiro como Anahí falar com uma simples empregada do colégio, e ainda por cima acha-la legal.

Alfonso: Certo. Então, me empreste o telefone, o meu está sem crédito. –pediu e ela correu até a mesa, pegando o celular e entregando a ele-

Alfonso ligou para a mãe. Anahí juntava todos os livros, nervosa. As mãos e os joelhos tremiam descompensados. Ela não queria criar uma situação constrangedora com Alfonso, nunca.

Alfonso: Pronto. Já está avisada. –disse entregando o telefone de volta a ela, e se jogando no sofá outra vez, sentado, abrindo os braços sobre o encosto do sofá- Você tem uma casa muito legal. –elogiou, Anahí estava bem a sua frente, corada-

Anahí: Se quiser posso mostrá-la a você. –ofereceu com a voz quase inaudível-

Mas Alfonso a ouviu, e imediatamente se levantou, esperando que ela fizesse o que oferecera. Anahí, com os olhos arregalados se recuperou rapidamente ao vê-lo em pé bem a sua frente, e caminhou até a porta da sala de estudos.

Eles passaram pela sala de entrada, e Anahí o levou até a sala de TV, logo a sala de jantar e a cozinha, tudo no andar debaixo, uma vez que no segundo andar só havia os quartos.

Quando ela o levou para a área externa, Alfonso se surpreendeu com a enorme piscina que havia ali.

Alfonso: Não acredito! –ele falou deslumbrado, Anahí apenas ria- É enorme. Por que você nunca fez uma festa aqui? Seus pais não deixam?

Anahí: Não, meus pais... Não se importariam, se fossem vivos. –respondeu, já sem o sorriso-

Alfonso: Oh, desculpe. –pediu- Eu não sabia.

Anahí: Tudo bem. –suspirou-

Alfonso: Você mora sozinha? –perguntou confuso-

Anahí: Não, moro com minha tia Daphne. Depois que meus pais morreram, ela foi a única parente que me restou.

Alfonso: Ah, então sua tia que é rica? –ele caminhou até a beira da piscina, olhando-a mais de perto-

Anahí: Não, meus pais eram. Ela só cuida de mim, e de toda a parte burocrática em relação a herança. –ela respondeu se aproximando dele-

Alfonso: Garota, você tem a vida que eu pedi a Deus. –respondeu com um riso, a fazendo sorrir também-

Ela sorriu, mas não pelo o que ele disse, ela jamais desejaria a sua vida a alguém, muito menos a ele. Não ter os pais vivos e saber que não havia ninguém no mundo a não ser uma tia idosa e deficiente, era triste. Ela sentia falta dos pais todos os dias, e isso nunca mudaria. Ela sorriu, por causa do sorriso dele, que era lindo, e que a fazia fazer o mesmo.

Alfonso: Bom, acho que já vou indo. –a despertou de seus pensamentos-

Anahí: Tudo bem. –respondeu- Se você quiser, posso pedir para que meu motorista te leve. Já está muito tarde, pode ser perigoso.

Perigoso? Ora, ele era homem! Um garoto de dezessete anos, mas ainda sim, um homem. Não era tão perigoso assim. Alfonso tinha o porte físico muito diferente de um garoto de dezessete anos devido ao basquete. Mas mesmo assim, ele nunca desperdiçaria esse conforto de ir embora para a casa de motorista particular.

Quando Alfonso chegou a casa, a mãe já o esperava. Ela correu até o filho, dando-lhe um beijo no rosto e indo até a cozinha esquentar a comida para ele jantar. Alfonso foi para seu quarto, o cubículo que era o seu quarto. A cama de solteiro encostada na parede, pois caso contrário, não teria espaço para que ele abrisse as portas do guarda-roupas. Ele suspirou, indo até o banheiro para tomar um banho quente.

Pelo menos isso. –ele suspirou-

Após o jantar, ele deitou-se para dormir. O sono não vinha, e então ele lembrou-se da enorme casa onde a estranha nerd morava. Como Deus era injusto, ele pensou. Ela tinha tudo, tinha uma casa fantástica, um motorista, dinheiro, e não havia ninguém para lhe importunar. Ele daria tudo para ter aquela vida...

E então, como uma lâmpada se acendendo, uma ideia surgiu.

E se... Tudo o que ela tivesse, acabasse, de alguma forma, sendo seu, um dia? É claro que demoraria, mas ele seria paciente, a espera valeria a pena. A garota que nem ao menos lembrava o nome, não aparentava ser muito comunicativa. Não era possível que tivesse um namorado com todo aquele... Jeito. Ela era uma garota carente, era tímida, não seria nada trabalhoso fazer com que ela se apaixonasse por ele.

Eles namorariam, se casariam, e ele teria tudo o que era dela. Seria o maior sacrifício de sua vida, mas ele seria recompensado. Era o plano perfeito para se livrar de toda aquela pobreza. 

365 Dias de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora